Depois da pandemia, o cuidado com a saúde mental dos funcionários se tornou uma discussão dentro de muitas empresas, e esse cenário foi estendido também ao processo da oferta e escolha de benefícios. Agora, 53% das companhias pretendem investir em programas ligados ao tema, segundo um estudo da plataforma de benefícios e gestão de pessoas Flash em parceria com a Think Work, consultoria especializada em RH.
Entre os 140 líderes das empresas participantes, que somam mais de 400 mil colaboradores, 51% disseram que as companhias também pretendem ampliar os benefícios de orientação e crescimento de carreira. Além disso, 45% devem investir tanto em educação financeira quanto em premiações por desempenho.
Leia também:
- Empreendedora cria startup que oferece benefícios ligados à fertilidade
- Surfe no meio do expediente e folgas flexíveis: como empresas atraem a geração Z
- Grupo exclusivo para executivas é novo benefício corporativo
A pesquisa traz um indicativo de quais tipos de benefícios as empresas devem manter daqui em diante: alimentação e refeição (66%), seguido de mobilidade (60%) e flexibilidade de horário (53%). E também no que não devem investir nos próximos meses: benefícios voltados aos pais dos funcionários (64%) e ligados a parentalidade (40%), cônjuges (37%) e cultura (34%). E um número menor de respondentes também apontou que pode reduzir investimentos em subsídios educacionais (8%) e home office (6%).
Os benefícios corporativos têm se tornado cada vez mais estratégicos para as companhias, para além da atração e retenção de talentos. E a seleção de categorias em que serão alocados os valores deve passar por uma análise sobre o impacto na relação entre empresa e colaborador, segundo Alana Azevedo, CHRO da Flash.
No entanto, quatro entre dez empresas não usam dados para mensurar a satisfação dos funcionários em relação ao pacote de benefícios oferecido. Entre os que fazem esse acompanhamento, a maioria já utilizou os resultados para contratar novos benefícios (89%) e cerca de metade já cancelou incentivos (49%).
Apenas 27% afirmam medir o uso dos benefícios – entre as empresas que fazem essa análise, o indicador é usado mais para a inclusão de novos benefícios (72%) do que para cancelar os que são usados com menor frequência. “Os colaboradores precisam ter voz nas decisões das empresas e só existe um caminho para ouvi-los: perguntando”, afirma Azevedo.
O uso de dados potencializa ações eficientes e se conecta com as realidades dos colaboradores. “É necessário ter KPIs (indicadores de desempenho) conectados, não apenas para justificar o investimento, mas para ter uma visão estratégica da sua atuação como RH nos resultados da empresa.”
Mudanças no PAT
Empresas que aderem ao PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador) podem usar os benefícios corporativos não só para atrair talentos, mas garantir benefícios fiscais. “Os auxílios pagos por intermédio do PAT não têm natureza salarial e não integram a base de cálculo do INSS, tornando atraente a adesão das empresas”, diz Bruno Lopes, advogado trabalhista do Domingues Lopes Advogados.
Mudanças no PAT trazidas por um decreto de 2021 estavam previstas para entrar em vigor no dia 1º de maio de 2023, mas foram prorrogadas para maio de 2024, explica Lopes. Entre as novidades estão a portabilidade, possibilidade de transferir o crédito para cartões de outras bandeiras; interoperabilidade, utilização dos créditos mesmo em estabelecimentos que não aceitem a bandeira específica, desde que se aceite vale-refeição; e a vedação de descontos, ou seja, as empresas de benefícios não poderão mais conceder descontos aos empregadores, prática chamada de “rebate”.