A M. Dias Branco, que atua nos mercados de biscoitos e massas no Brasil, registrou lucro líquido de R$ 209 milhões no quarto trimestre de 2020, uma queda de 21,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, pressionada por maiores custos com trigo e câmbio, e recuo da demanda interna.
Na mesma linha, o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 192,2 milhões no trimestre, redução de 33,5% ante igual período de 2019, informou hoje (31) a companhia em balanço, citando que o fim do auxílio emergencial impactou os resultados.
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A receita líquida ficou praticamente estável, com variação positiva de 0,4% no ano a ano, para R$ 1,7 bilhão, afetada por uma diminuição no poder de compra das famílias.
Quebrando um ciclo de alta visto desde o início da pandemia da Covid-19, os três últimos meses do ano marcaram queda 15,5% no volume total de vendas, para 415,7 mil toneladas, em relação ao mesmo intervalo de 2019. A comercialização de biscoitos baixou 10% e de massas, 9,9%.
“Entendemos que houve uma relação com o fim do auxílio emergencial, pois no segundo e terceiro trimestres houve aumento na demanda por biscoitos e massas”, disse à Reuters o diretor executivo de Relações com Investidores e Novos Negócios da empresa, Fabio Cefaly.
Ele ressaltou que a companhia ganhou “market share” frente aos concorrentes, mas os volumes caíram. “Essa conta fecha quando a gente olha o mercado, (porque) o mercado também caiu”, afirmou.
Paralelo a isso, Cefaly disse que a M. Dias tem feito reajustes nos valores dos produtos comercializados para recompor as margens que são prejudicadas por aumentos nas despesas.
“Quando colocamos preço, a gente sente nos volumes”, afirmou o executivo, ao lembrar que em outubro foi aplicado um reajuste de 10% sobre os valores das massas, algo que contribuiu para a redução nas vendas do último trimestre de 2020.
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Em janeiro, a M. Dias fez mais um reajuste de 10% nos preços, mas desta vez não só nas massas como em todo o portfólio de produtos.
O diretor explicou que o principal fator que encareceu os custos da companhia foi a valorização do dólar, devido ao impacto cambial sobre matérias-primas como o trigo e óleo de palma.
Além disso, ele ressaltou que os preços do cereal em dólar subiram 12,5% no quarto trimestre comparado ao mesmo período do ano anterior. “Vimos o trigo subindo em dólar, a valorização da moeda americana… e a entrada da safra nacional também não gerou impacto relevante para baixar as despesas”, afirmou.
Tradicionalmente, a M. Dias Branco utiliza o trigo nacional e o produto importado de diversas origens, como Argentina, Estados Unidos, Rússia e Canadá para realizar “blends” utilizados na produção dos alimentos.
Vale destacar também que a empresa possui um alto patamar de verticalização de insumos para o processo industrial, pois 99,6% da farinha de trigo consumida pela companhia é de produção própria – o que justifica os efeitos causados pela variação de preços do cereal e do câmbio.
DESEMPENHO ANUAL
Apesar de um quarto trimestre desafiador, a M. Dias Branco acumulou alta de 37,2% no lucro líquido de 2020, para R$ 763,8 milhões, enquanto o Ebitda subiu 26,2%, para R$ 974,3 milhões.
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A receita líquida anual cresceu 18,8%, para R$ 7,25 bilhões, impulsionada por aumentos tanto no volume de vendas de biscoitos (11,7%), quanto de massas (22%). Além do crescimento na comercialização, a companhia também viu um acréscimo de 6,1% no preço médio do portfólio de produtos.
“O lucro do ano cresceu principalmente em função da receita e do aumento na demanda ocorrido no segundo e terceiro trimestres… apesar do ano ter sido marcado por custos muito elevados”, disse Cefaly.
Ele calcula que a empresa contou com um impacto negativo na casa dos R$ 680 milhões apenas em função do dólar.
Em contrapartida, o executivo destacou que a alavancagem – medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda – fechou 2020 em 0,4 vez, abaixo do patamar de 0,8 vez registrado no quarto trimestre de 2019.
“A alavancagem mostra que saímos desse ano com um balanço mais forte do que o que a gente entrou”, avaliou. Isso permitiu que a empresa desse um salto de 81,8% na remuneração aos acionistas em 2020, para o total de R$ 154,5 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio.
Para 2021, Cefaly disse que o cenário é adverso, com destaque para a questão dos custos, e o retorno do auxílio emergencial pode ajudar a dar um fôlego para a demanda, “embora este não seja o único motor de crescimento para empresa”. (Com Reuters)
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