A empreendedora serial norte-americana Amanda Spann está apostando todas as fichas no Brasil para acelerar o crescimento do CultureCrush, seu aplicativo de paquera para negros.
Segundo a fundadora, que lidera diversos negócios digitais de sua base em Chicago, o CultureCrush tem cerca de 52.000 usuários globalmente, e 75% destes vieram do Brasil no último ano.
A ferramenta foi criada pensando em uma audiência global, mas Amanda diz que o protagonismo do mercado brasileiro foi surgindo no ano passado – 97% dos downloads vieram de forma orgânica de usuários que se sentem representados pela proposta do app.
“O aplicativo é ideal para imigrantes ou expatriados que procuram pessoas de sua nacionalidade ou etnia em uma nova cidade, viajantes que procuram pessoas como eles enquanto estão na estrada ou mesmo para pessoas locais que estão cansadas de [dispensar usuários em aplicativos de paquera] centenas de vezes antes de encontrar um rosto parecido com o seu”, aponta.
“Sabíamos que provavelmente teríamos sucesso em mercados-chave com grandes populações de descendentes da diáspora, e São Paulo e Bahia sempre foram incluídos em nossa lista [de prioridades]”, acrescenta.
Para a surpresa da empreendedora, apesar da popularidade do aplicativo crescer de forma consistente em mercados como Washington, DC, Londres e Lagos, na Nigéria, a base de usuários no Brasil aumentou rápido e “silenciosamente”, tornando-se o mercado número um e maior prioridade. “Estamos muito animados para dedicar mais tempo ao Brasil e aos nossos usuários aqui”, conta.
Amanda construiu o CultureCrush com recursos próprios, mas o Tinder para usuários negros agora que ir além do bootstrapping e captar recursos para apoiar o crescimento internacional. “Se captarmos recursos no próximo ano, todas as contribuições serão dedicadas ao crescimento da equipe, desenvolvimento do produto e campanhas de marketing no Brasil, seguida de mercados vizinhos”, antecipa.
Independentemente de conseguir capital de outras fontes, a fundadora segue firme no propósito de aumentar a presença do app no Brasil e não só de forma remota: o plano é recrutar desenvolvedores no país, além de executivos de vendas e marketing e, logo em seguida, ter uma base física no país. No entanto, Amanda ressalta que o desenvolvimento futuro da ferramenta será feito de forma a atender as reais necessidades de seu público.
“Mulheres afro-americanas entendem a sensação de ter marcas e empresas falando para nós, e não conosco. Conhecemos em primeira mão a experiência de ter pessoas nos dando o que pensam que precisamos ou queremos, mesmo sem falar conosco antes”, ressalta.
A fundadora do CultureCrush diz ter feito extensivas pesquisas e realizado vários grupos de foco para garantir a relevância da plataforma, mas sublinha a importância de continuar aprendendo e ouvindo à medida em que a adesão ao app cresce e novos usuários dizem o que querem em um aplicativo de paquera e comunidade: “Queremos resolver os problemas dos usuários da maneira mais cultural e consciente possível”, aponta.
Atualmente em discussões com empresas brasileiras, eventos e produtos para ajudar a promover o aplicativo em sua nova fase de foco no mercado brasileiro, Amanda tem uma meta ambiciosa para 2020: fazer com que o CultureCrush esteja no topo dos cinco aplicativos de paquera no Brasil e seja a principal ferramenta para esse fim quando se trata da comunidade negra. “Queremos ser o lugar onde afro-brasileiros se sentem seguros, celebrados, incluídos, amados e apoiados.”
***
Evento com Bolsonaro em Miami discute oportunidades em inovação
A Conferência Internacional Brasil-Estados Unidos, realizada hoje (10) em Miami , discute as oportunidades de investimentos entre os dois países, com foco em inovação e tecnologia. O evento, promovido pelo Fórum das Américas, idealizado pelo empresário Mario Garnero, inicia com o presidente Jair Bolsonaro.
A abertura segue com apresentações de Francis Suarez, prefeito de Miami, e de Paulo Alvim, secretário de empreendedorismo e inovação no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que substituiu o ministro Marcos Pontes na comitiva da viagem aos Estados Unidos. O evento, que aborda outros temas como transformação digital bancária no Brasil, encerra com o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, falando sobre cooperação internacional, inovações e tecnologias na saúde.
