Quase todo o mundo já se viu às voltas com alguém que é narcisista. Namorado ou ex-namorado ou namorada, chefe, colega de trabalho, parente, enfim…
Narcisismo é um dentre outros traços da personalidade de alguém e que varia ao longo de um continuum. Isso significa que todos nós, todos mesmo, estamos em algum ponto dessa régua.
Uma certa dose de narcisismo pode ser, na verdade, boa. Quando alguém o usa para melhorar a própria vida ou a dos outros que convivem com ele, estamos diante de um narcisismo, digamos assim, saudável. Pessoas assim costumam ser capazes de atrair gente ao seu redor porque quase sempre têm uma boa porção de autoconfiança, resiliência e ambição. Um pouco de narcisismo saudável pode ajudar a criar um líder, por exemplo.
Na outra ponta, está o lado não saudável do narcisismo. Quando alguém têm traços extremamente narcisistas e chega ao ponto de essas características impactarem negativamente a capacidade de essa pessoa funcionar bem no trabalho ou na sua vida social, estamos diante do lado doentio do narcisismo, esse sim um transtorno mental. Felizmente, esse é um quadro raro, que afeta, em média, 1 a cada 100 pessoas.
Geralmente, quem tem padrões patologicamente narcisistas os demonstram claramente. É aquele tipo de pessoa de quem se diz “está na cara que ela é assim”.
Leia mais: Devo me preocupar se eu beber além da conta e não tiver ressaca?
É muito difícil conviver com quem tem o chamado transtorno de personalidade narcisista porque essas pessoas costumam ficar extremamente iradas quando ninguém nota suas supostas realizações, além de elas serem avessas a críticas. Aliás, elas costumam exagerar – e muito – as suas habilidades e feitos e não conseguem tolerar a ideia de que
são, no fundo (assim como todos nós), suscetíveis a erros. Também costuma faltar a essas pessoas empatia para reconhecer que os outros também têm necessidades, assim como elas.
Estejamos nós lidando com alguém com narcisismo saudável ou com alguém com traços narcisistas muito acima do normal, é preciso ter em conta de que essas pessoas sofrem, porque é humanamente impossível fazer o mundo funcionar segundo os seus referenciais.
Ver essa foto no Instagram
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.