O dólar fechou em alta ante o real hoje (15), depois de cair mais de 1% durante a manhã, com as incertezas sobre a economia do Brasil pesando sobre o cenário para ingresso de capital.
A moeda brasileira mais uma vez ficou atrás de vários de seus pares emergentes e não conseguiu capturar de forma consistente o dia positivo nos mercados internacionais, embalados por notícias sobre desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19.
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A forte alta do Ibovespa, índice de referência do mercado de ações do Brasil, em dia de valorização do dólar ante o real sugere que a sessão novamente foi influenciada pelo trade “compra de bolsa/compra de dólar”.
Analistas têm destacado a ausência do real nas listas de ativos que mais claramente podem se beneficiar de uma retomada da atividade, uma vez que o juro baixo barateou o custo de hedge via câmbio de posições em outros mercados, como o de ações.
O dólar à vista subiu 0,66%, a R$ 5,3838 na venda. A moeda oscilou entre queda de 1,05%, para R$ 5,2921, e alta de 0,77%, a R$ 5,3894. Na B3, o dólar futuro tinha valorização de 0,31%, a 5,3910, às 17h09.
No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de seis moedas de países ricos caía 0,1%, enquanto rand sul-africano, peso mexicano e peso chileno –de perfil semelhante ao do real– ganhavam entre 0,5% e 0,8%. Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, disse que um dos principais fatores para a instabilidade no câmbio é o fato de que o Brasil segue como um dos principais focos globais da pandemia de coronavírus.
“A recuperação (econômica) será mais lenta no Brasil em relação a EUA e China, por exemplo. E isso está se refletindo na moeda”, afirmou, citando ainda a deterioração das contas públicas. “(A piora fiscal) é por causa da pandemia, mas não deixa de preocupar.”
O Ministério da Economia manteve nesta quarta-feira sua projeção de queda para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 de 4,7%, mesmo número calculado em maio e melhor que a retração de 6,10% esperada por analistas consultados pelo Banco Central para a pesquisa Focus.
Lembrando que o IBC-Br de maio, divulgado na véspera, veio mais fraco que o esperado pelo mercado, o Citi calcula que os números são consistentes com tombo de 9,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre sobre o primeiro, o que reforça expectativa do banco de declínio de 6,5% para a economia em 2020, pior que a mediana trazida pelo Focus.
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O UBS prevê que um cenário em que restrições de mobilidade permaneçam nos recentes níveis para além de 2020 traz expectativa implícita de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caía 9% neste ano, bem pior que a projeção do Ministério da Economia e que a trazida pela Focus.
Uma economia fraca desestimula ingresso de capital ao país, o que tende a exercer mais pressão de alta sobre o dólar. E dados do Banco Central divulgados nesta quarta revelaram acentuada piora nas saídas de recursos do Brasil nos últimos dias.
O fluxo cambial ficou negativo em quase US$ 2 bilhões apenas na semana passada, elevando o déficit de julho a US$ 2,376 bilhões. No ano, a debandada é de quase US$ 15 bilhões.
As saídas de capital afetam a liquidez do mercado, contribuindo para o intenso vaivém nas cotações percebido nas últimas semanas.
O foco dos investidores se volta agora para dados do PIB chinês, que serão divulgados na noite desta quarta-feira. Economistas consultados pela Reuters estimam crescimento de 9,6% no segundo trimestre sobre um ano antes.
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“Se o resultado não atender às expectativas, poderemos ver o sentimento a favor do risco ser suplantado, conforme investidores antecipam um caminho mais difícil pela frente”, disse a corretora de câmbio Orbex.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil e a segunda maior economia do mundo. (Com Reuters)
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