
A ata do último encontro do Copom e a desvalorização do dólar no exterior foram os pontos mais determinantes para a dinâmica do mercado nesta terça-feira (25). O fluxo intenso de saída de capital dos Estados Unidos para Europa e países emergentes também foi fator importante do dia para o Ibovespa, que teve máxima de 133.471,08, mas não conseguiu sustentá-la.
Com o pregão encerrado, o índice fechou com alta de 0,57%, acumulando 132.067,69 pontos. Já a moeda americana registrou baixa de 0,78%, aos R$5,7081. No ano, o dólar acumula queda de 7,62% ante o real.
Mais capital estrangeiro
De acordo com o analista-chefe da Levante Inside Corp, Eduardo Rahal, as ações brasileiras têm sido favorecidas pela continuidade do fluxo positivo de recursos para mercados emergentes, “sinalizando uma possível inflexão na percepção de risco”, com o Brasil sendo um dos principais beneficiários.
Em 2025, o Ibovespa já acumula uma valorização de quase 10%. Nesta sessão, na máxima, se aproximou ainda mais do recorde intradia de 137.469,26 pontos, registrado no final de agosto de 2024.
Pessimismo do BC
Durante a manhã desta terça, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou a ata do encontro da semana passada, quando o colegiado subiu a taxa Selic em 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, sinalizando a intenção de promover novo aumento em maio, de menor intensidade.
No documento, o BC citou a elevada incerteza e reforçou que o ciclo de alta de juros não está encerrado. A ata pontuou ainda que “o cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos e exige uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”.
Para profissionais ouvidos pela Reuters, a ata foi “hawkish” (dura com a inflação), o que contribuiu para a queda do dólar ante o real. “O documento afetou o câmbio, porque sugeriu continuidade da alta de juros e cortes da Selic não tão breves”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “O mercado desmontou posições defensivas no dólar e também houve fluxo de entrada de moeda”, acrescentou.
Na prática, uma Selic mais elevada, e por mais tempo, amplia o diferencial de juros do Brasil, o que favorece a entrada de dólares no país, pesando nas cotações.
Destaques
– SABESP ON avançou 3,34%, após a maior companhia de saneamento básico da América Latina divulgar que o desempenho operacional medido pelo Ebitda ajustado nos três últimos meses do ano passado subiu 4,1% sobre um ano antes, para R$3 bilhões. O CEO estimou economias de custo “mensuráveis” em 2025 após adoção de modelo de orçamento base zero.
– VAMOS ON disparou 15,62%, em meio à análise do resultado do grupo de locação de veículos pesados no último trimestre do ano passado, com lucro líquido de R$213 milhões, acima de previsões no mercado. O Ebitda somou R$882,4 milhões, expansão de 27,6% na comparação com um ano antes. A Vamos também estimou investimento líquido de R$2,1 bilhões em 2025.
– HAPVIDA ON fechou em alta de 7,21%, buscando uma trégua após fechar em baixa nos últimos quatro pregões, período em que acumulou declínio de quase 12%. A operadora de saúde disse na véspera que fundos e investidores não residentes geridos pela Squadra Investimentos compraram ações da companhia, chegando a uma participação de aproximadamente 5,15%.
– MAGAZINE LUIZA ON subiu 2,45%, ampliando a valorização no ano para mais de 60%, um dia após o conselho de administração da varejista aprovar proposta de distribuição de dividendos intermediários no montante líquido de R$225 milhões. A proposta será votada por acionistas em assembleia geral extraordinária no próximo dia 24 de abril.
– BRADESCO PN valorizou-se 1,66%, em dia positivo para o setor. Executivos do banco reforçaram o guidance de 2025 em reunião com analistas do Safra e, conforme relatório, trouxeram mais detalhes sobre as partes móveis do crescimento mais forte da receita implícita nas previsões, principalmente um ambiente mais favorável para repasse de spreads e otimização de funding.
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,81%, enquanto BANCO DO BRASIL ON fechou em alta de 0,39% e SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 1,27%.
– VALE ON fechou com acréscimo de 0,33%, tendo como pano de fundo a alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em alta de 0,65%. A mineradora também anunciou que a sua subsidiária Vale Overseas Limited recomprou US$323,96 milhões em bonds com vencimento em 2034, 2039 e 2036.
– PETROBRAS PN subiu 0,79%, com o noticiário trazendo o anúncio da companhia de que identificou a presença de hidrocarbonetos no pré-sal da Bacia de Campos, em poço exploratório no bloco Norte de Brava, localizado a 105 km da costa do Estado do Rio de Janeiro. No exterior, o barril de petróleo Brent fechou praticamente estável.
– EMBRAER ON caiu 2,12%, em mais um dia de realização de lucros, após renovar máximas na semana passada. Analistas do BTG Pactual afirmaram que têm recebido vários questionamentos sobre o potencial impacto do aumento de tarifas de importação dos EUA, mas ressaltaram que o efeito líquido de aumento de tarifa na Embraer seria limitado.
– SÃO MARTINHO ON recuou 1,67%, no quarto pregão seguido no vermelho. Na véspera, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgou que o preço médio do etanol nas usinas de São Paulo registrou a terceira queda semanal consecutiva, com usinas buscando escoar os estoques antes do início oficial da temporada 2025/26, em abril.
– CAIXA SEGURIDADE ON fechou em baixa de 1,33%, tendo no radar relatório de analistas do Citi cortando a recomendação das ações para “neutra”, após revisão das perspectivas para o setor de seguros, e reduzindo o preço-alvo a R$15,50, de R$18 anteriormente.