A busca por emprego é uma tarefa desafiadora para todas as pessoas. No entanto, algumas circunstâncias podem tornar a empreitada ainda mais difícil. Após ter percebido essa dificuldade extra entre as pessoas com mais de 50 anos de idade, a advogada trabalhista Lori B. Rassas escreveu o livro “Over the Hill But Not The Cliff” (ainda sem versão em português), que reúne conselhos para quem está nesta situação.
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Leia, na entrevista a seguir, como conseguir um emprego se você tem mais de 50 anos.
FORBES: Por que você chamou o livro de “Over the Hill But Not the Cliff” (“Sobre a Montanha, Mas Não no Penhasco”, em tradução livre)?
Lori B. Rassas: A percepção de alguns empregadores sobre candidatos mais velhos é que eles chegaram a um ponto em suas carreiras em que não querem estresse e estão satisfeitos em arrastar-se até a aposentadoria. Para mudar essa visão, o candidato precisa mostrar que não chegou ao fim, que quer continuar a aprender e crescer. Na entrevista, é importante mostrar que ainda não chegou ao topo da montanha, que a está escalando.
FORBES: Quão sério você acha que é o problema da discriminação para pessoas acima dos 50 anos que buscam um emprego?
Lori: Eu acho que o problema existe e predomina. O candidato deve entender que precisa encará-lo. Muitas vezes, no entanto, eu percebo que as cartas de apresentação destas pessoas não são muito boas ou que elas estão se candidatando para as vagas erradas. Eu acho que a discriminação baseada na idade é um obstáculo para conseguir emprego, mas pode ser superado. Por outro lado, isso parece estar mudando um pouco, com os Millennials trocando de emprego tão rapidamente. Os empregadores querem estabilidade e comprometimentos no longo prazo e percebem que é mais provável conseguir isso com candidatos mais velhos.
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FORBES: Você escreve que as reservas mais comuns ao contratar candidatos mais velhos não têm nada a ver com a idade em si, mas com o que a idade representa. O que você quer dizer?
Lori: Eu me refiro aos estereótipos da discriminação baseada em idade. Coisas como: “Eles não sabem como usar computadores”, “eles irão se aposentar em cinco anos” ou “eles são inflexíveis”.
FORBES: Você recomenda que pessoas acima dos 50 anos que estejam procurando por emprego façam uma lista de empresas que são menos propensas a desqualificá-los por conta da idade? Como colocar isso em prática?
Lori: Pensar em empregadores que têm como alvo consumidores mais velhos. Eles tendem a ser mais receptivos.
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FORBES: Você diz que não faz sentido esconder a idade quando se candidatar para um emprego. Por que?
Lori: Normalmente as pessoas não escondem muito bem, então a tática acaba levantando uma bandeira vermelha. Se o currículo ou o perfil no LinkedIn não mostrarem datas de empregos anteriores, por exemplo, acabam causando desconfiança. Muito frequentemente, candidatos mais velhos têm currículos funcionais destacando suas habilidades, mas não sua experiência. Ou eles têm apenas uma lista dos empregos. Quando eu vejo isso, meu primeiro pensamento é: essa pessoa deve ser velha. Mas também não é necessário incluir o ano da graduação na faculdade. Além disso, é recomendável focar nos últimos 15 ou 20 anos da carreira e citar apenas alguns projetos especiais antes disso.
FORBES: Você também recomenda entrar em contato com o responsável pelas contratações. Por que e como fazer isso?
Lori: Essa é uma das principais técnicas para qualquer um que esteja enfrentando dificuldades em conseguir um emprego. É uma maneira de estar à frente. Se eu divulgar uma vaga de emprego, eu posso receber 200 respostas, mas se 10 pessoas falarem comigo diretamente, eu irei olhar para seus currículos com mais cuidado. Encontrar o responsável pelas contratações não é tão difícil quanto parece. Basta pesquisar no Google ou no LinkedIn.
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FORBES:Como a carta de apresentação e o currículo mostram que o candidato está confortável com a tecnologia?
Lori: Depende do nível do emprego. Para um emprego mais sênior, eu fico desconfiada se o candidato diz que sabe como usar o Microsoft Word ou Excel. Isso é muito básico. Mas se o emprego requer certas habilidades tecnológicas e o candidato as tem, deve destacá-las logo de cara.
FORBES: Você diz que candidatos mais velhos têm mais chances de conseguir entrevistas e de ser contratados em negócios menores. Por quê?
Lori: Há muitas razões. Empresas menores têm menos candidatos, então há menos competição, o que é sempre ótimo. Elas também tendem a ter menos pessoas em seu quadro de funcionários aptas a preencher vagas novas. Empresas maiores normalmente promovem seus próprios funcionários.
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FORBES: Como você sabe quais pequenos negócios estão contratando e quais vagas eles precisam preencher?
Lori: É aí que entra o trabalho duro. É necessário ser proativo em relação a isso. Uma opção é entrar no LinkedIn e buscar por tamanho de empresa. Uma maneira de identificar é colocar como alvo empresas menores que não tenham um recrutador ou dinheiro para postagens de vagas.
FORBES: Você recomenda dizer em uma entrevista que se o empregador tiver qualquer preocupação, o candidato adoraria discuti-la. O que você quer dizer?
Lori: É uma forma de o candidato sair na frente. Eu escuto, frequentemente, os candidatos reclamarem que não recebem feedbacks quando não conseguem um emprego. Perceber qualquer preocupação em uma entrevista e conversar sobre ela pode não ajudar com aquele emprego, mas pode ser útil para empregos futuros.
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FORBES: Qual é o seu conselho para alguém que esteja se candidatando a um emprego que paga menos do que seu trabalho atual ou anterior? Ou alguém que quer um emprego que paga menos do que o que o empregador acha que o candidato aceitaria?
Lori: Antecipar-se. Se o candidato estiver disposto a aceitar uma redução de salário, deve dizer isso. Se estiver mudando de segmento, deve dizer que entende que pode ser necessário começar de um cargo mais baixo.
FORBES: Você recomenda que os candidatos mais velhos sejam mais ativos nas redes sociais. Por quê?
Lori: Um candidato mais velho precisa mostrar que tem habilidades tecnológicas. Empregadores esperam que as pessoas estejam nas redes sociais. Se eles não encontrarem o perfil de um candidato e ele tiver 55 anos, isso alimenta o estereótipo.
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FORBES: E que tipo de coisas devem ou podem ser compartilhadas nas redes sociais para ajudar a conseguir um emprego?
Lori: É importante mostrar que é engajado e que tem conhecimento sobre o campo em que quer trabalhar. Uma boa ideia é escrever e postar artigos no LinkedIn, no Facebook e no Twitter e comentar os artigos dos outros. Se o candidato for a uma conferência, pode compartilhar o que aprendeu nas redes sociais. Encontrar pessoas que trabalham em empresas que ele tem como alvo e segui-las nas redes sociais também é uma estratégia. Se um gerente sênior postar algo, comente. Tudo isso serve para lutar contra o estereótipo de que, se você tem 65 anos, você quer apenas relaxar e descansar com os netos. Essa não é o tipo de pessoa que um CEO quer.