A história da Medicina é a de uma luta constante para entender qual a causa biológica das doenças. Uma vez que isso acontece, os diagnósticos e os tratamentos tornam-se mais precisos.
Como um dos campos do conhecimento que mais rapidamente evoluem, ela, hoje, tem resposta para muitas doenças, mas não para todas. O que acontece, por exemplo, quando ainda não se chegou à causa de alguma condição? O tratamento fica mais limitado.
Algo semelhante acontece com a Psiquiatria. Durante muito tempo, creditou-se as causas de transtornos mentais exclusivamente a razões psicanalíticas ou culturais.
Com o avanço do conhecimento sobre o cérebro e as substâncias envolvidas para que ele se mantenha quimicamente equilibrado – ou desequilibrado –, começaram a surgir razões biológicas para muitas doenças mentais e, como consequência disso, passaram a ser prescritos remédios contra elas.
O tratamento de doenças mentais, em geral, responde muito bem a medicamentos, ainda que a psiquiatria não tenha encontrado uma causa biológica para absolutamente todos os transtornos e ainda que se questione haver exclusivamente uma causa biológica para eles.
Mas, para que alguém se beneficie de um tratamento medicamentoso, é preciso que o diagnóstico tenha sido muito bem feito. O sucesso do tratamento depende em grande medida disso.
Mesmo nos casos em que a identificação do problema é feita com grande acurácia, o remédio, sozinho, não faz milagres, até porque algumas pessoas respondem muito pouco a eles. O que eles conseguem é manter os sintomas sob controle, ao ponto de o doente ter uma vida praticamente normal e com poucas chances de ter uma recaída.
Drogas psiquiátricas, no entanto, geralmente funcionam melhor quando em conjunto com outros fatores. Cito dois: o acompanhamento psicoterapêutico e a atividade física.
A prática regular de exercícios, por exemplo, tem um impacto positivo profundo na depressão e na ansiedade, além de ajudar a aliviar o estresse, melhorar a qualidade do sono e o humor. Já a psicoterapia ajuda, entre outras coisas, a identificar os gatilhos que mexem com o nosso ânimo, os nossos medos e a nossa ansiedade. Identificá-los é um dos passos para conseguir controlá-los.
Além disso, sabemos que palavras – e o modo como elas nos são transmitidas – são capazes de alterar o balanço químico do cérebro, da mesma maneira que os remédios o fazem, gerando um impacto positivo ou negativo em cada um de nós.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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