Autoridades do Federal Reserve “concordaram no geral”, no mês passado, em cortar US$ 60 bilhões (R$ 281 bilhões) por mês das participações do banco central dos Estados Unidos em Treasuries e US$ 35 bilhões (R$ 164 bilhões) de sua carteira em títulos lastreados em hipotecas (MBS) ao longo inicialmente de um período de três meses “ou ligeiramente maior”, de acordo com a ata da reunião de política monetária de 15 a 16 de março.
Os participantes do encontro também “concordaram no geral” que, após a redução do balanço estar “bem encaminhada”, seria apropriado considerar vendas diretas de MBS, de acordo com a ata divulgada hoje (6).
Se deixado para encolher passivamente — apenas quando os pagamentos das hipotecas fossem feitos –, o declínio mensal no estoque desses títulos provavelmente “correria sob o teto mensal proposto” e eles permaneceriam como “uma parcela considerável dos ativos do Federal Reserve por muitos anos”.
O Fed iniciou um enorme programa de compra de títulos na primavera norte-americana de 2020 para ajudar a atenuar o impacto econômico da pandemia de coronavírus, o que aumentou seu balanço. Atualmente, o banco central detém cerca de US$ 8,5 trilhões (R$ 39 trilhões) em Treasuries e MBS.
Nenhuma decisão final sobre a redução da carteira foi tomada na reunião de política monetária de 15 e 16 de março, segundo o documento, mas as autoridades fizeram “progressos substanciais” e podem “começar o processo de redução do tamanho do balanço patrimonial após a conclusão” da reunião de política monetária de 3 e 4 de maio.
Os rendimentos dos Treasuries operavam nesta tarde em patamares acima dos vistos antes da divulgação da ata, e a taxa de dez anos estava em 2,6069%. O dólar avançou para seu pico desde maio de 2020 contra uma cesta de moedas, enquanto os principais índices de ações dos EUA reduziram brevemente as perdas antes de continuarem a cair.
“Acho que não há nada material que possa gerar uma mudança no sentimento, ao contrário de ontem, quando houve uma mudança real e que acho que realmente assustou investidores”, disse Alan Lancz, presidente da Alan B. Lancz and Associates em Toledo, Ohio, referindo-se a comentários feitos pela diretora do Fed Lael Brainard ontem (5).
Brainard disse em conferência do Fed de Minneapolis que espera uma combinação de aumentos na taxa de juros e um rápido enxugamento do balanço para levar a política monetária dos EUA a uma “posição mais neutra” neste ano, com mais aperto monetário, conforme necessário.
Elevações maiores
A ata mostrou um Fed que navega em um cenário complexo, com o enorme salto nos casos de coronavírus deixando apenas uma “marca leve e breve” na economia, mas a guerra na Ucrânia fazendo com que alguns formuladores de política monetária se afastassem do que prefeririam ser um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa de juros em março.
O banco central elevou sua taxa de juros de um dia em apenas 0,25 ponto percentual na reunião do mês passado, mas a ata pareceu preparar o terreno para a chegada de altas maiores da taxa de juros.
“Muitos participantes destacaram que um ou mais aumentos de 50 pontos-base na faixa-meta de juros podem ser apropriados em reuniões futuras, principalmente se as pressões inflacionárias permanecerem elevadas ou intensificadas”, afirmou o documento.
A inflação, pela medida preferencial do Fed, está em cerca de três vezes a meta de 2% do banco central.