Resumo:
- O número percentual de diversos procedimentos estéticos nos Estados Unidos aumentou entre 2013 e 2018;
- Segundo psicólogos pesquisadores, mulheres entre 18 e 29 anos tem mais aceitação a cirurgia plástica por passar mais tempo nas redes sociais;
- Um porta-voz do Instagram disse que a plataforma se preocupa com com os usuários e está reavaliando suas políticas.
Ontem (23) o Instagram proibiu filtros que imitam os efeitos de cirurgias plásticas. A ação foi tomada pela repercussão negativa de suicídios adolescentes, e qualquer medida no sentido de melhorar auto-estima e segurança em jovens é bem-vinda.
“Estamos reavaliando nossas políticas. Queremos que nossos filtros sejam uma experiência positiva para as pessoas”, disse um porta-voz da empresa. “Removeremos todos os efeitos da galeria associados à cirurgia plástica, interromperemos a aprovação de novos efeitos como esse e removeremos os efeitos atuais se eles forem relatados para nós”.
No entanto, embora não haja nada controverso sobre essa mudança, é improvável que isso faça do Instagram um lugar substancialmente mais saudável para os usuários, principalmente as mulheres jovens. Pesquisas sugerem que o uso da mídia social em geral – e não apenas o uso de filtros de selfie – está ligado a uma maior aceitação da cirurgia estética, bem como menor auto-estima. Portanto, se o Instagram realmente levasse a sério a proteção de seus usuários, consideraria se desligar. Obviamente, o Instagram é uma empresa altamente lucrativa (de propriedade do Facebook), então as chances de isso acontecer são zero.
De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética, o número de liftings faciais realizados nos Estados Unidos aumentou 21,8% nos cinco anos entre 2013 e 2018 e cresceu 21,9% nos 12 meses até março de 2018. Da mesma forma, o levantamento de mama aumentou 13,9% entre 2017 e 2018, e surpreendentes 57,5% entre 2013 e 2018. Em outras palavras, a cirurgia estética está em ascensão (como também indicado pela Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos), e é muito provável que a rede social tenha desempenhado um papel significativo na condução dessas mudanças.
Por exemplo, um trabalho de pesquisa publicado na “Current Psychology”, em abril, constatou que mulheres com idades entre 18 e 29 anos eram mais propensas a querer cirurgia plástica “se passassem um tempo significativo nas redes sociais”. Da mesma forma, um artigo de junho publicado na revista “JAMA Facial Plastic Surgery” concluiu que “o uso de certas mídias sociais e aplicativos de edição de fotos podem estar associados ao aumento da aceitação da cirurgia estética”.
Particularmente, os autores do artigo de junho observaram que os usuários de filtros do Instagram consideram mais cirurgia estética em comparação com os que não usam. Isso sugere que não são apenas os filtros da “cirurgia estética” que estão causando infelicidade, mas os filtros e as selfies em geral. E o uso frequente do Instagram está realmente relacionado à infelicidade, com um artigo recente na revista “Psychology of Popular Media Culture” afirmando que “a frequência do uso do Instagram está correlacionada com sintomas depressivos, auto-estima baixa, ansiedade geral e física da aparência e insatisfação corporal”.
Novamente, uma pesquisa de 2017 realizada pela Academia Americana de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva Facial relatou que 55% dos cirurgiões plásticos trabalharam com pelo menos um paciente que queria uma cirurgia para ter uma aparência melhor em suas selfies. O fato de isso representar um aumento de 13% em relação a 2016, indica que o problema está apenas piorando. A remoção de filtros explicitamente com o tema “cirurgia estética” não será suficiente por si só para causar um sério impacto nessa tendência.
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Apesar de ter intenções ostensivamente nobres, a mudança do Instagram para proibir filtros de cirurgia pode, portanto, ser acusada de tokenismo. Isso não deve ser particularmente surpreendente: dado que a mídia social gira em torno da criação de um anúncio escolhido e decorado por nós mesmos, algumas pessoas acabam se comparando desfavoravelmente com seus próprios avatares artificiais (e de outras pessoas), independentemente da foto e dos filtros.
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