O dólar era negociado em alta contra o real hoje (17), devolvendo parte das perdas da véspera à medida que os operadores reagiam à decisão do Copom de manter a taxa Selic na mínima histórica de 2%, enquanto uma mensagem decepcionante do Federal Reserve abalava o apetite por risco no exterior.
Às 10:09, o dólar avançava 0,52%, a R$ 5,2680 na venda, e chegou saltar para R$ 5,2930 na máxima do dia. O contrato mais líquido de dólar futuro ganhava 0,53%, a R$ 5,6285.
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Esse movimento estava em linha com o comportamento de alta do dólar ante outras moedas arriscadas pares do real, como lira turca, peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano. Outros ativos que são pressionados em momentos de cautela, como os futuros de Wall Street e as bolsas de valores europeias, eram negociados em queda diante do pessimismo internacional.
“Como principal motivo desse mau-humor aparece o Fed nos EUA, que, após decidir ontem pela manutenção de seu juro básico (…), não agradou os investidores ao deixar de dar sinalizações de que possa relaxar ainda mais a sua política monetária”, escreveu Ricardo Gomes da Silva Filho, da Correparti Corretora.
O banco central dos Estados Unidos prometeu ontem manter os juros perto de zero até que a inflação fique no caminho de ultrapassar a meta de 2%, mas não citou nenhuma medida adicional de afrouxamento. Além disso, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que a recuperação econômica deve desacelerar e que o mercado de trabalho norte-americano ainda tem um longo caminho a percorrer até atingir uma meta de emprego máximo.
Hoje, um indicador semanal que acompanha o mercado de trabalho dos EUA mostrou que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada, mas permaneceu em níveis extremamente altos.
Enquanto isso, no Brasil, os investidores reagiam à notícia de que o Banco Central manteve a taxa Selic em sua mínima histórica de 2% ao ano após nove cortes consecutivos, conforme esperado pelo mercado, sem grandes novidades quanto à política monetária.
No comunicado, além de reconhecer que a inflação deve acelerar no curto prazo, o BC repetiu a existência de um pequeno espaço, se algum, para cortar os juros à frente. E reiterou a orientação futura, já divulgada anteriormente, de que não pretende elevar a taxa básica até que o cenário básico esteja próximo da meta da autarquia.
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“A inclusão da utilização do forward guidance – que já estava presente na última ata – sustenta a expectativa de juros baixos por algum tempo, ainda que condicionados à evolução da política fiscal e das expectativas de inflação”, explicaram em nota analistas do Bradesco.
O patamar extremamente baixo dos juros brasileiros tem sido apontado em 2020 como um dos principais fatores para a disparada do dólar em relação ao real, além de riscos econômicos e incertezas políticas locais. Até agora, no ano, a moeda norte-americana acumula ganho de mais de 31% contra a divisa brasileira.
Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário registrou queda de 0,91%, a R$ 5,2406 na venda, menor nível desde 31 de julho. (Com Reuters)
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