Amaríamos se nossa carreira fosse simples, direta e sem percalços, mas raramente funciona dessa maneira. Também adoraríamos se nossa carreira não se misturasse com nossa vida pessoal, porém, frequentemente, isso acontece.
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Tanto para homens quanto para mulheres, a trajetória profissional, assim como a vida, pode ser confusa e, muitas vezes, cheia de momentos que alimentam insegurança, medo e incerteza, mais vezes do que estamos dispostos a admitir.
É tão mais fácil compartilhar as partes boas de nossa história, os momentos de glória e celebração, as promoções, os aumentos e as mudanças ousadas de carreira. É muito mais difícil revelar que a jornada não foi fácil e que o sucesso carrega fardos e sacrifícios.
No entanto, essa é a parte da história que todos precisamos ouvir.
Veja, na galeria de fotos abaixo, sete mulheres fenomenais e corajosas que compartilham os momentos mais difíceis de suas carreiras. As respostas foram editadas e condensadas para maior clareza.
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Ukonwa Ojo, vice-presidente sênior da marca de cosméticos CoverGirl
“Eu tinha acabado de ser promovida à minha primeira oportunidade como gerente júnior e estava muito animada! Quando comecei, era responsável por ouvir nossos clientes internos. Descobri rapidamente que tínhamos muito a melhorar e que, se não resolvêssemos as falhas em pouco tempo, teríamos problemas.
Como parte do meu DNA nigeriano, sou uma pessoa direta. O que tornou bastante desconfortável para mim, como gerente-júnior, expressar meu ponto de vista e conseguir com que a equipe realmente assimilasse a mensagem. Por isso, eu me esforcei para ser entendida e aceita naquele grupo.
Acho que meu gerente não sabia como processar o que ocorria ou me auxiliar a gerenciar essas dinâmicas. Em vez disso, ele me disse que “a equipe tinha o seu próprio estilo” e que um coach seria contratado para me ajudar. Como gerente-júnior, concordei. Mas me encontrei com a coach e a primeira coisa que ela disse foi: “Você é linda e isso pode ser um problema ”.
Conversamos por mais uma hora, e ela disse: “Você não notou, mas eu filmei nossa conversa. Agora, vamos reproduzir o vídeo e analisar todas as coisas que fazem a sua forma de trabalhar difícil para as pessoas lidarem”.
A cada instante, ela dizia coisas como: “Percebe quando você sorri assim, quando parece dessa forma, quando coloca suas sobrancelhas desse jeito…” Foi extremamente humilhante. O que ela basicamente dizia era que o meu jeito de ser não era suficiente para eu ter sucesso no que fazia.
Tive, então, de decidir se iria mudar tudo sobre mim para ter sucesso na empresa, ou se tomaria o controle da situação e procuraria um lugar diferente para trabalhar. Percebi que não conseguiria entregar os resultados que eles queriam se eu não pudesse ser quem sou, porque é inevitável, essas coisas estão intrinsecamente conectadas.
Foi uma das decisões mais difíceis que já tomei, mas, naquele momento, escolhi que iria lutar por mim, pela forma como fui criada. Linda ou não. Direta ou não, com um sorriso do jeito que fui naturalmente ensinada a sorrir. Com as sobrancelhas arqueadas do jeito que elas são.
Não muito tempo depois, renunciei à empresa. Mudei para uma companhia diferente, com uma cultura na qual me adaptei melhor.
Com medo, eu poderia ter ficado na primeira empresa e permitido que eles me reduzissem a um denominador comum… e quem sabe o que poderia ter acontecido com a minha carreira? Eu precisava encontrar um lugar e uma cultura onde eu pudesse trabalhar confiante para que minhas habilidades pudessem fluir naturalmente.”
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Janaye M. Ingram, diretora de parcerias nacionais da Airbnb e secretária da Marcha Histórica das Mulheres
“Em 2013, fui nomeada diretora-executiva nacional da ONG National Action Network. Sabia que, se aceitasse o cargo, seria exigido muito mais de mim e descobri, rapidamente, que estava certa: aprendi muito e desenvolvi novas habilidades.
Mas o que não percebi foi quantos sacrifícios seria obrigada a fazer. Ao tomar a posição, perdi eventos familiares e marcos importantes como a comemoração do 80º aniversário da minha avó. Eu tinha até férias planejadas e pagas, mas não conseguia tirar.
