Já que auxílio no transporte e na alimentação viraram commodities, companhias têm usado a criatividade para atrair os melhores profissionais com benefícios criativos, incluindo horários flexíveis, crédito para equipar o home office, dias extras de descanso ou sessões de terapia online. Esse é um dos motivos que levou o Brasil à liderança mundial desse mercado, que movimenta R$ 150 bilhões por ano. Nesse mês, ele cresce um pouco mais. Aporta por aqui a startup francesa Swile, que acaba de adquirir a HRtech Vee Benefícios, depois de receber aporte de US$ 200 milhões, vindos principalmente do SoftBank Latin America Fund, o que alça à Swile ao posto de unicórnio (startups com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão). Nessa entrevista, seu CEO e fundador, o francês Loïc Soubeyrand, fala do desejo de mudar o que chama de employee experience (experiência do colaborador) com benefícios inovadores. Mas confessa que, no fundo, para ele o bom e velho tíquete-refeição ainda está no topo da lista. “Sou francês! Comer bem é importantíssimo em nossa cultura.”
Forbes: Profissionais e empresas estão revendo benefícios neste momento de tantas mudanças. O que os colaboradores podem esperar de novo?
Loïc Soubeyrand: Existe um movimento incrível no momento: as empresas historicamente tradicionais, que só ofereciam o básico como transporte e refeição, estão passando a ter benefícios flexíveis. E isso é bom para todo mundo porque o colaborador pode escolher o que é mais importante para ele. Sem dúvida é um fator de engajamento para os talentos de uma companhia. É importante dizer que refeição e alimentação não vão embora, no entanto. Pelo menos não agora. Mas algumas opções começam a ser muito pedidas, entre eles o flex office, um orçamento para alugar uma sala de trabalho em um co-working ou para organizar e comprar móveis para seu escritório em casa. Os benefícios ligados à saúde, incluindo saúde mental, também serão muito importantes, principalmente por conta da pandemia.
F: Qual é a posição do Brasil nos mercados em que a Swile vai fazer parte?
LS: O Brasil é o primeiro país no mercado de benefícios no mundo, então nada mais natural do que ser também o primeiro mercado da Swile. No últimos meses, estive mais de seis vezes no Brasil. Para mim para todo o time de executivos, a estratégia da Swile no momento é Brasil first.
F: A empresa pretende sair de 500 para 1000 funcionários até o fim de 2022. Quantos destes estarão no Brasil?
LS: Hoje existem 120 pessoas na operação brasileira e queremos terminar o ano que vem com 370 pessoas. Devem ser abertas vagas na força de vendas, operações e marketing, mas também desenvolvedores para criar produtos adequados ao mercado. Queremos ficar mais próximos dos profissionais locais e entender melhor o que eles precisam.
F: A operação brasileira será tocada por um executivo local?
LS: Eu continuo com cargo de CEO, mas neste momento estamos contratando um general manager e um vice-presidente de finanças para tocar a filial no Brasil. Os fundadores da Vee ainda vão fazer parte da operação por um tempo. Depois que chegar o novo gerente-geral, eles ainda continuam, mas com um outro espaço no negócio.
F: Se você fosse funcionário de uma empresa, qual seria o benefício perfeito para você?
LS: Eu já uso todos os benefícios que a gente desenvolveu, pois quando a gente desenvolve um benefício, a gente traz para a Swile. Eu amo todos, mas como a refeição é central na cultura francesa, os benefícios relacionados às refeições e alimentação são os melhores para mim.
F: E quais são os benefícios mais desejados pelos clientes da Swile?
LS: Em primeira mão, oque é muito pedido e que estamos prestes a lançar, é o adiantamento de salário. Para que os funcionários possam se organizar melhor financeiramente, ainda mais nesse momento em que muitas famílias estão endividadas, e não precisem usar juros de cartão ou empréstimos. Isso é mais importante ainda porque sabemos que os juros do crédito no Brasil são proibitivos. Deve estar no mercado em breve.