Resumo:
- Psicopatas são pessoas que têm pouca ou nenhuma empatia pelos outros, apesar de saberem a diferença entre certo e errado;
- Indivíduos com características psicopáticas recebem recompensas de dopamina até quatro vezes maiores do que as demais pessoas;
- No trabalho, funcionários com essa patologia podem assediar outros que estejam passando por momentos delicados de vida;
- Quando uma pessoa com este tipo de distúrbio está em um cargo de supervisão pode facilitar que outros psicopatas se destaquem.
O que realmente faz de alguém um psicopata? Os psicopatas sabem a diferença entre o certo e o errado, mas têm pouca ou nenhuma empatia, culpa ou lealdade aos outros. Eles também podem parecer superficialmente encantadores, mas tendem a visar vulnerabilidades nas pessoas. Isso significa que podem assediar alguém no escritório que está em um momento difícil de vida.
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Indivíduos com este distúrbio recebem recompensas de dopamina, neurotransmissor do prazer, quando conseguem poder e controle. Algo semelhante ao que acontece quando cumprimos uma tarefa. No entanto, a dose de dopamina recebida pelo psicopata é até quatro vezes maior do que a de pessoas sem psicopatologia, como visto em exames cerebrais. Para o psicopata, alto risco é igual a alta recompensa.
Embora psicopatia não seja um diagnóstico no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da APA, 5ª edição, ela se apresenta como uma série de comportamentos que são considerados perigosos e criminosos pela sociedade. As características da psicopatologia não incluem apenas a falta de empatia ou culpa e o charme superficial.
O livro “The Hare Psychopathy Checklist” (“Checklist de Psicopatia”, em tradução livre), 2ª edição, fala sobre os seguintes traços adicionais: estilo de vida parasitário, delinquência juvenil, muitas relações conjugais de curto prazo, irresponsabilidade, impulsividade, mentira patológica, necessidade de estimulação, comportamento manipulador, promiscuidade sexual, não assumir responsabilidade por ações próprias, estimativa exagerada de valor próprio, controles comportamentais deficientes e resposta emocional superficial.
Respostas emocionais superficiais, às vezes, são chamadas de “empatia cognitiva”. Pode parecer que o psicopata está compartilhando palavras de empatia ou mesmo gestos mostrando que se importam, mas não há emoção ou conexão humana por trás dos comportamentos. É uma reação puramente cognitiva projetada para atender às expectativas da sociedade, em vez de uma resposta emocional.
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Muitos caem no feitiço de um psicopata, simplesmente pelo fato de que o psicopata sabe como “agir normalmente”, apesar de revelar lentamente sua verdadeira natureza. Durante entrevistas de emprego, há relatos de pessoas que, ao conversar um candidato em potencial, sentiram uma sensação ruim, sem conseguir, porém, identificar os comportamentos exatos que levaram a essa reação. Somente quando o psicopata recebe um “não” no local de trabalho, principalmente quando os limites são impostos, é que sua verdadeira natureza é exposta.
Alguns estudos constatam que os psicopatas têm uma vantagem inerente na conquista de cargos gerenciais de alto nível, embora seja mais difícil para eles se destacarem nessas posições do que os não-psicopatas. Isso se deve, em parte, ao fato de que o comportamento manipulador ou maldoso tornam o jogador menos parte de uma equipe e cria uma influência dura, em vez de mais suave.
Mas por que você precisa ser particularmente cuidadoso quando os psicopatas são supervisores? A resposta: eles destacam a psicopatologia em outros psicopatas. Quando um profissional possui muitas característica psicopáticas, ele atinge níveis mais altos de bem-estar e menos raiva sob supervisão abusiva do que seus colegas não-psicopatas. Isso significa que os supervisores psicopatas podem capacitar funcionários psicopatas, o que resulta em preço alto a ser pago por outros funcionários, empresa e seus acionistas. Também aumenta a incidência de crimes de colarinho branco na empresa.
Não está claro se o empregado psicopata se identifica com o supervisor psicopata e isso encoraja seu comportamento. Se ele acredita que está certo e todos os demais estão abaixo dele, não seria lógico pensar que o psicopata se identificaria com outro psicopata. No entanto, os que manifestam psicopatia aceitam melhor outros psicopatas do que a população em geral. Portanto, enquanto outros profissionais solicitam transferências ou deixam o emprego, os funcionários psicopatas conseguem entender, pelo menos em algum nível, a supervisão abusiva de um empregador psicopata.
É de extrema importância que as empresas estejam bem informadas sobre o comportamento psicopático, para que possam reconhecer características durante o primeiro contato com um possível funcionário ou em uma entrevista inicial. Identificar possíveis psicopatologias pode ser decisivo no sucesso ou fracasso de uma empresa e seus funcionários.
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