O desejo de me destacar no cargo fez com que eu priorizasse constantemente o trabalho. Dizia a mim mesma que isso era necessário para conseguir causar algum impacto. Mas sabia que o ritmo com que trabalhava era insustentável. Meu problema era não saber como parar.
Vivi meus dias em constante conflito sobre sair ou ficar. Pedi conselho aos meus amigos íntimos; minha família dizia estar preocupadas comigo. Ganhei peso e hábitos alimentares pouco saudáveis devido ao estresse. Mas as recompensas do trabalho me faziam sentir que valia a pena.
Em 2015, enquanto trabalhava em um projeto empolgante, ainda que exaustivo, tomei a decisão de sair. Sabia que precisava mudar minha trajetória. Sempre existiria algo novo para conquistar ou alguma nova tarefa para cumprir. Mas nem sempre haveria oportunidade de reviver os momentos que perdi. Eu tinha vida e precisava me concentrar no que realmente tinha importância.
Mesmo com essa percepção, levei várias semanas para dizer ao meu chefe que havia decidido sair. Quando saí, não tinha outra oportunidade em vista. Não tinha planejado outra coisa além de me dar um tempo e viajar. Só sabia que queria repensar minhas prioridades com tranquilidade.
Enquanto me preparava para a reação do meu chefe, o que eu não esperava era a reação de alguns dos meus parceiros e colegas. Washington é uma cidade obcecada por status e cargos, e desistir de tudo, sem a segurança de algo em vista, era questionável para muitas pessoas.
Para piorar a situação, decidi voltar para a casa de meus pais durante esse período. Para mim, fazia sentido não pagar por um apartamento que eu não precisava ou não usava. Para outros, parecia que havia tomado uma decisão ruim.
Durante nove meses, viajei para fora do país, passei um tempo com a família e amigos e me concentrei no que desejava da minha vida. Após esse período, renasci como alguém que se dedica à família, amigos e às coisas mais importantes da vida. Ainda quero me destacar e ter sucesso e, às vezes, até me vejo a reviver velhos hábitos, mas agora tenho mais ferramentas para me ajudar a me ajustar.”
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Dhanusha Sivajee, diretora de marketing da empresa de mídia XO Group Inc.
“No início da minha carreira, assumi um cargo em uma agência de marketing de startups. Muitos de meus colegas de trabalho e clientes eram muito obstinados e de opinião forte. Mas em vez de me envolver em um debate produtivo com eles para chegar a uma resposta, eu me percebi na tentativa de evitar conflitos e seguir ideias e estratégias sugeridas por eles, mesmo com a consciência de que havia outras opções que deveríamos considerar e outros caminhos que deveríamos seguir para alcançar nossos objetivos e gerar resultados.
Meu mantra sempre foi ‘confiante por dentro, humilde por fora’, mas diante das fortes personalidades envolvidas nessa agência, e de eu ainda ser a novata que deu um grande passo na carreira, descobri que, por um momento, perdi minha autoconfiança. Em vez de acreditar nos meus instintos e embasá-los com os dados e fatos que tinha, eu estava sempre à procura de mais informações para formular o argumento perfeito antes de falar.
Ao olhar para trás, percebo que sofria uma espécie de “síndrome do impostor” e esqueci por um momento que tinha conquistado meu lugar à mesa, assim como todos os outros, e que estava nesse novo posto porque eu era boa no que fazia e as pessoas queriam saber o que eu pensava.
Felizmente, tinha grandes colegas, mentores e amigos que me lembraram quem eu era e consegui recuperar a confiança interior, traçar uma nova direção e gerar os resultados de que era capaz. Essa experiência e outras semelhantes me lembram de que não devemos deixar o sucesso subir à cabeça, assim como nunca devemos deixar que as falhas dominem nossos corações e nossa confiança.”
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Emmelie De La Cruz, estrategista de marketing digital e empreendedora
“Fui de um salário razoavelmente bom para uma renda de apenas US$ 40.000 por ano, sem benefícios. As pessoas sempre dizem para “colocar o pé na porta”, então, resolvi ouvir esse conselho e me preparei para o fracasso. Na época, morava em Nova York e, para poder bancar o custo de vida da cidade, trabalhei em dois outros empregos. Fiquei esgotada.
