Assunto polêmico e que se popularizou nos últimos meses, inclusive entre atores, atrizes e influenciadores digitais no Brasil e no mundo, a harmonização facial é uma associação de técnicas não invasivas como o famoso preenchimento. No entanto, o que mais tem chamado atenção, de forma negativa, é a aparência de quem, na maioria dos casos, ainda é jovem e se submete ao procedimento, ficando quase irreconhecível.
Isso acontece porque foi criado um padrão de beleza e estereótipos únicos, muito por influência do mundo extremamente imagético em que vivemos: o excesso de exposição e selfies nas redes sociais e o desejo de uma aparência jovem, considerada perfeita e 100% simétrica. Nesse caso, o foco das mudanças é, principalmente, nos lábios, em que se busca o volume aumentado e idêntico na parte superior e inferior, e também no rosto, para deixar as maçãs bem salientes.
Particularmente, não apoio esse conceito. Todos os rostos estão ficando iguais; estamos vendo transformações, e não o embelezamento e o rejuvenescimento, por meio de pequenas correções, para os quais a técnica foi desenvolvida. Acredito que a beleza está na diversidade, nos traços individuais e nas particularidades e características de cada um.
Para uma correta abordagem e execução da técnica, temos que avaliar a face de forma tridimensional. Além da pele – com os efeitos do fotoenvelhecimento e, por consequência, o afinamento, a flacidez e as rugas –, temos ainda a camada muscular e a estrutura óssea, que são diferentes de pessoa para pessoa. Com o passar dos anos, vamos perdendo gordura, a pele fica mais flácida e existe uma reabsorção óssea com perda de sustentação da pele – daí o aspecto de “despencar” do rosto.
Para o tratamento adequado e as devidas correções, existem inúmeros procedimentos com lasers, radiofrequência e ultrassom microfocado, que podem ser associados ao uso de injetáveis. Nesse caso, a harmonização facial pode ser feita de forma natural para a melhora da flacidez e das rugas causadas pelo envelhecimento.
Outra indicação seria para correções de pequenas assimetrias. O paciente que não tem a região malar (maçã do rosto) proporcional ao restante da face, por exemplo, pode ser submetido ao preenchimento dessa região para que o visual fique mais harmônico. É possível também fazer ajustes em pessoas que têm o queixo desproporcionalmente pequeno, o que também contribui para disfarçar a papada. E para os pacientes acima dos 40 anos que precisam da substância preenchedora para conquistar o efeito lifting de sustentação.
Por enquanto, a procura pela harmonização facial é maior entre as mulheres, mas os homens também têm se interessado pelas mudanças: a técnica pode deixar o queixo e o maxilar mais protuberantes, dando um visual mais masculino. Dentre os procedimentos, o preenchimento pode ser feito com algumas substâncias. O mais usado e seguro é o ácido hialurônico, que é uma substância biocompatível. Cerca de meia hora antes de se iniciar o tratamento é aplicado um anestésico; o tratamemto dura cerca de 45 minutos e o paciente pode voltar às suas atividades na sequência.
Hoje, com o avanço da tecnologia, existem versões mais maleáveis e menos densas do ácido hialurônico que podem ser aplicados em profundidades e regiões diferentes da face. Eu procuro usá-lo em um plano mais profundo para um resultado de lifting discreto, sem exageros. A duração dos efeitos do ácido hialurônico pode ser de até dois anos, dependendo do paciente. Para complementação da harmonização facial, também é usada a toxina botulínica (botox), que ameniza rugas e marcas de expressão. Ela atua no controle da capacidade de contração muscular e é aplicada no terço superior da face (testa e olhos) e também no terço inferior. Os primeiros efeitos são observados em três dias, e o resultado final aparece depois de uma semana, durando cerca de quatro a seis meses.
É muito importante destacar que, além de o paciente precisar passar por uma avaliação minuciosa antes de decidir por qualquer protocolo, os únicos profissionais aptos a fazê-los são os médicos dermatologistas especialistas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia ou cirurgiões plásticos bem formados. Qualquer procedimento envolve riscos, e, caso haja complicação (como uma lesão de necrose ou reação alérgica), somente esse médico estará bem preparado para lidar com isso. É preciso, antes de mais nada, pensar no quanto vale o seu bem-estar e a sua saúde.
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