***
Telefónica e Redpoint eventures fecham parceria
A gigante de telecomunicações Telefónica, dona da Vivo, fechou uma parceria com o fundo de venture capital Redpoint eventures como parte de uma estratégia global de inovação e de proximidade com startups em países prioritários para a companhia.
Com a parceria, a ideia é investir em empresas que gerem retorno para a empresa de telefonia, com tecnologias focadas no aumento de receita com novos produtos ou na melhoria de eficiência interna, como um fornecedor. Áreas prioritárias incluem transformação digital, redes 5G, cibersegurança, nuvem, inteligência artificial, blockchain, fintech e Internet das Coisas.
Os investimentos em fundos são feitos por meio do Telefónica Innovation Ventures, veículo de corporate venture capital da Telefónica que também investe diretamente em startups. Como parte da nova abordagem, a Wayra Brasil, hub de inovação aberta da Vivo no Brasil e da Telefónica no mundo, dobra o valor dos aportes e passa a investir até R$ 1 milhão por startup.
Além do Brasil, a nova estratégia de inovação aberta anunciou novos aportes em outros mercados-chave, como Espanha, Estados Unidos, com a gestora do Vale do Silício Alter Venture Partners, e em Israel, com o fundo Vintage Investment Partners.
***
Governo insere blockchain e inteligência artificial na diretrizes de ensino e pesquisa
Uma resolução expedida pelo Comitê da Área de Tecnologia da Informação, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, incluiu matérias ligadas à Big Data, inteligência artificial (IA) e blockchain no Programa de Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Trata-se de uma prioridade para o governo, que quer “tratar de novas capacitações onde o país precisa desenvolver competências”.
A ideia é fomentar e coordenar trabalhos entre a academia e o setor privado, bem como coordenar parcerias entre instituições brasileiras e estrangeiras para trabalhar com temas relacionados a tecnologias emergentes como IA. No entanto, o governo reconhece que haverá percalços: “Um grande desafio será disseminar os resultados não apenas academicamente, mas também em áreas como indústria e governo, os quais possam ter interesse nos resultados e soluções elaboradas no contexto dos projetos”, diz o Comitê.
***
Unicórnio britânico de meios de pagamento lança oferta no Brasil
A fintech Rapyd lançou uma plataforma de serviços financeiros para o mercado brasileiro ontem (9). A empresa de meios de pagamento, que já trabalhava com empresas locais como o Banco Rendimento, trouxe um produto “full-stack” que oferece a infraestrutura necessária para serviços fintech de forma integrada.
A promessa é que, com a plataforma, clientes conseguem adicionar funcionalidades como pagamentos por transferências bancárias ou boletos, pagamento em espécie, carteiras digitais, pagamentos de contas, além de emissão e transações com cartões de débito e crédito às suas ofertas de meios de pagamento sem a necessidade de projetos complexos de infra-estrutura. A Rapyd captou rodadas de US$ 100 milhões em outubro de 2019 e outra de US$ 20 milhões em dezembro. Isso levou o valuation da empresa de fintech-as-a-service a US$ 1,2 bilhão.
****
MAIS
– A Uber é uma das organizações apoiadoras da construção do primeiro Mapeamento Trans da cidade de São Paulo. O exercício, realizado pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea e pela Coordenação de Políticas LGBTI da Prefeitura, também envolve a plataforma de inserção de pessoas trans no mercado de trabalho TransEmpregos e o Instituto Nice. O trabalho busca identificar as características sociodemográficas, trajetórias de estudo e trabalho, bem como as condições de vida da população trans da capital paulista. Os dados levantados devem apoiar a criação de políticas públicas para atender às necessidades de travestis, homens trans, mulheres transexuais e pessoas não-binárias da cidade.
– O governo britânico assinou um acordo de colaboração com a Prefeitura de São Paulo focado no combate à pirataria. O acordo prevê a troca de experiências entre ambas as partes, com ações que incluirão uma missão de capacitação à Londres, que acontece na semana que vem. Segundo Maria Angélica Garcia, adida de propriedade intelectual no governo britânico, agentes da Prefeitura e Guarda Municipal de São Paulo participarão de um treinamento com a polícia britânica durante a viagem, e falarão sobre o trabalho executado na Operação Comércio Legal, que começou em novembro de 2018, com o objetivo de combater a pirataria e ocupação irregular do espaço público.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.