A Liqi, startup brasileira de tokenização de ativos, acaba de anunciar um aporte Série A de R$ 27,5 milhões. A rodada de investimentos foi liderada pelo fundo de capital de risco do Itaú Unibanco, pela Oliveira Trust, e pelo fundo Honey Island by 4UM.
Segundo Daniel Coquieri, CEO da Liqi, os recursos obtidos serão direcionados para estratégias de marketing e para a expansão da equipe.
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Atualmente, a Liqi atua em duas frentes. A primeira, chamada Tokenize, é uma plataforma B2B (business-to-business) que permite que empresas criem frações digitais de seus ativos a fim de negociá-los mais facilmente. Essas frações digitais, que são os tokens, podem representar tanto algo tangível (como imóveis), quanto algo intangível (como direitos autorais).
Já a segunda frente, também chamada Liqi, é voltada para o investidor de varejo, em um modelo B2C (business-to-customer), que permite que pessoas físicas comprem e vendam tokens.
Coquieri diz que essa plataforma passará por uma expansão em 2022. Serão criados marketplaces de NFTs (token não-fungíveis) e criptomoedas, uma vertical de protocolos DeFi (ou seja, de finanças descentralizadas, baseadas em blockchain), e haverá também a abertura de um mercado secundário, que permitirá que investidores negociem ativos entre si.
O empresário afirma que a expectativa é transacionar R$ 10 bilhões na emissão de tokens e criptomoedas em 2022, e que, por enquanto, a empresa não planeja fazer aquisições. A Liqi conta com uma equipe de 53 funcionários, que será ampliada para 75 este ano.
Expansão do setor
O aporte anunciado pela empresa também ganha destaque por representar uma aproximação entre o mundo das criptomoedas e a regularização financeira, após anos de estranhamento entre as duas partes.
“O mercado financeiro está muito interessado. Não é à toa que estamos envolvendo o Itaú, um dos maiores bancos do país, o Oliveira Trust, que tem trinta anos no mercado financeiro, e um fundo de investimento que conta com recursos dos controladores do Paraná Banco”, afirma o CEO. “Eles estão interessados na tecnologia que nós estamos construindo.”
Segundo Coquieri, essas parcerias facilitam o diálogo com outras autoridades monetárias, como o Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), da mesma forma que favorecem as próprias instituições tradicionais, ao demonstrar que elas “já possuem criptomoedas e blockchain no seu DNA”.
“O potencial de modernização do mercado já é reconhecido mundialmente e acreditamos que, com a Liqi, teremos a oportunidade de acelerar a inovação tecnológica e o lançamento de novos produtos”, afirma em comunicado Philippe Schlumpf, que está à frente do fundo de capital de risco do Itaú.
Dessa forma, Coquieri espera que 2022 seja um ano de crescimento e consolidação do mercado de criptomoedas, principalmente no que se refere às experiências práticas.
Segundo ele, existem muitas pesquisas sobre a aplicação de tokens no mercado imobiliário, por exemplo, mas pouca produção acadêmica relatando como essa tecnologia é utilizada na prática e em contextos diferentes.
“Com esses cases mais sólidos, a gente também vai começar a enxergar, de fato, onde tem valor e onde não tem. Então será um ano de muito aprendizado”, diz o CEO.