Estamos sendo bombardeados por lives. Todos os dias, recebemos uma infinidade de convites para assistir temas relevantes, pertinentes. Mas como dar conta de participar de tantas discussões bacanas ou, pior, como dar conta de ver quatro ou mais delas acontecendo num mesmo horário?
Como médico, confesso estar preocupado. O crescimento dessas lives tem sido exponencial – o que é legal, porque de fato há mesas redondas virtuais e entrevistas bem interessantes. Mas, do ponto de vista da saúde mental, esse aumento não é salutar. São dezenas de lives disputando a nossa atenção por 30, 40, 50 minutos.
Muita gente, inclusive, tem se sentido culpada quando perde uma, prometendo a si mesma que não vai falhar na próxima. O fato é que falha, porque entre uma e outra live chegam centenas de mensagens no WhatsApp e mais uma porção de e-mails, o que tem nos levado a ficar com a atenção permanentemente dividida.
Por conta da quarentena, temos ficado hiperconectados. Acontece que o cérebro humano só consegue lidar com um certo nível de estímulo. Quando ele tem que lidar com um volume excessivo de informações, ele fica intoxicado, exausto e ineficiente. Isso se reflete em baixa qualidade do sono, irritabilidade, baixa produtividade.
Muitos têm buscado um alívio imediato para o soterramento por conteúdo a que estamos submetidos e para a ansiedade que ele gera. Volto novamente a isso: o álcool. Mas também temos notado a elevação do uso de medicamentos.
Para evitar o impacto prejudicial da sobrecarga de informações, procure adotar condutas preventivas, em respeito à sua saúde mental. O primeiro passo é limitar o acesso a conteúdo desnecessário. Procure selecionar, dentre tudo o que você recebe, apenas aquilo que, de fato, é mais interessante a você e alimente-se apenas disso.
Isso não significa ignorar todas as lives, mas certamente significa não se sentir culpado pela sua incapacidade de absorver tudo o que está sendo disponibilizado.
Quem sabe essa experiência que temos tido de nos conectar com essa quantidade sem precedentes de informação leve alguém a desenvolver, no futuro, um aplicativo que nos ajude a gerenciar o nosso tempo e a fazer a seleção do que nos é mais interessante?
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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