No meio desse sentimento de esgotamento, voltei para minha zona de conforto, que era meu ex-namorado. Namorávamos desde os meus 17 anos, e não era o relacionamento mais saudável. Como disse, eu não recebia benefício nenhum no trabalho e me convenci de que não poderia pagar por métodos contraceptivos. Resultado: engravidei. Fiquei em choque e com medo, mas, quando descobri que teria gêmeos, tomei a notícia como uma bênção dupla. Dei a notícia ao meu chefe, aos amigos e à família. Todos sabiam que eu estava grávida.
Enquanto me preparava para ser mãe, pedia um plano de saúde ao meu chefe e tentava ajeitar minha vida profissional, meu namorado listava 675 razões pelas quais ter filhos não iria funcionar. Acordei um dia e percebi que, com base em minha situação financeira e em minha relação doentia, não poderia trazer duas crianças para este mundo, não para um relacionamento abusivo, não para a pobreza, não para qualquer lugar. Decidi fazer um aborto e me lembro de pedir ajuda a um amigo para marcar um atendimento para mim.
Foi uma tragédia, porque eu estava com 15 semanas de gravidez. Não foi apenas uma luta emocional, mas também física. Precisei sentar, olhar para a minha situação e perceber que eu não tinha plano de saúde, ganhava apenas 40 mil dólares por ano, trabalhava em dois empregos e não tinha apoio do meu parceiro.
Se eu estivesse em uma situação emocional, profissional e financeira diferente, teria levado as coisas de outra forma. Depois de tomar essa difícil decisão, deixei meu emprego e, eventualmente, a cidade de Nova York, porque estava envergonhada e dilacerada por dentro. Acordei para a realidade e para as decisões ruins da minha vida, e foi o que eu precisava para finalmente romper com o relacionamento abusivo no qual estive presa por tanto tempo.
Ainda hoje carrego a culpa e a vergonha dessa decisão. Foi um processo doloroso, mas é o que me alimenta todos os dias para fazer melhor, ser melhor e nunca mais estar naquele lugar novamente.
Hoje, trabalho muito pra nunca mais precisar que o dinheiro tome decisões por mim. Não quero que minha carreira ou finanças digam como devo viver minha vida. Não quero ter de fugir dos meus problemas, mas sim ser capaz de enfrentá-los. Minha vida desmoronou, mas, como consequência, uma série de eventos me levaram a empreender e ter sucesso. Uma nova trajetória com um noivo que me apoiava, em uma cidade nova e bonita. Uma nova mulher. Não acredito que nada tenha acontecido por acaso. Embora seja a coisa mais difícil pela qual passei, isso mudou minha vida.”
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Kimberly Wilson, vice-presidente de marketing de afiliados da Disney e da ESPN Media Networks
“Trabalhava para a Walt Disney há 8 anos quando fui promovida a vice-presidente. A posição exigia que eu me mudasse de Los Angeles para Bristol, em Connecticut.
Foi nessa época que meu pai adoeceu. Nós costumávamos brincar que meu pai tinha nove vidas. Ele ficava doente e então, de repente, já não estava mais.
Mas nessa época em que me mudei para Connecticut, sua saúde começou a declinar. Para mim, a razão de eu chegar à vice-presidência vai muito além da minha carreira. Acredito que Deus me colocou neste espaço para que eu pudesse ficar mais próxima da minha família em Chicago, para estar mais perto caso algo acontecesse.
Fui muito abençoada por ter líderes que valorizam a família. Eles me apoiaram totalmente a trabalhar de Chicago e a tirar férias para estar com minha família.
Meu pai sofria de insuficiência cardíaca e câncer de bexiga. Após dois anos da minha mudança para Connecticut, ele estava ainda mais fraco e mais magro. Eu estava sempre em Chicago e constantemente preocupada com ele. Lembro-me de ter perguntado à minha mãe se deveria desistir e me mudar para casa. E ela me disse: ‘Por quê? Pra vê-lo morrer? Você tem de definir sua vida para quando formos embora, precisa ter uma vida depois disso’.
Em 2014, minha carreira ia bem e minha vida pessoal, por conta do meu pai, desmoronava. Foi uma perspectiva interessante perceber que partes da sua vida podem ser realmente incríveis e outras, como se fossem as piores possíveis.
Cheguei à casa dos meus pais em agosto de 2014 e estava preparada para ficar lá por um tempo. Na época, tinha de fazer relatórios diretos, estávamos às vésperas de um grande lançamento no trabalho e muitas outras coisas aconteciam. Mas conversei com meu chefe sobre o assunto, e ele me apoiou.
