As organizações já vinham discutindo o home office há um bom tempo. Algumas inclusive já haviam começado a implementar o modelo. Com a crise causada pelo coronavírus, o que aconteceu foi que uma boa parcela da população brasileira transferiu de vez o trabalho para casa. E não é que tem funcionado para muita gente?
Há vários estudos que mostram haver uma relação direta entre trabalho em casa e produtividade. Entre os benefícios que resultam em uma produção maior estão o fato de que não é preciso acordar tão mais cedo para enfrentar o trânsito e/ou transporte público para chegar ao escritório. Também é possível vestir uma roupa mais casual e confortável e, em tese, ter mais flexibilidade para cumprir as metas do que no ambiente formal de trabalho.
Mas é preciso fazer alguns alertas. Tenho visto muita gente trabalhar de forma alucinante, quase obsessiva, não se permitindo sequer uma pausa para um café ou para o almoço. Por estarem em casa, muitos se sentem pressionados a olhar as mensagens dos grupos de trabalho no WhatsApp do momento em que acordam até a hora em que vão para a cama.
A falta de limites para as tarefas profissionais tem afetado inclusive as relações intrafamiliares. É fato que algumas pessoas já não se impunham limites antes da pandemia. Mas há quem esteja permitindo que as barreiras trabalho-casa fiquem mais nebulosas.
Uma boa dica é procurar manter uma rotina semelhante à que tinha quando ia ao escritório, com pausas ao longo do dia. Seja no ambiente de trabalho, seja em casa, esses pequenos intervalos são um alívio para o corpo e para a mente. Trabalhar em casa também exige disciplina, o que pode ser um desafio ótimo e positivo para quem tem dificuldade de estabelecer rituais.
Finalizo dizendo que, muito provavelmente, estamos testemunhando o surgimento de um outro modelo de trabalho, que não necessariamente se refere apenas ao cumprimento de tarefas em casa: o anywhere office. Graças à tecnologia e à mudança de comportamento promovida pela crise sanitária, podemos – e poderemos – levar o escritório a qualquer lugar do planeta.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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