O Brasil registrou em 2020, o primeiro ano da pandemia, a taxa mais alta de empreendedorismo iniciante em mais de 20 anos, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM).
De todos os empreendedores em atividade naquele ano no país, nada menos do que 24,2% – praticamente um a cada quatro – tinham seus negócios há no máximo três anos e meio. Para se ter uma ideia do crescimento dos empreendedores novatos, em 2005, o índice era de apenas 11,3%.
Um fato que se suspeitava e acabou sendo confirmado pelo estudo é que a imensa maioria dos novos empreendedores brasileiros abrem negócios próprios por necessidade. Segundo o GEM, quatro de cada cinco decidiram empreender por falta de emprego.
Diante desse quadro, infelizmente é muito comum vermos empreendedores sem experiência arriscando suas economias sem planejamento ou orientação nenhuma, trabalhando apenas no entusiasmo e no instinto de sobrevivência. Na maioria dos casos, quem começa não possui conhecimentos amplos sobre a gestão de todas as áreas que envolvem o negócio, o que só aumenta os riscos de o empreendimento não decolar.
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Alguns empreendedores, por terem um perfil mais comercial, focam nas vendas e esquecem de pensar na satisfação dos clientes. Ou esquecem da necessidade de entregar um produto ou serviço de qualidade.
Outros negligenciam algo fundamental na arte de empreender: a margem de lucro, diretamente ligada aos custos do serviço ou produto.
Por todas essas razões, acredito que um bom caminho para quem pretende começar um negócio do zero é buscar a parceria de um sócio ou mesmo contratar uma mentoria. Contar com alguém experiente para ajudar no planejamento e na formatação do empreendimento, na estratégia de negócios, na análise da concorrência e no desembaraço de questões burocráticas é essencial para que se evite os erros mais comuns na hora de tirar uma ideia do papel.
E quem pode ser o mentor do empreendedor iniciante? Deve ser sempre um profissional renomado, com boa formação ou experiência como empreendedor, que já tenha feito sucesso e que consiga em poucas horas detectar os pontos de atenção a serem melhorados no negócio.
Com uma visão de fora, ele conseguirá agregar muito ao empreendimento, tanto em vendas como na satisfação do consumidor. O mentor também poderá orientar sobre questões tributárias, que sempre são muito importantes e exigem alguma atenção.
Para um negócio pequeno, que ainda esteja em estágio inicial e sem recursos para pagar um mentor profissional, entidades como o Sebrae funcionam muito bem como ponto de apoio.
Já para quem optar pela contratação de um mentor ou mesmo pela busca de auxílio junto a algum empresário mais experiente, uma das características mais importantes que considero em um mentor, além do conhecimento técnico de negócios, é a reputação que ele empresta para a empresa ou para o empreendedor mentorado.
Com dedicação, um aprofundado estudo de caso e a análise dos números da empresa que está sendo erguida, o mentor pode diagnosticar e indicar caminhos para que o empreendedor iniciante consiga atingir o ponto de equilíbrio e, a partir disso, expandir o seu negócio.
Por fim, vale ressaltar que cabe ao empreendedor o papel de executar os processos da empresa. Independentemente do auxílio do mentor, é o empreendedor quem deve pôr a mão na massa e cuidar da gestão do negócio.
Ao mentor, cabe apenas analisar os resultados e emitir opiniões à luz de sua experiência, apontando novos caminhos, estratégias e soluções inovadoras para o negócio.
José Carlos Semenzato é presidente do conselho da SMZTO, fundo de private equity especializado em franquias, e um dos investidores do programa “Shark Tank Brasil”, da Sony Channel.
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