O iFood apresentou, na semana passada, um pacote de ferramentas que facilita o pedido dos clientes por meio de texto e voz via WhatsApp. As soluções utilizam inteligência artificial generativa da OpenAI, dona do ChatGPT. O projeto, batizado de Compr.AI, é uma solução de ChatBot para WhatsApp que combina a tecnologia de Inteligência Artificial da OpenAI com as ferramentas de gestão e operação de mercados do iFood. Outra tecnologia é uma solução de mercado dentro do iFood – novo produto da vertical de mercado do iFood, integrada com OpenAI, que tem como objetivo facilitar a jornada de compra utilizando inteligência artificial.
Marcos Gurgel, diretor de Inovação do iFood e líder de inteligência artificial da empresa, explicou à Forbes Brasil como tem sido a aplicação da tecnologia pela companhia nos últimos seis anos e também sobre a aplicação nos negócios. “A IA generativa impulsiona pequenos negócios e empreendedores que conseguem mais agilidade através da tecnologia, sem contar a ampliação de experiência e conveniência”, diz Gurgel.
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Forbes Brasil – Como tem sido a evolução e aprendizado do iFood com o uso de inteligência artificial generativa?
Marcos Gurgel – Desde 2018, o iFood não só tinha uma área de inteligência artificial como também fez uma imersão nessa tecnologia da porta para dentro. Hoje, vivemos esse boom do assunto, mas do ponto de vista prático já testamos a IA há um bom tempo. E esse uso se dá em várias frentes: produtividade, eficiência, escala, processos internos. IA aplicada a previsão de modelos, acuracidade de informações, banco de dados. O passo que demos recentemente é expandir a tecnologia da porta para fora e em uma escala nacional.
FB – O que tem em desenvolvimento atualmente com IA generativa?
Gurgel – Temos diversos modelos sendo treinados internamente e diversos projetos na modalidade que o Fabrício (Bloisi, CEO do iFood) chama de Jet Ski que é testando, aprendendo e interpretando dados. Testamos muita coisa, tem vários projetos em beta e outras no pipeline. Muita coisa prevista para o segundo semestre.
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FB – Quais os desafios de controle e gestão de dados no caso da IA generativa?
Gurgel – O time de privacidade e dados está debruçado em tudo que estamos fazendo. Desenvolvemos uma metodologia que deve garantir que todos os produtos que vamos colocar para fora devem passar por um crivo que garanta segurança da informação e ética no que está sendo criado e recomendado, principalmente na questão de privacidade e uso de informações. Como estamos falando de algo relativamente novo quando pensamos em IA generativa, não recomendamos o uso de dados pessoais e informações confidenciais. São outros tipos de informações, como de jornada, por exemplo. Em outras palavras, um cliente saindo de um show de madrugada e pedindo uma recomendação ao iFood considerando o que seria melhor naquele momento.
FB – O que define essa ideia de levar o uso agora da porta para fora?
Gurgel – É ampliar o uso da IA para todos os parceiros interligados ao ecossistema iFood. Quando eu falo em democratizar o uso da tecnologia, por exemplo, é imaginar que será mais fácil para os clientes do iFood, mas também para os restaurantes, para os entregadores. No fim das contas, é uma forma de impactar todos os que estão nesse ecossistema. Também estamos colocando muito esforço no desenvolvimento de soluções proprietárias. A área de inovação tem se dedicado diretamente em criar produtos proprietárias com foco em: cliente final, restaurante, mercados e entregadores.
Veja 5 novas profissões criadas pela inteligência artificial:
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Getty Images Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.
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Divulgação Designers conversacionais
Os designers conversacionais são responsáveis pela adaptação das interfaces de IA aos atendimentos ao público e usuários finais, por exemplo. Esses profissionais hoje trabalham com UX (experiência do usuário) e na comunicação de avatares, por exemplo. Agora, estão ganhando uma nova funçãoi ao estender suas habilidades para treinamento de IA e suas respostas. -
Especialista em ética da IA
Mas as mudanças provocadas pela IA não se restringem ao mercado de trabalho. A discussão sobre regulação, segurança e governança precisa acompanhar o desenvolvimento. Por trás de toda tecnologia, existe uma programação realizada por humanos, com ideais e julgamentos particulares. O profissional de ética em IA será responsável por fazer essa análise, bem como se certificar de que os processos lógicos e programados das máquinas não se sobreponham às questões humanitárias. Advogados vão passar a se especializar em questões jurídicas relacionadas à IA. “Em algum momento, as empresas irão precisar de governança ligada à IA para pensar esses limites”, diz a economista Dora Kaufman, professora da PUC-SP e pesquisadora dos impactos éticos da Inteligência Artificial.
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picture alliance/Getty Images Designers de prompts para IA
Os designers de prompts para IA são especializados na interação entre humanos e tecnologia. Os prompts são perguntas, instruções e demandas comuns, presentes na comunicação entre o usuário e sistemas como o ChatGPT, por exemplo. O objetivo dessa função é identificar as principais necessidades dos usuários ao interagir com uma inteligência artificial e criar a melhor conversa possível entre máquinas e seres humanos.
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Curadoria de informações para IA
A curadoria para desenvolvimento da IA também está entre as funções importantes nesse mercado que se abre. É a pessoa que vai pesquisar, analisar e selecionar as informações que a IA terá acesso – inclusive tem implicações sobre discussões sobre ética, inclusão e diversidade nos resultados das buscas. “Esse profissional é responsável pela melhoria contínua das interações dos usuários com as interfaces conversacionais. O trabalho é feito por meio da análise das interações, mapeamento e criação de novos exemplos para o modelo de inteligência artificial, e do acompanhamento dos objetivos de negócio”, diz Bonora.
Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.
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FB – De qual impacto estamos falando, qual a proporção desse ecossistema?
Gurgel – Nossa operação tem mais de 70 milhões de pedidos por mês, quase 1,7 mil cidades e 300 mil parceiros operando além de quase 200 mil entregadores servindo a uma base de 40 milhões de pessoas usando o aplicativo. Quando olhamos para esse universo, é perceptível a transformação e com muita velocidade.
FB – O quanto esse movimento pode ampliar possibilidades de negócios e receitas?
Gurgel – Tem o primeiro aspecto de melhorar a experiência, mas também é sobre personalização, fidelidade, frequência. Além disso, o uso da IA generativa impulsiona pequenos negócios e empreendedores que conseguem mais agilidade através da tecnologia. Ainda é, de certa forma, imensurável fazer projeção de para onde isso vai, mas você consegue entender que o objetivo da companhia hoje é impactar positivamente o ecossistema como um todo. Os esforços que o iFood tem feito são muito relacionados a criar soluções proprietárias e inovadoras que possam mudar a forma como as pessoas se alimentam, seja por mercado, seja via restaurantes.