O dólar fechou hoje (20) em queda de mais de 1% e no menor patamar em duas semanas, com as operações locais captando o bom humor externo com esperanças de estímulos e de reabertura das economias.
O dólar à vista caiu 1,23%, a R$ 5,6902 na venda, mínima desde o último dia 5 (R$ 5,5902).
Na B3, o dólar futuro tinha queda de 1,34%, a R$ 5,6860, às 17h06.
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No exterior, um índice do dólar contra uma cesta de moedas cedia 0,36%. Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq bateram máximas em vários meses, com investidores confiantes em mais estímulos pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) e numa recuperação econômica forte após a reabertura das economias.
Na ata da última reunião de política monetária do Fed, divulgada nesta quarta-feira, os membros do BC norte-americano prometeram agir conforme apropriado para dar apoio à economia. O Fed já anunciou trilhões de dólares em medidas sem precedentes nesta crise a fim de amparar o sistema financeiro, a economia e amenizar problemas no mercado de financiamento em dólares.
Moedas emergentes pares do real se valorizavam, com destaque para os ganhos de mais de 2% de peso mexicano e rand sul-africano.
Contudo, embora o real tenha seguido a toada externa, ainda registrou desempenho aquém de vários de seus rivais emergentes mais próximos – comportamento recorrente e que, segundo analistas, se deve a fatores idiossincráticos.
O dólar está 3,58% abaixo do recorde histórico nominal para um fechamento alcançado em 13 de maio (R$ 5,9012 na venda), mas para Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do Travelex Bank, ainda é “muito cedo” para se falar em reversão de tendência de alta.
Ele cita, entre os fatores, a incerteza sobre o andamento da crise de saúde pública no Brasil. “Estamos com os números [de mortes e casos de coronavírus] nas máximas, mas não sabemos se isso é o pico ainda”, disse.
A leitura é que, quanto mais demorar para achatar a curva de casos e mortes no Brasil, mais tempo a economia levará para se recuperar.
Pellegrini calcula que o dólar deverá operar num intervalo entre R$ 5,40 e R$ 5,80 ao longo deste ano. “Mas, no curto prazo, é possível que cheguemos aos R$ 6,20 “, afirmou.
A taxa de R$ 6,20 também é esperada pelo Credit Suisse no curto prazo. O banco disse não estar pronto para “jogar a toalha” sobre estratégia de preterir o real ante outras divisas emergentes, já que o mantém na lista de divisas fiscal ou politicamente expostas, e classificou a moeda brasileira como “tóxica”.
Evidência da incerteza do investidor com o câmbio, a volatilidade implícita das opções de dólar/real para três meses segue como a mais alta entre as principais divisas emergentes, bem acima de 20% e perto dos picos do ano, enquanto medidas equivalentes para vários rivais do grupo estão em queda há semanas.
“Estão todos esperando a decisão do [ministro do STF] Celso de Mello sobre o vídeo da reunião ministerial. Dependendo do teor desse vídeo podemos ter uma guinada para cima ou para baixo [no dólar]”, disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Arbetman se referiu a um vídeo apontado como importante prova dentro do inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir no comando da Polícia Federal. Celso de Mello, relator do caso, vai decidir se divulga o vídeo da reunião ministerial.
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Em termos nominais, o real cai 29,48% ante o dólar neste ano, pior desempenho global. Já a taxa efetiva real de câmbio do real recua 19,91% até abril (segundo últimos dados disponíveis), para o menor patamar desde novembro de 2004, conforme números do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) atualizados nesta quarta-feira. (Com Reuters)
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