O seleto grupo dos bilionários acaba de ganhar um novo integrante. A gigante de cosméticos Estée Lauder anunciou ontem (15) que comprou a marca de moda Tom Ford por US$ 2,8 bilhões (R$ 29 bilhões), inserindo seu homônimo fundador na lista dos bilionários. O negócio incluiu US$ 2,3 bilhões (R$ 12,4 bilhões) em dinheiro e dívidas, além de US$ 300 milhões (R$ 1,61 bilhão) que devem ser pagos a partir de julho de 2025.
O acordo avalia a empresa em US$ 2,8 bilhões (R$ 29 bilhões), incluindo US$ 250 milhões (R$ 1,34 bilhão) que a Estée Lauder receberá da Marcolin, marca italiana de óculos que detém a licença da linha da Tom Ford.
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A Forbes estima que Ford, de 61 anos, receberá cerca de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,9 bilhões) em dinheiro com a venda, após a dedução dos impostos estimados.
Ford possuía quase 64% da empresa de acordo com registros de 2013, e ele não parece ter vendido nenhuma de suas ações desde então. Ele também possui duas casas, uma em Holmby Hills, em Los Angeles, e outra no Upper East Side de Nova York, que valem US$ 65 milhões (R$ 350 milhões). Ao todo, o fundador da companhia agora vale cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,4 bilhões).
Ford não é o único que ganhou dinheiro com a venda. A varejista de luxo italiana Zegna detinha 15% da empresa, avaliada em US$ 345 milhões (R$ 1,8 bilhão) antes dos impostos.
O antigo parceiro de negócios da Ford, Domenico De Sole, detinha pouco mais de 11% da empresa, agora avaliada em US$ 259 milhões (R$ 1,39 bilhão) antes dos impostos.
O Grupo Americo Amorim, um conglomerado português fundado pelo bilionário “Rei da cortiça”, que faleceu em 2017, possuía os 10% restantes, agora no valor de US$ 230 milhões (R$ 1,24 bilhão) antes dos impostos.
A Tom Ford lucrou US$ 96 milhões (R$ 516 milhões) e faturou US$ 1,7 bilhão (R$ 9,1 bilhão) em 2021, de acordo com o último relatório anual apresentado pela Zegna, de capital aberto, que manterá uma licença de longo prazo para as roupas e acessórios da marca.
O ano passado marcou uma reviravolta em relação a 2020 e 2019, quando a marca registrou perdas líquidas. A Tom Ford tem 98 lojas em vários países, incluindo China, Itália, Japão, Rússia, Suíça e Emirados Árabes Unidos.
Ford permanecerá como um “visionário criativo” até o fim de 2023, de acordo com o comunicado anunciando o acordo. “Eu não poderia estar mais feliz com essa aquisição, já que a The Estée Lauder Companies é o lar ideal para a marca”, disse Ford no anúncio. “Eles têm sido parceiros extraordinários desde o primeiro dia da criação da empresa e estou emocionado em vê-los se tornarem os administradores de luxo neste próximo capítulo da marca Tom Ford.”
Quem é Tom Ford?
Nascido em Austin, Texas, em 1961, Ford cresceu em Santa Fé, Novo México, antes de se mudar para Nova York para estudar história da arte na NYU.
Ele então se transferiu para a Parsons School of Design, estudando arquitetura nos campus da universidade de Nova York e Paris.
Seu interesse pela moda começou quando ele tirou um ano da faculdade para trabalhar na assessoria de imprensa da casa de moda de luxo francesa Chloé, em Paris. Após a formatura, ele conseguiu um emprego trabalhando para a designer de roupas esportivas Cathy Hardwick.
Ford teve sua primeira grande chance em 1990, quando se mudou para Milão para trabalhar como designer de moda feminina para a Gucci. Ele rapidamente subiu na hierarquia, tornando-se diretor de design em 1992 e diretor criativo da marca em 1994.
Foi na Gucci que conheceu seu atual parceiro de negócios, Domenico De Sole, então CEO da empresa. Em 1995, a dupla ajudou a abrir o capital da Gucci nas bolsas de valores de Amsterdã e Nova York.
Mas a oferta pública colocou a empresa na mira de titãs da moda que farejavam uma oportunidade.
Em janeiro de 1999, Bernard Arnault – o presidente e CEO do conglomerado de luxo LVMH, agora com um patrimônio estimado em US$ 176,1 bilhões – adquiriu uma participação de mais de 5% na Gucci.
Logo depois, Arnault comprou outra participação de 9,5% de Patrizio Bertelli, o bilionário co-CEO da Prada.
Em fevereiro de 1999, a LVMH controlava 26,7% das ações da Gucci. “O cara acabou de se convidar para jantar sem ligar primeiro”, disse De Sole à Forbes na época, referindo-se a Arnault.
Um mês depois, em março de 1999, outro bilionário da moda francesa – François Pinault, fundador do grupo de luxo Kering, agora com um patrimônio estimado em US$ 36,8 bilhões – comprou uma participação de 40% na Gucci por US$ 3 bilhões, ou US$ 5,4 bilhões hoje.
Isso ajudou a Gucci a expandir e adquirir a Yves Saint Laurent em 2000, com Ford elevado ao cargo de diretor criativo de todo o grupo. Mas a batalha entre os dois magnatas franceses pelo controle da Gucci continuou até 2001, quando Pinault comprou metade da participação de Arnault na Gucci por US$ 752 milhões (US$ 1,3 bilhão ajustado pela inflação) e concordou em comprar as ações restantes da marca até 2004.
De 1994 – quando Ford se tornou o diretor criativo da Gucci – até 2003, as vendas da empresa cresceram quase 1.200%, chegando a quase US$ 3 bilhões.
Ford e De Sole supervisionaram as aquisições de marcas de luxo da Gucci, incluindo Balenciaga e Bottega Veneta. Mas Ford deixou a Gucci logo depois que Pinault concluiu sua aquisição em abril de 2004, supostamente devido a divergências sobre o controle da empresa.
Em março de 2005, Ford partiu por conta própria e estabeleceu sua própria marca, com De Sole assumindo o cargo de presidente da nova empresa.
A primeira loja de Ford foi inaugurada em Nova York em 2007, ano em que vendeu uma participação de 25% na marca ao Grupo Amorim por um valor não revelado. Em 2015, a Amorim vendeu 15% para a Zegna, ficando com 10% da Tom Ford.
Ao longo dos anos, Ford também fez investimentos em arte e imóveis: em 2010, ele teria vendido um autorretrato de Andy Warhol por US$ 32,6 milhões. Ele também era dono do Rancho Cerro Pelon no Novo México – que serviu como local de filmagem para filmes como Silverado e Thor – até vendê-lo por um valor não revelado em janeiro de 2021.
Dois meses depois, ele também vendeu uma mansão vitoriana no luxuoso bairro londrino de Chelsea por US$ 17 milhões.
Não está claro o que o futuro reserva para a Ford além de 2023, quando seu papel na Estée Lauder terminará. Não importa o que ele escolha fazer, o bilionário recém-criado estará cheio de dinheiro.
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