Entrei em casa e perguntei ao meu pai como ele estava. ‘Já estive melhor’, ele respondeu. Perguntei quanto tempo ele gostaria que eu ficasse. ‘Para sempre’, ele disse. Eu estava de coração partido, meu pai não costumava dizer essas coisas. Estive ao lado dele até o último minuto e, para ele, foi como se fosse para sempre. Após sua morte, fiquei em casa por semanas para ajeitar tudo e dar suporte à minha mãe.
Então, voltei a trabalhar e encontrei pessoas que não sabiam o que dizer ou como se aproximar de mim. Também, havia outros que tentavam me proteger, ao me poupar de envolvimentos profissionais tanto quanto eu quisesse.
No entanto, ao mesmo tempo, eu dizia: ‘Olha, estou de volta. Estou aqui. Vamos começar a trabalhar’. Isso foi difícil porque você se torna o consolador, quando é você quem precisa ser consolado. Mas eu entendo que é difícil para todos.
O que eu tiro dessa experiência é que, quando algo assim acontece, sua vida e sua perspectiva mudam. Eu mudei no trabalho. Eu não era mais a mesma pessoa. Havia coisas triviais com as quais eu me importava, mas que agora já não faziam mais sentido. Minhas prioridades mudaram. A forma como eu lidei com as pessoas mudou.
Mas o que me levou ao outro lado foi meu pai. Ele tinha orgulho de mim, da minha irmã e do que tínhamos conquistado. Então, comecei a pensar sobre as coisas que ele teve a oportunidade de viver e tentei me modelar a partir disso. Eu o carrego comigo todos os dias. Meu caminho mudou por conta dessa experiência.”
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Whitney-Gayle Benta, chefe de relações de talentos no Spotify
“Eu tinha estado no topo do mercado da música e de talentos, e trabalhar no Facebook era novo para mim. Tive de aprender coisas com as quais não estava familiarizada.
Quando trabalhei na MTV, na Def Jam e na Revolt, a música era a essência da empresa. Mas, quando comecei a trabalhar para o Facebook, estava em um lugar onde a tecnologia e a propaganda eram o foco, e a música era mais um elemento apenas.
Durante os primeiros seis meses no Facebook, tudo era novo, eu me sobrecarreguei e me esforcei para estudar e ter a certeza de que estava no mesmo nível de competição dos outros. Eu lutei com o sentimento de que descobriria a qualquer momento que eu não sabia como fazer tudo aquilo.
Eu me sentia incapaz, mas ao mesmo tempo sabia que tinha trabalhado duro e que tinha capacidade. Gosto de pensar nisso como uma autocrítica exagerada e maléfica que todos temos dentro de nós e que nos diz que não somos bons o suficiente.
Cheguei ao ponto de embarcar em um vôo para ver minha mentora e chorar em sua casa por três dias. Tivemos uma conversa dura e amorosa. Ela recarregou minhas energias, me lembrou de que eu havia conquistado outras coisas no passado, que também eram difíceis, e de que eu era capaz de fazer isso também.
Esse momento com minha mentora me deu várias ideias sobre como obter o apoio que precisava. Decidi agir imediatamente após a conversa com ela. Eu me senti renovada e determinada, o que me permitiu ter mais sucesso em minha carreira. Na verdade, acabei por receber uma promoção meses depois. Então, para mim, ter um mentor é super importante porque precisamos de alguém que possa nos mostrar a realidade e nos dar suporte quando necessário.
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Tia White, diretora-executiva de tecnologia da Large Financial Institution
“Eu ocupava um novo cargo em uma empresa, onde era a única mulher negra da equipe. Na ocasião, liderava uma função relacionada à engenharia na qual precisava desenvolver algumas mudanças relacionadas ao design e suporte de um sistema. Para isso, formulei uma proposta e um planejamento, mas em todos os cantos que eu chegava, ouvia que todos estavam muito ocupados, que não havia dinheiro.
Não consegui fazer valer minha proposta para com o time de engenharia da empresa até conseguir um aliado homem e branco, que pudesse ser a minha voz. Mesmo que nossas habilidades fossem de mesmo nível, ter seu apoio fez os outros homens me ouvirem, apoiarem e trabalharem comigo.
Tive então de me aliar a uma executiva branca, que me ajudou a priorizar e obter o financiamento necessário para o projeto, certificou-se de que eu tinha todos os recursos e conseguiu que os líderes seniores apoiassem minha proposta.
