O medo de perder algo tem sido uma sombra constante em nossas vidas. O ritmo acelerado e a competição são implacáveis e a FOMO (Fear Of Missing Out) tem sido um fenômeno predominante. Trata-se da ansiedade gerada pela percepção constante de que estamos perdendo algo – uma oportunidade de negócio, uma tendência de mercado, ou até uma simples reunião social. Fato é que este fenômeno psicológico consiste em um sentimento de ansiedade por não estar presente em situações sociais, o que causa uma apreensão generalizada de que os outros possam estar tendo experiências gratificantes das quais alguém está ausente. Consequências desse cenário? Segundo um relatório da Deloitte de 2021, 77% dos profissionais relataram ter experimentado burnout em seu trabalho. Isso reflete a realidade da FOMO no ambiente corporativo: a pressão constante para estar sempre disponível e na vanguarda.
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É praticamente impossível saber de tudo ou estar em todos os lugares ao mesmo tempo. A FOMO é caracterizada pelo desejo de permanecer continuamente conectado com o que os outros estão fazendo. É preciso recalcular a rota. Foi assim que a geração Z nos apresentou o conceito de JOMO (Joy Of Missing Out), que em português significa alegria por perder as coisas para aproveitar o que você está fazendo em cada momento, sem se preocupar com o que todos os outros estão fazendo. Essa foi uma resposta à FOMO, ou seja, praticamente um basta ao “medo de perder” ou “medo de ficar de fora” ou “medo de não ser o mais legal” e levar uma ansiedade para casa de brinde. A emergente tendência do JOMO (Joy Of Missing Out), popularizada pela geração Z, representa a satisfação de estar no momento presente, desconectando-se das incessantes demandas externas. Um verdadeiro antídoto: a capacidade de dizer “não”, de valorizar o nosso tempo e energia.
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Imagine que você está em casa no sábado à noite, curtindo em paz um filme que há muito queria ver sem se preocupar com o último post que seus amigos estão fazendo no Instagram ou com a última trend do X (antigo Twitter). Imagina você não se culpar por estar investindo mais tempo consigo mesma ou com a sua família, ao invés de estar no Happy Hour com os amigos do trabalho. Isso é JOMO. É sentir alegria por você ser o seu foco, e não mais os outros. É não se preocupar com o que está acontecendo lá fora e viver o aqui e o agora porque sempre haverá algo melhor para fazer depois. E mais… É aceitar isso e poder ver que sempre há algo para desfrutar em cada situação em que nos encontramos.
Essa ficha caiu até mesmo para as empresas de tecnologia, frequentemente acusadas de alimentar a FOMO, e que estão agora liderando a mudança. A empresa Google, por exemplo, introduziu recursos de bem-estar digital para encorajar um uso mais consciente da tecnologia. Em sua página de bem-estar digital, a empresa enfatiza que “a excelente tecnologia deve melhorar nossas vidas, não desviar a atenção delas”. Essa filosofia reflete um movimento maior no mercado, onde a qualidade da atenção está se tornando mais valorizada do que a quantidade de horas trabalhadas. Outro exemplo se destaca no estudo da McKinsey, que mostra a busca do consumidor por marcas que ofereçam genuinamente experiências significativas, e não apenas interações superficiais. Isso indica uma mudança na mentalidade dos consumidores, alinhando-se mais com o JOMO do que com a FOMO.
Com a chegada do meu filho Lucca, e paralelamente atenta às minhas demandas como empreendedora, educadora e investidora, percebo a importância de integrar trabalho e vida pessoal. A JOMO traz essa perspectiva para a mesa. É sobre criar um ambiente onde a saúde mental e o bem-estar são prioridades. Nesse cenário, devemos nos perguntar: estamos criando culturas corporativas que valorizam a qualidade de vida e o bem-estar dos funcionários? Como líderes, é nossa responsabilidade não apenas acompanhar as tendências de mercado, mas também sermos agentes de mudança positiva, promovendo práticas que sustentem um estilo de vida mais integrado e saudável.
O conceito de JOMO não é sobre viver isolado e muito menos ausente de tudo. É sobre escolher conscientemente onde colocar nossa energia. Eu escolhi liderar pelo exemplo, integrando trabalho árduo com bem-estar. Empreendedores e empreendedoras, vamos transformar essa onda em um movimento, demonstrando que sucesso e saúde mental podem ser parceiros de jornada. É hora de mudar o jogo.
Camila Farani é Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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