A organização financeira é um grande problema para os brasileiros. Por conta dessa dificuldade, mais de 70 milhões de pessoas estão inadimplentes no país, de acordo com dados do Serasa.
Por diversas razões, grande parte da população brasileira não teve acesso à educação de qualidade e muito menos à educação financeira. Porém, nunca é tarde para entender qual é a melhor maneira de organizar as suas finanças e parar de brigar com o dinheiro, de forma que você possa começar a lucrar com ele.
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As notícias são boas. Em 2022, os brasileiros investiram 11,7% a mais do que no ano anterior, segundo dados Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O volume financeiro chegou a R$ 5 trilhões, acima dos R$ 4,5 trilhões registrados em 2021.
Pensando nisso, a Forbes entrou em contato com a economista e planejadora financeira da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro, Fernanda Melo. A especialista deu cinco dicas que qualquer pessoa pode colocar em prática para aprender a lidar com o seu dinheiro e começar a investi-lo. Confira:
1. Se conheça
Segundo Melo, antes de pensar em qual é o melhor investimento ou como guardar o seu dinheiro, é preciso ter autoconhecimento sobre a vida financeira.
“Muitas pessoas tem uma ideia apenas aproximada dos próprios ganhos e gastos. Mas ter uma ideia real de quanto uma pessoa ‘custa para existir’ é fundamental para avaliar o tamanho da reserva de emergência, por exemplo”, diz Melo.
Ela explica ainda que é preciso ter em mente que não são só os gastos com contas de energia, faculdade e gasolina. É preciso uma planilha com todos os custos fixos, sejam essenciais ou não. Isso significa incluir coisas menos essenciais como streamings e a manicure. “Só assim teremos uma proporção real do nosso custo de vida”, afirma.
Uma sugestão da planejadora é seguir a regra 50-30-20. Ou seja, 50% do que você ganha em gastos essenciais; 30% em gastos gerais e 20% reservado para investimentos.
2. Abra uma conta de investimentos
O dinheiro para investir não deve se confundir com o dinheiro para gerir gastos do dia a dia, na opinião da especialista. “Isto pode dar uma impressão de que o dinheiro está sobrando.”
Ela recomenda que todo o dinheiro que for destinado para os seus investimentos seja transferido imediatamente para uma conta específica, podendo ser em uma corretora de valores ou até mesmo nos bancos tradicionais.
“Toda corretora irá te direcionar a conhecer seu Perfil de Investidor através de um questionário rápido, com base nos seus conhecimentos, momento de vida e apetite ao risco. Por isso, não há chances de ficar desconfortável com a alocação dos recursos”, afirma.
3. ANTES é melhor que MAIS
Para ela, o momento em que você começa a investir o seu dinheiro é mais importante do que a quantidade que você investe.
“Muitas pessoas acreditam que, no momento de vida que estão, aqueles 20% não fariam diferença para começar a investir. Entretanto, quando pensamos em juros compostos, o fator tempo é o mais importante”, explica. “Se postergamos o investimento, o esforço de poupar a cada ano acabará sendo cada vez maior.”
Em sua visão, não é nada além de matemática. “Se o valor guardado se multiplica, pense que o tempo é o que dá o efeito exponencial”, diz.
4. Construa uma pirâmide para seus ativos
Para ela, construir um patrimônio consolidado é como construir as pirâmides do Egito.
“Os antigos egípcios construíram pirâmides para guardar os tesouros da família, e essas pirâmides foram projetadas para resistir aos efeitos do tempo. Agora substitua os efeitos da natureza na equação por: eleições políticas, crises e pandemia”, diz.
Em sua visão, é preciso montar um patrimônio que consiga resistir ao teste do tempo e isso não será possível se você colocar todas as suas fichas em um mesmo lugar.
“Os tesouros de sua família precisam do mesmo tipo de cuidado e proteção que as pirâmides ofereciam nos tempos antigos. Por isso, diversifique! Se um investimento sofrer, o outro não pode sofrer junto”, afirma Melo.
5. Cuidado com a ferrugem na sua Ferrari
“De nada adianta ter uma carteira de investimentos com vários ativos arrojados se seus rendimentos são corroídos pela inflação. Eventualmente, seu ganho pode ter sido positivo, mas se não superar o IPCA do período e os custos operacionais, você está perdendo dinheiro”, afirma Melo.
Ela explica que hoje existem muitas opções de investimentos que protegem o investidor do efeito da perda do poder de compra. Então, ao investir, ela indica que todos fiquem atentos ao “ganho real”, ou seja, quanto será seu rendimento com o desconto da inflação.
“Um investimento interessante para os iniciantes é o título do Tesouro Direto que rende IPCA+. Significa que além da inflação, ele te gera um rendimento real”, afirma.