Uma decisão importante no processo de governança familiar é a implementação do conselho familiar. Esse costuma ser, muitas vezes, o primeiro fórum no qual muitos dos membros da família, eleitos ou nomeados, vão se reunir para representar os interesses de todos, com a importante atribuição de definir os limites claros entre os interesses familiares e os empresariais.
“O conselho familiar é, muitas vezes, o primeiro fórum no qual os membros da família vão se reunir para representar os interesses de todos.”As principais atribuições de um conselho familiar são amplas e fortemente direcionadas ao momento de cada família. Mas existem alguns pontos fundamentais. Primeiramente, ser um guardião dos valores desse grupo de pessoas, desenvolvendo ações que irão garantir que a união seja a base e o suporte da perpetuidade dos negócios.
Outro papel essencial é propiciar um ambiente em que todos os familiares tenham a possibilidade de se manifestar e a abertura para que sejam ouvidos, em que encontrem espaços nos quais possam colaborar com seus talentos e, assim, sentir-se envolvidos e participantes, vivendo a satisfação e o orgulho em fazer parte daquele grupo.
Outra vantagem recorrente de um conselho familiar é oferecer apoio à formação e ao desenvolvimento dos envolvidos – aqui é importante mencionar que existem múltiplos papéis que um membro de uma família empresária pode ocupar na “family enterprise”. Os familiares podem ser preparados como acionistas responsáveis, conselheiros dos negócios, conselheiros na governança, conselheiros nas fundações e instituições sociais apoiadas ou ainda como sucessores, tendo no horizonte a perspectiva de ocuparem cargos executivos na operação.
Em alguns grupos existe também a oferta de apoio aos membros que não têm interesse em assumir papéis nos negócios, identificando seus talentos e traçando planos de desenvolvimento de carreira específicos em outros campos de atuação.
Por último, mas não menos importante, o conselho de família deve ser um órgão respeitado por garantir a aplicação de um protocolo no qual as regras de conduta, os alinhamentos e as melhores práticas serão sempre os norteadores das decisões. Sendo assim, é vital que ele tenha a melhor representatividade possível, sendo composto por membros seniores, membros da nova e da próxima geração, cônjuges e demais parentes que tenham interface significativa com os negócios. Além desse recorte, deve também ter representatividade por ramos – muitas famílias crescem em número e escopo, ramificando interesses e responsabilidades.
Ajuda que vem de fora
Devido a todas essas complexidades, muitos conselhos de família são criados e/ou fortalecidos com contratação de um profissional externo. Esse profissional exerce o papel executivo de estruturação e coordenação das pautas, preparação de material para debate e mediação das discussões, garantindo o ritmo e os bons resultados desse fórum.
É importante ressaltar que esse órgão, desde o momento de sua criação, deve ser tratado como uma estrutura estratégica, indispensável na governança familiar. E que deve ter seus passos fundamentados na valorização da diversidade de talentos e na construção de laços de confiança, sendo, acima de tudo, o guardião do legado dessa família para o mundo.
Flávia Camanho Camparini é Consultora em governança familiar e estratégia de desenvolvimento humano, fundadora do Flux Institute e partner facilitator dos programas do Cambridge Family Enterprise Group e do IBGC
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