“Comandar uma empresa é sempre um enorme desafio e, com certeza, tudo isso ficou ainda mais desafiador depois de abrirmos capital e agora com a pandemia.
Falando primeiramente sobre o IPO [a abertura de capital da Locaweb na bolsa, feita no início fevereiro, captou R$ 1,3 bilhão], foi um processo bem pensado, que começou há muitos anos e, quando eu assumi a presidência, foi possível evoluir e concretizar esse plano. Ser uma empresa de capital aberto, exige o mais alto nível de governança, muita transparência e ter que lidar com a expectativa de milhares de investidores que colocaram os seus recursos na companhia. Não é fácil, mas desde o início do projeto eu tenho me dedicado e aprendido muito e o resultado é que as ações estão subindo e, atualmente, têm um valor de mercado mais alto do que antes do Covid-19.
Uma empresa de tecnologia não abre capital para dar o mesmo resultado ano a ano. Temos expectativa de crescimento, e é isso que queremos entregar.
Outro grande desafio, para mim em particular, é gerir inúmeras frentes. Temos seis unidades de negócios e dezenas de serviços e preciso saber de tudo que acontece nesses mercados. Além disso, estou diretamente ligado e participando ativamente do processo de M&A [fusão e aquisição]. Essa é parte importante da nossa estratégia e desde 2012 já fizemos seis aquisições verdadeiramente transformacionais e bem-sucedidas.
A minha primeira preocupação quando a Covid-19 chegou ao Brasil, foi montar um plano junto com o meu time para garantir que todos os nossos mais de 1.500 colaboradores conseguissem trabalhar de casa, em segurança e com as condições necessárias para isso. Felizmente, já estávamos bem avançados no que se refere ao trabalho remoto e conseguimos fazer essa transição sem grandes impactos, pois já tínhamos formas de acompanhar a produtividade dos times, squads, metodologias ágeis etc.
Um grande desafio e aprendizado para mim está sendo manter a cultura e os valores da Locaweb fortes, mesmo com o distanciamento. A nossa sede em São Paulo é toda aberta, um espaço cheio de natureza, justamente para proporcionar bem-estar, a integração entre os times e a fluidez das informações. Neste novo cenário, muda bastante e precisamos aprender a lidar com isso.
Além dos nossos colaboradores, pensei muito nos nossos clientes, que dependem dos nossos serviços para continuarem rodando os seus negócios. Era primordial manter o nível de qualidade e entrega para não deixar na mão essas mais de 360 mil empresas que confiam em nós para colocarem as suas empresas no digital, venderem online, se relacionarem com os seus clientes utilizando as nossas ferramentas e até acessarem os seus arquivos na nuvem.
O mundo está sentindo a necessidade de acelerar a transformação digital e isso nos abriu novas portas. Claro que ninguém estava pronto para viver uma pandemia e muitas medidas precisaram ser tomadas. Em alguns dos nossos serviços, tivemos um aumento enorme de demanda. Na Tray, por exemplo, unidade que vende plataforma para comércio eletrônico, tivemos o crescimento do GMV [gross merchandise volume ou volume bruto de mercadorias]de 44,4% no primeiro trimestre, totalizando R$ 1,2 bilhão. Só em março, o aumento foi de 49%. O mês de abril seguiu com esse ritmo acelerado de vendas de novas lojas e foi o melhor mês da história da operação de Commerce, com o GMV aumentando 79,8%. Com esses volumes de novos entrantes, nos consolidamos como uma das principais ferramentas para digitalização das pequenas e médias empresas no Brasil.
Já no caso do Delivery Direto, que é a nossa solução para que os restaurantes possam ter um aplicativo próprio de entrega e relacionamento com clientes, tivemos um crescimento quatro vezes maior comparado à média mensal. Além disso, o quadro de funcionários cresceu 57% em relação à base anterior. E a postura da unidade tem sido direcionada para conseguir auxiliar quem está começando na área dos aplicativos de entrega. A própria taxa de adesão foi diminuída para dar espaço aos pequenos e médios negócios que foram afetados pela crise. Outros serviços também estão indo muito bem, já que tudo que oferecemos é parte importante do processo de transformação digital das empresas.
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A atual crise tem mostrado, cada vez mais, a importância da tecnologia. Conceitos que ainda estavam sendo analisados, tiveram que ser colocados em prática, o mais rápido possível, gerando novas possibilidades de reinventar as formas de consumo.
É impossível pensar em tudo o que está acontecendo e não associar a tecnologia às soluções. Ela está presente em todas as pesquisas que estão sendo feitas, no desenvolvimento dos remédios e vacinas, na nova vida das pessoas, que estão comprando tudo online, comemorando datas importantes por videoconferência, matando as saudades dos amigos pelas redes sociais e, também, fazendo negócios no ambiente digital.
O futuro com certeza será difícil para muitas pessoas que perderam seus entes e amigos queridos, para empresários que terão que fechar suas portas, para pessoas que perderam os seus empregos e, com certeza, somos solidários a eles. Contudo, toda crise também abre um cenário de oportunidades e, com os novos comportamentos das pessoas, tenho a certeza de que muitas dessas estarão relacionadas à transformação digital. Acredito que estamos acelerando 10 anos em poucos meses e os que forem resilientes conseguirão passar por essa fase com menos impactos e mais conquistas.”
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