O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou hoje (16) que vai aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 11,75%, com objetivo de conter a inflação que se agrava com a pressão econômica do aumento no preço dos combustíveis e da guerra na Ucrânia.
Este foi o nono aumento consecutivo da taxa básica de juros, que atingiu o maior patamar dos últimos cinco anos. A decisão veio em linha com as expectativas do mercado, e eleva o aperto total promovido pelo Banco Central (BC) brasileiro a 9,75 pontos percentuais.
A autoridade monetária indicou que deve promover reajuste igual em sua próxima reunião. No encontro, programado para os dias 3 e 4 de maio, a Selic deve subir mais 1 ponto percentual, chegando a 12,75%.
O BC ressaltou que o cenário externo se deteriorou substancialmente e citou o conflito entre Rússia e Ucrânia no comunicado divulgado nesta noite.
“O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário”, afirmou a autarquia.
Aumentar a Selic é a principal ferramenta do Banco Central brasileiro para conter a inflação. Apesar dos sucessivos reajustes, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou a alta em 12 meses para 10,54% em fevereiro, resultado que superou a previsão dos analistas.
A inflação brasileira tem sido impulsionada pela alta dos preços internacionais do petróleo, movimento que foi causado pelas sanções adotadas contra a Rússia. A Petrobras anunciou na quinta-feira passada (10) um aumento de cerca de 25% dos preços do diesel em suas refinarias e um aumento de quase 19% para a gasolina.
As commodities também têm sido afetadas pelo conflito: na primeira semana de março, o trigo chegou à máxima de 14 anos em Chicago e o milho atingiu a máxima de 9 anos.
O cenário agravou a já intensa inflação brasileira, que atingiu o teto da meta (5,25%) no ano passado.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em entrevista em fevereiro que os aumentos de preços deveriam começar a esfriar no primeiro semestre de 2022, e acrescentou que as medidas de política monetária levam algum tempo fazer efeito.
O pico da Selic no atual ciclo de aperto foi projetado em 12,50% no terceiro trimestre deste ano, com a taxa ficando nesse patamar até o final de 2022. Essa perspectiva considera um Banco Central mais agressivo do que o previsto em janeiro, quando havia expectativa de que a Selic atingiria 12,00% no segundo trimestre, permaneceria assim no trimestre seguinte e começaria a cair no final do ano.
O Fed (Federal Reserve) também anunciou hoje (16) uma elevação de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, a primeira desde 2018. Em comunicado, a autoridade monetária afirmou que “a inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços.” (Com Reuters)