Com o aumento exponencial em trabalho remoto como consequência do alastramento do coronavírus, a Cisco se tornou uma das protagonistas do setor de tecnologia. Apesar de não fornecer resultados e nem expectativas individuais de suas soluções globais ou locais, a empresa reporta crescimento de dois dígitos nos últimos três anos no Brasil.
Mesmo sem números que ilustrem o quanto a Cisco está faturando com o boom do home office, os volumes de adesão a um carro-chefe da empresa, o software de videoconferência Webex, dão uma noção de como os recentes acontecimentos têm impulsionado a operação da empresa. Nos últimos 11 dias, o volume de interações intermediadas pela Cisco no mundo dobrou. Somente na segunda-feira (16), 3,2 milhões de reuniões aconteceram pelo Webex globalmente e isso não inclui as reuniões 1:1 – o aumento se refere a reuniões com mais de duas pessoas.
Recentemente, a empresa anunciou uma série de medidas para apoiar a continuidade dos negócios globais no cenário atual, que inclui acesso gratuito à algumas ofertas. Isso também vale para o Brasil. No entanto, o presidente da Cisco, Laércio Albuquerque, comenta que empresas ainda custam a aderir ao trabalho remoto, a despeito da orientação geral de que as pessoas fiquem em casa para ajudar a achatar a curva de transmissão do coronavírus.
“Percebemos que ainda existe uma resistência cultural à implementação do home office, principalmente pela falta de conhecimento das ferramentas que permitem produtividade e garantem segurança à distância”, aponta. “Mas estas ferramentas já existem, e a partir do momento que as empresas as conhecem, a adoção ocorre de maneira rápida.”
Albuquerque acredita que o conceito de “home office” já está ultrapassado e a realidade é o “anywhere office”, ou seja, a habilidade de trabalhar em qualquer lugar, e não apenas de casa: “Esta já era uma tendência natural no mercado corporativo, e agora, por conta desta situação de pandemia, o [trabalho remoto] tornou-se uma recomendação e está sendo adotado por diversas empresas”, constata.
Porém, Albuquerque ressalta que existem formas de trabalhar a atitude de “business as usual” presente em empresas que poderiam aderir ao home office e ainda não o fazem, mesmo quando a natureza do trabalho é aderente ao modelo.
“A melhor forma de romper estas barreiras é conhecendo, testando e acompanhando os resultados dessas ferramentas, que vão muito além dos aspectos simplesmente quantitativos, como números de vendas e horas trabalhadas”, aponta o executivo, acrescentando que o trabalho remoto também traz um “aumento considerável” na qualidade de vida dos funcionários, o que reflete positivamente na produtividade da força de trabalho.
Ao passo em que existem empresas que ainda não se convenceram da necessidade de permitir que seus funcionários trabalhem em casa, o próprio setor de tecnologia tem mostrado adesão ao home office. Segundo pesquisa da IT Mídia, que entre os dias 16 e 17 de março ouviu mais de 300 empresas de TI, telecom, startups e empresas digitais, 130 organizações do setor haviam adotado a prática. A Cisco está entre as empresas que adota o trabalho de qualquer lugar há anos – o que não é tão surpreendente, dada a natureza do negócio.
Em um futuro cenário onde a situação da Covid-19 estará estabilizada, Albuquerque acredita as empresas que adotarem o trabalho remoto como novo normal não conseguirão olhar para trás: “Quando este momento passar, ficará muito aprendizado para todos nós, que não devemos nos limitar somente à importância de lavar as mãos com frequência: deve haver uma mudança cultural no geral, incluindo o home office”, aponta.
Segundo o executivo, muitas empresas perceberão que o “anywhere office” é frequentemente recomendável e muitas revisarão seus expedientes para que, dentro do possível, transformem o modelo em rotina para boa parte de seus funcionários. “Através [do trabalho remoto], funcionários têm mais tempo para si próprios, para suas famílias, além de maior tempo focado no trabalho, evitando horas e horas de deslocamento, como acontece em muitas cidades do Brasil.”
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UE pede que Netflix pare de transmitir em HD
Com o isolamento social causando um uso sem precedentes de plataformas como o Netflix e Amazon Prime Video durante a pandemia do coronavírus, a União Europeia (UE) pediu para que serviços de streaming parem de transmitir vídeo em alta resolução. O comissário europeu de mercado interno da UE, Thierry Breton, falou no Twitter que tratou do assunto com o CEO da Netflix, Reed Hastings, e pediu que plataformas transmitam em definição padrão, para garantir acesso estável à internet para todos.
