Nem mesmo a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na véspera, que fez o dólar chegar a cair 1% no início do dia, evitou que a moeda norte-americana fechasse novamente em alta nesta quinta-feira (20). O dólar ficou no maior patamar em quase dois anos, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar a criticar o BC e com o avanço firme das cotações também no exterior.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4618 na venda, em alta de 0,39%. Esta é a maior cotação de fechamento desde 22 de julho de 2022 — ainda no governo Bolsonaro — quando encerrou a R$ 5,4976.
Às 17h23, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,77%, a R$ 5,4635 na venda.
No início da sessão o dólar registrou uma queda firme ante o real, com o mercado aliviando parte das pressões recentes após a decisão unânime do Copom, de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, encerrando um ciclo de sete cortes consecutivos de juros.
Às 9h02, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de R$ 5,3879 (-0,97%).
“O mercado abriu bem positivo, refletindo a decisão do Copom de ontem (quarta-feira), que foi unânime, e tirando um pouco do risco de alta da Selic (à frente), que vinha sendo precificado”, comentou durante a tarde Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank. “Tanto é que os juros (futuros) curtos fecham mais que os longos. O câmbio foi na mesma linha, abrindo com a queda do dólar”, acrescentou.
Ao longo da manhã, no entanto, ficou claro que o alívio nas cotações seria limitado. Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que a alta da moeda norte-americana no exterior e as preocupações persistentes sobre o equilíbrio fiscal brasileiro seguravam a queda do dólar.
A moeda norte-americana virou para o positivo pouco depois das 12h, enquanto Lula dava entrevista a uma rádio do Ceará. Nela, ele voltou a questionar a autonomia do Banco Central e disse que a decisão de quarta-feira do Copom, interrompendo o ciclo de cortes da Selic, “foi uma pena” para o Brasil.
A virada do dólar para o positivo coincidiu com a desaceleração do Ibovespa, em especial entre as ações sensíveis à curva de juros brasileira, e com a redução da queda dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
Às 13h31, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de R$ 5,4698 (+0,53%). Depois, a moeda encerrou ainda na faixa dos R$ 5,46.
No exterior, o dólar também sustentava ganhos firmes ante uma cesta de moedas e em relação à maioria das demais divisas.
Às 17h22, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,41%, a 105,640.
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Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.