A grife Ralph Lauren está buscando novas maneiras para entregar valor aos seus consumidores, parceiros e investidores em todo o mundo. Em tempos incertos, a marca de luxo aproveita sua herança icônica e sua experiência no mercado de varejo para sair na frente, investindo no digital, sem perder de vista a sustentabilidade.
Essa é a visão de Patrice Louvet, presidente e CEO da Ralph Lauren Corporation, que foi um dos altos executivos que participou do segundo dia da NRF Big Show 2022, o maior evento de varejo do mundo.
Louvet afirma que a crise fez com que as pessoas repensassem suas vidas e seus planos, criando um momento crítico de inovação. Para se destacar no cada vez mais competitivo mercado de luxo, a grife desenvolveu uma estratégia de atuação comercial no metaverso, se juntando a grandes nomes da moda como Dolce & Gabbana, Hermès e Gucci.
“Eu já usei um avatar e ele não estava vestindo uma camiseta polo”, brinca o CEO. “Nós acreditamos na oportunidade que existe em torno desse novo mundo digital e do metaverso. Eu não sei o que vai acontecer, mas existe uma oportunidade aí.”
Para Louvet, existem muitos paralelos entre o metaverso e a visão de Ralph, o criador da marca. “Não enxergamos a Ralph Lauren como uma empresa da indústria fashion, mas sim de sonhos […]. A possibilidade de você ser projetado em qualquer lugar do mundo tem muita afinidade com a nossa filosofia, e é isso que o metaverso traz.”
Apesar de não ter muitas certezas sobre o novo mundo digital, a marca acredita na importância de inovar e experimentar, testando novas estratégias.
“Não tenho o approach certo, mas você tem que tentar. Você pode ir ao Ralph Lauren Café com seus amigos [no metaverso], pode visitar a nossa loja virtualmente. Podemos nos conectar com o consumidor mais novo, criar experiências e mostrar a Ralph Lauren para as pessoas”, diz o CEO.
Em agosto do ano passado, a marca lançou uma experiência no Zepeto, mundo virtual apoiado pela gigante sul-coreana da internet Naver.
“É uma nova forma de receita. Quão grande vai ser? Não sei, mas a Ralph Lauren vendeu mais de 100 mil unidades no Zepeto. As pessoas querem vestir os avatares delas. Nós estamos aprendendo e experimentando.”
Apesar de assumir um pioneirismo, Louvet acredita que a única maneira de continuar crescendo com a inovação é se manter fiel à missão e estratégia da marca. “Não podemos fazer só por fazer”, conclui ele.
Responsabilidade social
De olho no crescimento da relevância da sustentabilidade para o consumidor, o CEO afirma que a crise causada pela pandemia da Covid-19 acelerou o progresso na área.
“A sustentabilidade não pode ser levada em um grupo paralelo, não mais. Tem que estar integrada em tudo que fazemos, como nas operações das lojas e na gestão de resíduos”, afirma Louvet.
Além disso, o CEO salienta que é preciso ter a certeza de que as medidas tomadas estejam gerando impacto. Atualmente o algodão representa 80% de todo o material utilizado pela Ralph Lauren Corporation – uma das principais metas de sustentabilidade da empresa gira em torno da matéria-prima.
“Acabamos de lançar no Australian Open um novo tecido de algodão para roupas de performance que é totalmente natural e respirável”, conta ele.