Não dá (pelo menos a ciência ainda não descobriu isso) para evitar rugas nem cabelos
brancos, mas é possível retardarmos o declínio cognitivo, processo que acompanha o
nosso envelhecimento.
O cérebro é o principal órgão do corpo. É ele que controla os movimentos; e por
movimentos me refiro inclusive aos do intestino e do coração, para citar dois exemplos. É
ele também que controla nossa postura e equilíbrio. E mais: é no cérebro que os
pensamentos, nossa principal ferramenta para lidar com o mundo, se formam.
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Assim como o corpo, o cérebro pode envelhecer bem ou mal, dependendo da carga
genética que carregamos, mas, principalmente, do que fomos expostos ao longo da vida,
ou seja, do nosso estilo de vida.
Não é possível alterar a carga genética, embora muitas pesquisas estejam trabalhando no
sentido de fazer uma “edição” dos genes que nos tornam mais vulneráveis a doenças;
mas o estilo de vida é totalmente modificável. Eu diria até que ele é a soma de cada uma
das escolhas que fazemos todos os dias.
Por isso, eu sempre reforço a relevância de substituirmos ao menos um comportamento
não saudável por um saudável. E a partir disso, aos pouquinhos, ir somando essa
mudança a outras mais.
Se o estilo de vida tem tanta importância no modo como envelhecemos e no modo como
nosso cérebro envelhece, o que podemos fazer?
1. Mova-se
Manter-se ativo, praticando atividade física, fazendo pausas ativas ao longo do dia
(aquelas em que você se levanta da cadeira e dá uma caminhada ou uma alongada), é
uma das recomendações mais importantes.
Estudos mostraram que o exercício aeróbio melhora a eficiência e o desempenho do
cérebro. Mas não basta apenas esse tipo de atividade física; muitas pesquisas nos vêm
revelando que a musculação é tão importante quanto correr ou caminhar, ajudando a
preservar a cognição.
2. Desafie-se
A luta contra o sedentarismo também vale para o cérebro. Assim como o corpo, ele
precisa ser cutucado permanentemente, sair de sua zona de conforto e ser desafiado.
Vale tudo: de aprender uma nova língua ou habilidade (sugiro o xadrez), jogar sudoku e
fazer palavras cruzadas (as difíceis) a ler coisas diferentes do que você está acostumado.
3. Coma bem
Alguns nutrientes contidos em uma dieta saudável, especialmente a chamada
Mediterrânea, rica em ácidos graxos e vitamina E, estão associados a cérebros mais
saudáveis. Segundo mostrou uma pesquisa recente, a dieta Mediterrânea, baseada em
peixes gordurosos, azeite, grãos, frutas e vegetais frescos, é capaz de desacelerar o
envelhecimento cerebral.
4. Mantenha-se socialmente engajado
Interação social é uma ferramenta importantíssima para desacelerar o envelhecimento do
cérebro. Um estudo publicado na conceituada revista The Lancet Longevity revelou que
aqueles que moravam com outras pessoas ou estavam em uma relação estável com
alguém tiveram uma redução no declínio cognitivo quando comparados com aqueles que
viviam sozinhos.
Viver com um parceiro ou parceira (ainda que seja um conhecido) nos possibilita estar
engajado em mais atividades (o que ajuda a manter o cérebro se exercitando). Além
disso, o simples fato de poder conversar com alguém faz com que desafiemos nossa
memória e habilidades de linguagem. Não por acaso, muitas pessoas da terceira idade ao
redor do mundo têm buscado construir comunidades de amigos para passarem os seus
dias juntos. É uma ideia muito bacana, você não acha?