Além disso, Breton ressaltou que, visto que esta é uma situação inédita, provedores de telecomunicações, plataformas de streaming e usuários têm uma responsabilidade conjunta para garantir o funcionamento da internet durante a batalha contra a Covid-19. Segundo a Netflix, que aceitou que Breton tem razão em estar preocupado, a empresa tem trabalhado em garantir a eficiência do uso de banda por muitos anos. Breton e Hastings devem se falar sobre este assunto novamente hoje (19).
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Google tenta socorrer usuários para atender demandas do coronavírus
Como resposta ao receio de negócios quanto à possibilidade de que internet não dê conta da pressão causada pela crise do coronavírus, o Google se manifestou ontem (18) a seus usuários. Em comunicação a negócios que usam seus serviços, a Big Tech diz que entende sua responsabilidade em garantir disponibilidade a seus usuários, e que está monitorando seus serviços para garantir níveis de serviço firmados com seus clientes.
Ao mesmo tempo, no entanto, a gigante de tecnologia admite que seus clientes têm notado disrupção no serviço, com picos extremos de demanda e pressão em certos canais. Para lidar com estes problemas, a empresa acrescentou que está trabalhando para detectar recursos e capacidade adicionais que possa ajudar clientes sob pressão – em particular varejistas, cujos sistemas estão sofrendo com o aumento de procura de consumidores isolados, que pedem tudo online.
Um arranjo parecido com o que se vê em épocas do ano como a Black Friday e Cyber Monday foi iniciado pelo Google para apoiar estes clientes, com revisões de arquitetura e as chamadas “salas de guerra”. “Um momento como este é um lembrete de como temos que nos unir para superar desafios e complexidades”, aponta a empresa.
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Gympass trabalha com academias para enfrentar fechamentos
O cofundador e CEO da Gympass, César Carvalho, anunciou uma série de medidas para ajudar as milhares de academias em diversos países que usam o serviços de assinatura corporativa da startup e estão de portas fechadas durante a pandemia. No Brasil, a empresa tem 23 mil academias parceiras e mais de 100 já tiveram que suspender atividades.
Para minimizar os danos sofridos por academias inoperantes, a Gympass está desenvolvendo uma plataforma, a ser lançada nos próximos dias, que permitirá que parceiros ofereçam a opção de agendar, validar e frequentar aulas online, para academias que tem a opção de aulas por streaming.
Para as academias que não oferecem a opção de aulas transmitidas via internet, a Gympass vai oferecer 60 dias de acesso sem custo aos seus usuários (das academias) à sua nova extensão online. A empresa também vai promover os apps com aulas virtuais que parceiros já tenham em suas redes sociais. Segundo Carvalho, a iniciativa tem o objetivo de manter os negócios das academias e trazer novos usuários, bem como receita adicional.
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Buser suspende rota Rio-São Paulo para frear coronavírus
Fazendo observações no LinkedIn sobre como a cidade de São Paulo parece “não estar ligando” para o coronavírus, Marcelo Abritta, cofundador da Buser, startup de fretamento coletivo, anunciou que a empresa decidiu suspender suas atividades entre Rio e São Paulo a partir de hoje, e reembolsou integralmente seus clientes.
O empreendedor nota que a decisão segue o apoio da empresa com relação ao decreto do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que decretou no Diário Oficial de ontem (17) a suspensão de viagens rodoviárias oriundas de regiões com transmissão sustentada do vírus para o Rio, por 15 dias.
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– Com ou sem coronavírus, o Banco Central (BC) segue firme com o compromisso de lançar o PIX, plataforma nacional de pagamentos instantâneos. Em nota, o BC ressaltou que os trabalhos seguem remotamente para que o cronograma não sofra alterações;
– O Mercado Livre anunciou a eliminação de comissões de vendas de itens de necessidade básica de seu marketplace, o monitoramento de preços e publicações relativas a álcool gel e máscaras e descontos com pagamentos com QRCode;
– A aceleradora e fundo de venture capital global 500 Startups anunciou um novo sócio para impulsionar sua estratégia no Brasil. A chegada de Flávio Dias, ex-CEO da Via Varejo e parte do time que fundou o Banco Original, é parte de um plano para expandir a atuação da 500 Startups no Brasil. “Vamos conseguir disseminar a experiência que ele tem com empreendedores e inovação para o mundo todo, reforçando o propósito da 500 Startups em ser um fundo que pensa globalmente”, diz Bedy Yang, sócia da 500 Startups.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC, The Guardian e outros.
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