As decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil são ansiosamente aguardadas para amanhã (16), mas resultado dos encontros dos comitês de política monetária não devem trazer surpresas para o mercado, que espera uma manutenção por parte do Fed (Federal Reserve) na taxa Fed Funds entre 0,0% e 0,25%, e uma elevação da taxa Selic de 3,50% para 4,25%. O foco do mercado está voltado para os comunicados das autarquias, que devem trazer comentários sobre o cenário atual e sinalizações para a condução de ambas as economias nos próximos meses.
Investidores ao redor do mundo já operam em ritmo de cautela desde a semana passada à espera da Super Quarta, antes de se comprometer com novas movimentações. O Forbes Money reuniu as principais análises do mercado sobre as expectativas das decisões do Copom (Comitê de Política Monetária) e do Fomc (Federal Open Market Committee, na sigla em inglês). Confira a seguir:
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O que esperar do Copom
O Banco Central já havia sinalizado em sua última reunião, quando elevou a Selic para 3,50%, que a tendência era de elevação da mesma magnitude na reunião de junho : 0,75 ponto-percentual. De acordo com analistas, o mais importante para o comunicado de amanhã é acompanhar as indicações sobre os próximos meses, em especial para a reunião dos dias 3 e 4 de agosto.
Na análise do Itaú Unibanco, o Copom deve abandonar a menção dos últimos comunicados de uma “normalização ‘parcial’ do grau de estímulo monetário dado o contexto de inflação ainda bastante pressionada e significativa retomada da economia, que reduz o hiato do produto e resulta em menos pressão desinflacionária à frente”. O banco pondera ainda que, em contrapartida, a mais recente apreciação do real como novo elemento da discussão, que deve reduzir “a pressão por aumentos adicionais da taxa de juros”.
Ainda assim, o relatório assinado pelo economista-chefe do banco, Mario Mesquita, espera uma sinalização de mais um aumento de 0,75 ponto-percentual na reunião de agosto, que deverá “contribuir para consolidar a tendência recente de fortalecimento do real, que se apresenta como o principal mecanismo de desinflação disponível no curto prazo”.
Em maio, a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,83%, o maior resultado para o mês desde 1996. O acumulado em 12 meses ficou em 8,06%, acima da meta do governo de 3,75%. O Relatório Focus do BC da última segunda-feira (14) projeta o indicador em 5,82% para o fim de 2021.
De acordo com o Goldman Sachs, a indicação futura do Copom deve ser mais generalista e ampla, de que a política “será calibrada para manter a trajetória de inflação projetada alinhada com as metas ao longo do horizonte relevante”.
O banco também aguarda uma sinalização de novo aumento da Selic de mesma magnitude para agosto, e chama atenção para a resiliência da atividade econômica, apesar dos permanentes desafios impostos pela pandemia.
Para Gustavo Sung, economista da Suno Research, a alta da taxa básica de juros deve favorecer a vinda de capital estrangeiro para o país e impactar positivamente nos retornos dos ativos locais. “Com a maior entrada de dólares na economia, a tendência é de valorização do câmbio e, portanto, menores os preços dos bens importados em moeda local – diminuindo a pressão sobre a inflação.”
“Com relação ao mercado financeiro brasileiro, acreditamos que não há ainda grandes incentivos para uma guinada à renda fixa. Se levarmos em conta a inflação, alguns investimentos estão apresentando retorno reais negativos. Nesse sentido, esse aumento dos juros tem pouco impacto sobre a bolsa brasileira.”
Já o ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, defende que o Copom deve se comprometer com uma retirada dos estímulos monetários este ano, conforme antecipado pelo Valor Investe, para que não dê a entender que a meta implícita de inflação pode ser maior do que a oficial. “Na próxima reunião, o Copom não só deverá elevar a Selic em 75 pontos base, como também anunciar que não está mais comprometido com um ajustamento parcial, e sim com o ajustamento que for necessário para trazer a inflação para a meta”.
O que esperar do Fomc
A decisão de juros norte-americana virá acompanhada do resumo das projeções da autarquia, o que “deixará o plano de voo dos formuladores de política monetária americanos mais claro para o investidor”, na visão da Guide Investimentos. A corretora chama atenção ainda para a expectativa futura, com aposta “em uma sinalização de alta dos juros em 2023”.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, explica que os bancos centrais brasileiro e norte-americano estão em momentos antagônicos. “O Brasil está em processo de redução do estímulo monetário, em processo de diminuição da injeção de moeda na economia, enquanto o Fed tenta manter as expectativas ancoradas para o lado mais dovish (pró-estímulos)”.
Sanchez diz que, nos EUA, o foco maior vai ser sobre a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, tradicionalmente 30 minutos após a divulgação do comunicado. “A gente espera que o Powell fale um pouco sobre a discussão da redução do ritmo de estímulos, ou que pelo menos introduza o debate a respeito de eventual redução”
“ A avaliação é que eles vão manter o tom dovish, falando a respeito da elevação temporária da inflação, reconhecendo a força que a economia está tendo, mas ainda longe do pleno emprego e de suas atribuições de um mandato dual, que mira inflação e também um pleno emprego.”
A inflação norte-americana medida pelo CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) ficou em 0,6% em maio, acima das expectativas de 0,4% projetadas pelo mercado. Na comparação anual, a alta foi de 5,0%, o maior avanço desde agosto de 2008.
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