Apesar das incertezas sobre o futuro do varejo da moda no metaverso e no mercado de NFTs (tokens não fungíveis), a Estée Lauder Companies aposta nas duas tendências sob o comando de uma brasileira, Liz Bacelar.
A diretora executiva de inovação tecnológica global da companhia participou hoje (18) do painel “Metaverso e NFTs: Catalisadores de criatividade para novas experiências no segmento de beleza” da NRF Big Show 2022, o maior evento de varejo do mundo, realizado em Nova York.
“Estou aqui para dizer que o varejo físico não vai mudar. Os avatares serão uma extensão do que somos e nós somos seres físicos. Teremos lojas que vão se comportar do jeito físico e lojas que vão se comportar do jeito digital”, diz.
Para Bacelar, existem duas formas de “jogar o jogo do metaverso”. Uma delas é pular de cabeça e replicar o que outras marcas estão fazendo, o que ela não recomenda; a outra é entender o que agrega mais valor para a sua empresa.
“Você precisa aprender, se educar, entender o que é. Se pergunte se o que está sendo feito é valioso para você e para sua empresa, porque o que é valioso para o outro pode não ser para você”, diz a executiva.
Bacelar conta que a equipe da Estée Lauder estudou cada nova tecnologia que surgiu nos últimos anos, como realidade virtual, criptoativos, NFTs (token não fungíveis) e, agora, o metaverso, e identificou qual valor cada um desses elementos traria para a marca.
Um dos lançamentos da empresa de cosméticos no mundo digital foi a iniciativa “Meta Optimist” realizada pela Clinique, uma das marcas do grupo. O projeto ofereceu um NFT para os membros do programa de recompensas da marca e uma chance de ganhar produtos gratuitos por dez anos. Para participar os consumidores precisaram publicar um vídeo nas redes sociais com histórias otimistas.
“Foi um projeto com muitos detalhes. Para saber se o consumidor estava preparado, nós criamos um projeto paralelo, focado apenas nos nossos funcionários, no qual utilizamos NFTs para arrecadar dinheiro para uma causa social.”
Bacelar conta que não foi dada nenhuma explicação para os colaboradores – eles foram deixados no escuro de propósito, justamente para que a empresa pudesse descobrir a reação e aceitação deles à iniciativa. Para a surpresa dos executivos, os NFTs foram todos vendidos, o que reforçou o otimismo da marca em relação às possibilidades do mundo digital.
Onde o mundo físico acaba e o digital começa?
Existem ainda muitas dúvidas de como funcionará a interação entre os produtos existentes no mundo físico e no mundo digital.
“Não sabemos ainda como vai ser o lançamento dos produtos nos dois mundos. Serão versões diferentes, ou versões gêmeas? O rímel que eu compro no mundo físico vai fazer sair chamas dos meus cílios no metaverso?”, brinca Bacelar.
A executiva conta que a China serviu de inspiração para os planos da Estée Lauder para o metaverso. Segundo ela, o país rapidamente adotou a noção de virtualidade – enquanto nos Estados Unidos o que se viu foi um aumento considerável no consumo de jogos online durante a pandemia, na China, o metaverso se tornou “físico”.
“Os chineses misturaram os aspectos do mundo físico e digital gerando uma integração de produtos dos dois mundos. Isso trouxe muitas ideias para o meu time da Estée Lauder.”