O dólar voltou a mostrar firme queda hoje (22) e o real mais uma vez liderou os ganhos entre as principais divisas, com operadores citando ajustes de posições no mercado de câmbio em meio a nova sessão de enfraquecimento global da moeda norte-americana.
O dólar à vista caiu 1,87%, a R$ 5,1143 na venda, menor patamar desde 12 de junho (R$ 5,0454).
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A cotação oscilou em queda durante todo o pregão. Na mínima, cedeu a 5,0835 reais (-2,46%), enquanto na máxima marcou 5,2035 reais (-0,15%).
Na B3, o dólar futuro tinha baixa de 1,30%, a R$ 5,1070, às 17h09.
O real ainda perde 21,54% em 2020, o que mantém a moeda brasileira com o título de pior desempenho do ano. Alguns analistas dizem que o real vinha sofrendo mais por causa da escalada de incertezas fiscais em meio a baixos retornos ajustados pelo risco.
Com isso, posições contrárias à moeda brasileira foram montadas, também para protegerem aplicações em outros mercados (como bolsa e renda fixa). Com a melhora do ambiente global e sinais de fragilidade do dólar no mundo, esse “trade” estaria sendo desfeito, patrocinando o ajuste mais forte na cotação. O novo dia de fraqueza do Ibovespa e junto com queda firme do dólar endossa essa percepção, segundo analistas.
O recuo da moeda dos EUA se estendeu depois de na véspera ter caído para baixo de sua média móvel de 100 dias, movimento que alguns acreditam que pode acionar ordens de venda, acelerando a desvalorização da divisa.
Na terça, o dólar chegou a cair 3,29% ante o real durante os negócios, em dia de expressiva perda da moeda em todo o mundo. Nesta quarta, o índice do dólar frente a uma cesta de rivais estendia as quedas ao ceder 0,2%, indo a mínimas desde março e se aproximando de patamares vistos pela última vez em setembro de 2018.
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“Parece que o Federal Reserve está fazendo todo o possível para reduzir o valor do dólar e, portanto, é provável que continuemos a ver o real se apreciar, apesar do fato de que não há razão fundamental para o Brasil ter esse desempenho”, disseram analistas do DailyForex.
Desde o começo da crise econômica global gerada pela pandemia, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) anunciou trilhões de dólares em medidas para irrigar o sistema financeiro, aliviando a pressão de demanda por dólares.
“Caso o cenário internacional mantenha o clima atual, de ânimo para um retomada definitiva, poderemos ver na próxima semana a moeda norte-americana cotada a menos de 5 reais”, disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. “Para isso, a briga entre e a China e os Estados Unidos precisa ser solucionada de forma tranquila, assim como a pandemia não pode fugir do atual patamar de controle”, acrescentou.
O iuan chinês negociado no mercado offshore caía cerca de 0,6% nesta sessão, depois de os Estados Unidos instruírem o consulado chinês em Houston a fechar em três dias, citando a necessidade de proteger propriedade intelectual e informações norte-americanas, em meio a um deterioração aguda das relações entre os dois países.
Em julho, o real aprecia 4,42% ante o dólar. Segundo o Morgan Stanley, a correção na moeda brasileira pode estar relacionada à melhora do potencial de recuperação do crescimento do país, à medida que analistas passam a ver retração menor do PIB neste ano, conforme as últimas edições da pesquisa Focus do Banco Central.
Os estrategistas do banco norte-americano minimizam por ora os efeitos sobre os ativos vindos da reforma tributária, mas destacam que será importante acompanhar debates em busca de consenso entre Executivo e Legislativo.
“Sinais iniciais de acordo poderiam sugerir cenário favorável para medidas fiscais mais amplas como parte desta reforma e seriam fator positivo para os ativos locais”, escreveram em relatório.
A volatilidade implícita na taxa de câmbio teve leve alta nesta sessão. Após ter indicado nas últimas semanas que o Banco Central ainda estava investigando as causas da volatilidade cambial, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira que começou a ter figura um pouco mais clara, mas pontuou que quanto menos intervenção houver no mercado, melhor. (Com Reuters)
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