O projeto foi implementado, mas foi preciso encontrar aliados de cor de pele ou gênero diferentes. Foi uma batalha difícil. A proposta demorou três meses para ser implementada, mas passei quatro meses antes disso na tentativa de chamar a atenção das pessoas certas para progredir. Passei mais tempo na busca por pessoas que ajudassem a conseguir aprovação do que realmente era necessário, gastei um tempo que poderia ter sido usado em outra coisa para o negócio.
A empresa me contratou por minhas diferenças, meus pensamentos, meu histórico e minha capacidade de liderar durante um período difícil. Após implementar o projeto e provar a mim mesma que eu era capaz, concluí que, se eles realmente apreciassem meu trabalho, teriam de me aceitar da forma que sou.
Comecei a colocar toda minha personalidade no ambiente de trabalho, e eu realmente era mais eficaz e produtiva porque as pessoas não me julgavam mais e alguns dos preconceitos inconscientes foram jogados morro abaixo diante da minha capacidade de entrega.
Foi difícil conseguir me ajustar e trazer meu eu autêntico para o trabalho. O sentimento era que eu vinha trabalhar sem roupa todos os dias. Eu tive de ser persistente e levou cerca de 15 a 30 dias até que eu me sentisse confortável.
Aprendi a ter voz ativa, mas também a ter em mente os costumes ao meu redor, para que ela pudesse ser apreciada e aceita. Isso me permitiu ficar mais confortável. Eu já não estava mais sentada nua naquela sala, como uma estranha, eu agora fazia parte do grupo. Mas tive de encontrar o equilíbrio entre ser eu mesma e trabalhar de uma maneira que pudesse ser valorizada.”
Ukonwa Ojo, vice-presidente sênior da marca de cosméticos CoverGirl
“Eu tinha acabado de ser promovida à minha primeira oportunidade como gerente júnior e estava muito animada! Quando comecei, era responsável por ouvir nossos clientes internos. Descobri rapidamente que tínhamos muito a melhorar e que, se não resolvêssemos as falhas em pouco tempo, teríamos problemas.
Como parte do meu DNA nigeriano, sou uma pessoa direta. O que tornou bastante desconfortável para mim, como gerente-júnior, expressar meu ponto de vista e conseguir com que a equipe realmente assimilasse a mensagem. Por isso, eu me esforcei para ser entendida e aceita naquele grupo.
Acho que meu gerente não sabia como processar o que ocorria ou me auxiliar a gerenciar essas dinâmicas. Em vez disso, ele me disse que “a equipe tinha o seu próprio estilo” e que um coach seria contratado para me ajudar. Como gerente-júnior, concordei. Mas me encontrei com a coach e a primeira coisa que ela disse foi: “Você é linda e isso pode ser um problema ”.
Conversamos por mais uma hora, e ela disse: “Você não notou, mas eu filmei nossa conversa. Agora, vamos reproduzir o vídeo e analisar todas as coisas que fazem a sua forma de trabalhar difícil para as pessoas lidarem”.
A cada instante, ela dizia coisas como: “Percebe quando você sorri assim, quando parece dessa forma, quando coloca suas sobrancelhas desse jeito…” Foi extremamente humilhante. O que ela basicamente dizia era que o meu jeito de ser não era suficiente para eu ter sucesso no que fazia.
Tive, então, de decidir se iria mudar tudo sobre mim para ter sucesso na empresa, ou se tomaria o controle da situação e procuraria um lugar diferente para trabalhar. Percebi que não conseguiria entregar os resultados que eles queriam se eu não pudesse ser quem sou, porque é inevitável, essas coisas estão intrinsecamente conectadas.
Foi uma das decisões mais difíceis que já tomei, mas, naquele momento, escolhi que iria lutar por mim, pela forma como fui criada. Linda ou não. Direta ou não, com um sorriso do jeito que fui naturalmente ensinada a sorrir. Com as sobrancelhas arqueadas do jeito que elas são.
Não muito tempo depois, renunciei à empresa. Mudei para uma companhia diferente, com uma cultura na qual me adaptei melhor.
Com medo, eu poderia ter ficado na primeira empresa e permitido que eles me reduzissem a um denominador comum… e quem sabe o que poderia ter acontecido com a minha carreira? Eu precisava encontrar um lugar e uma cultura onde eu pudesse trabalhar confiante para que minhas habilidades pudessem fluir naturalmente.”