Não há dúvidas de que a inteligência artificial faz parte do futuro do trabalho. No entanto, segundo um estudo da CV Genius, portal de recursos para carreira e plataforma para criar currículos, os recrutadores não são grandes fãs dessa tecnologia quando usada por candidatos a vagas de emprego. De acordo com a pesquisa, que entrevistou 625 gerentes de contratação, 80% não gostam de ver currículos e cartas de apresentação gerados por IA.
Pode parecer fácil passar despercebido com o uso de ferramenta de inteligência artificial, mas os olhos dos recrutadores estão atentos: 74% afirmam que podem identificar quando a IA foi utilizada em uma candidatura. Apesar de agilizar o processo, o uso da tecnologia ainda pode pesar na decisão dos recrutadores: mais da metade (57%) deles é significativamente menos propensa a contratar um candidato que usou IA e pode até descartar a candidatura instantaneamente se reconhecer que foi gerada por inteligência artificial.
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Segundo a pesquisa, os gerentes de contratação preferem candidaturas autênticas e escritas por humanos, uma vez que as que usam IA podem soar repetitivas e genéricas, além de sugerir que o candidato é preguiçoso.
Isso não significa que é preciso abandonar a IA no processo de candidatura a um emprego. O segredo está em saber usar a ferramenta da maneira certa. “Os candidatos precisam aprender a usar a IA como um ativo, e não como um atalho”, diz Ethan David Lee, especialista em carreira da CV Genius. “Os recrutadores notam quando a IA é usada de maneira descuidada, o resultado parece impessoal e não se destaca entre os candidatos.”
Para entender como usar a IA para melhorar suas candidaturas sem levantar bandeiras vermelhas para os recrutadores, o Guia da CV Genius traz algumas dicas. Uma delas é garantir que sua candidatura seja adaptada ao cargo e à empresa. Além disso, é importante mostrar como você é a melhor opção para a posição ao demonstrar que pesquisou os valores daquela companhia. “Os recrutadores querem conhecer você e entender por que você é a melhor opção para a empresa. Ver que você investiu no processo e está comprometido com esse trabalho específico não é algo que a IA pode transmitir autenticamente sem orientação humana”, afirma Samuel Johns, conselheiro de carreira sênior da CV Genius.
Confira, abaixo, outras recomendações de como usar a IA nas candidaturas de emprego para otimizar processos, mas sem correr o risco de ser rejeitado pelos recrutadores.
5 dicas para usar a IA ao buscar emprego
1. Verifique exageros ou informações falsas
Um dos maiores riscos de depender de currículos gerados por IA é a tendência da ferramenta de exagerar ou inventar conquistas e experiências. Se isso for descoberto no processo de entrevista, pode levantar questões sobre a honestidade e integridade do candidato.
Os profissionais devem sempre verificar seus currículos e cartas de apresentação gerados por IA para garantir que tudo seja verídico e remover qualquer coisa que seja falsa ou exagerada. Se um candidato for convidado para uma entrevista, ele deve estar preparado para comprovar cada afirmação feita em sua candidatura.
2. Adicione toques pessoais e exemplos específicos
A IA tende a criar currículos e cartas de apresentação que frequentemente usam frases genéricas e carecem de evidências concretas. Segundo a CV Genius, a maioria dos recrutadores concorda que as melhores candidaturas demonstram a motivação de uma pessoa e a conexão pessoal com o trabalho ou a empresa. Dê comandos específicos para a ferramenta ou adicione essas informações mais específicas depois.
3. Preste atenção a hábitos de escrita comuns da IA
Os conteúdos gerado por IA geralmente seguem padrões semelhantes, como um estilo de escrita simples e formal, além do uso de frases e construções repetitivas. Prestar atenção aos detalhes e mudar palavras e frases repetitivas ou que parecem fora de lugar é essencial para garantir que qualquer conteúdo gerado pela inteligência artificial esteja bem editado.
4. Mantenha uma consistência entre o currículo, a carta de apresentação e a entrevista
Outro indicador de conteúdo gerado por IA é um tom de escrita inconsistente entre o currículo, a carta de apresentação e a entrevista de emprego.
Currículos e cartas de apresentação devem refletir os padrões linguísticos e o estilo de escrita dos candidatos, e é preciso manter esse mesmo tom de personalidade na entrevista. “Nós não somos robôs. Os recrutadores se sentem desencorajados quando os currículos e as cartas de apresentação são excessivamente perfeitos”, afirma Ethan David Lee, especialista em carreira da CV Genius. “Quando não há personalidade ou autenticidade no estilo de escrita da IA, na maioria das vezes, os candidatos serão rejeitados.”
5. Use verificadores de IA para revisar cada currículo e carta de apresentação
Alguns gerentes de contratação usam ferramentas de detecção de IA para identificar candidaturas geradas com a tecnologia. Até mesmo o uso de softwares como o Grammarly pode fazer com que a escrita seja sinalizada como gerada por inteligência artificial. Para se antecipar, é importante usar ferramentas de detecção de IA antes de enviar as candidaturas. Em seguida, os candidatos podem editar quaisquer seções sinalizadas para garantir que correspondam ao seu estilo.
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*Bryan Robinson é colaborador da Forbes US. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.