
O pregão começou a semana com o pé esquerdo, diante das fortes quedas nas bolsas de Wall Street, especialmente a de Nasdaq, que fechou teve queda de 4%. O declínio de commodities como petróleo e minério de ferro também influenciou o mercado mundial e o Brasil não foi exceção. O Ibovespa terminou o dia em queda, tendo Magazine Luiza como destaque positivo entre as ações, com alta de 5%, após anunciar mudanças na estrutura organizacional para acelerar sua plataforma digital.
Enquanto o dólar à vista registrou alta de 1,13%, com cotação de R$5,8549, o índice de referência do mercado acionário brasileiro recuou 0,41%, a 124.519,38 pontos, tendo chegado a 125.031,3 pontos na máxima e a 123.471,46 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$20,3 bilhões nesta segunda-feira (10).
No avançar do dia, os mercados globais acirraram as preocupações com a economia americana, na esteira de dados e resultados de pesquisas recentes que vieram mais fracos do que o esperado, além de maiores incertezas sobre os planos tarifário do presidente dos EUA, Donald Trump, e os respectivos impactos.
Baque americano
Nos Estados Unidos, as bolsas encerraram a primeira sessão da semana com declínios expressivos, em meio a preocupações de que a política comercial de tarifas comerciais de Trump possa desencadear uma desaceleração econômica dos Estados Unidos. Além do Nasdaq, S&P 500 cedeu 2,7% e o Dow Jones perdeu 2,08%.
Na sexta, o relatório de emprego de fevereiro já havia acendido um alerta entre investidores, com os EUA registrando a criação de 151 mil postos de trabalho no mês passado, número abaixo do esperado. Em pesquisa da Reuters, havia a previsão de abertura de 160 mil empregos.
Os agentes financeiros também vinham demonstrando pessimismo com várias pesquisas recentes que relataram uma deterioração da confiança e das perspectivas econômicas de consumidores e empresários, em meio às crescentes tensões comerciais provocadas pelas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos. No final de semana, o estopim foi consolidado graças aos dos comentários de Trump, que confirmaram de vez o pessimismo dos mercados e na consequente aversão ao risco observada nesta sessão.
Em entrevista concedida à Fox News, que foi ao ar no domingo, o presidente dos EUA evitou prever se o país passa por uma recessão devido ao impacto de suas prometidas tarifas sobre Canadá, México e China. Ele afirmou que os Estados Unidos terão um “período de transição” devido às ações que seu governo está tomando, mas disse acreditar que as consequências serão positivas no final. Essa demonstração de incerteza fez com que os investidores passassem a temer pelo pior na economia americana, caso as tarifas sejam amplamente aplicadas em meio a uma atividade econômica em desaceleração.
Abalo chegou ao Ibovespa
Para o analista de investimentos Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos, a queda do índice da bolsa paulistana refletiu movimentos de correção, após a alta de sexta-feira. Isso acompanha o “mau humor” no exterior, onde um certo otimismo inicial em relação a Trump começa a mostrar sinais de fadiga.
Analistas do Itaú BBA também destacaram que, do ponto de vista gráfico, o Ibovespa segue indefinido no curto prazo, mas conseguiu superar a resistência inicial em 124.500 pontos. “Com isso, um cenário de recuperação ganhou força e poderá buscar a resistência em 128 mil e a máxima do ano em 129,6 mil pontos.”
Em relação ao cenário doméstico, a preocupação do mercado continua sendo a trajetória das contas públicas, com investidores receosos sobre quais medidas o governo pode adotar para reduzir a inflação dos alimentos e responder à queda recente de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O governo anunciou na semana passada que vai zerar a alíquota de importação de vários produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.
Nos próximos dias, a temporada de resultados também retoma o fôlego no Brasil, com os balanços de Azzas 2154, Cogna, SLC Agrícola, Eletrobras, LWSA, CSN, Magazine Luiza, Natura&Co, Prio, entre outros.
Destaques
– VALE ON caiu 1,62%, acompanhando os futuros do minério de ferro na China, em meio a receios com as tarifas dos EUA e a promessa da China de cortar a produção de aço bruto. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com queda de 0,71%, a 769 iuanes (US$105,92 ou R$ 609,04) a tonelada. A ação também ficou ex-dividendo a partir desta segunda-feira.
– PETROBRAS PN fechou com variação negativa de 0,03%, em dia de queda do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou negociado a US$69,28 (R$ 398,36), decréscimo de 1,5%. A estatal anunciou na sexta-feira acordo para encerrar litígio com a EIG Energy nos EUA, em que pagará US$283 milhões (R$ 1,63 bilhão). O BTG Pactual reiterou compra para os papéis, mas ponderou que dados recentes de investimentos acionaram o sinal de alerta.
– BRADESCO PN fechou negociada em baixa de 1,45%, em sessão negativa para a maioria dos bancos do Ibovespa. A exceção foi ITAÚ ON, que subiu 0,89%. BANCO DO BRASIL ON perdeu 0,32%, SANTANDER BRASIL UNIT declinou 1,43% e BTG PACTUAL UNIT perdeu 0,62%. O índice do setor financeiro na bolsa recuou 0,76%, pressionado também por B3 ON, que cedeu 2,15%.
– BRAVA ON recuou 5,72%, com o declínio do petróleo no exterior apoiando uma correção de baixa após a ação disparar quase 11% na última sexta.
– CAIXA SEGURIDADE ON fechou em queda de 4,07%, após registrar oferta subsequente de ações que incluirá uma venda secundária de papéis detidos pela controladora, a Caixa Econômica Federal. A empresa disse que a oferta consistirá na venda de 82,5 milhões de ações ordinárias — cerca de R$1,32 bilhão considerando a cotação de fechamento da última sexta-feira — e será precificada em 19 de março.
– MAGAZINE LUIZA ON avançou 4,96%, após anunciar mudanças em sua estrutura organizacional para acelerar a evolução de sua plataforma digital, entre elas a unificação das vice-presidências de plataforma e de negócios, que ficarão sob a liderança de André Fatala. Para reforçar a divisão de plataformas, a empresa também contratou Ricardo Garrido, ex-Amazon, como diretor-executivo de marketplace.
– JBS ON subiu 2,67%, tendo no radar reportagem da Bloomberg de que a companhia está entre as interessadas na compra da saudita Alwatania. “Acreditamos que o Oriente Médio pode ser uma oportunidade para acelerar o crescimento e diversificar a demanda”, afirmaram analistas do Goldman Sachs, destacando que a JBS demonstrou ao longo dos anos abordagem consistente na alocação de capital para crescimento.
– AUREN ENERGIA ON perdeu 3,6%, tendo como pano de fundo amplo relatório do JPMorgan sobre ações de “utilities”, no qual cortou a ação para “underweight”. CEMIG PN, que foi rebaixada de “overweight” para “underweight” pelos analistas do banco, caiu 1,94%. Na contramão, CPFL ENERGIA ON, que passou para “overweight”, subiu 0,8%.