
A sessão desta quarta-feira (7) foi orientada pelas expectativas quanto às decisões do Federal Reserve (FED) e do Banco Central (BC) a respeito das taxas de juros de Estados Unidos e Brasil, respectivamente. Durante a tarde, a autarquia americana comunicou que a faixa de juros seguirá a mesma: entre 4,25% e 4,5%. À noite, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará a decisão do BC, que, ao que tudo indica, será de ajustar a Selic em 0,50 ponto percentual, passando a 14,75% ao ano.
Em meio a esse cenário, o dólar ganhou valor ante diversas moedas, inclusive a brasileira. No final da sessão, o dólar avançou 0,58%, cotado a R$ 5,7445. Nos últimos três dias, a divisa americana registrou um aumento de 1,56%. O Ibovespa, por sua vez, voltou a recuar. No dia, o índice somou 133.397,52 pontos, com queda de 0,09%.
Anúncio do FED
O dólar oscilou em alta ante o real durante praticamente durante toda quarta-feira, com alguns agentes reforçando as posições compradas na moeda antes das decisões do FED e do Copom. O avanço também estava em sintonia com a alta do dólar ante boa parte das demais divisas no exterior.
No meio da tarde, o FED anunciou a manutenção de sua taxa de juros, como era largamente esperado, e o presidente da instituição, Jerome Powell, fez uma série de alertas sobre o cenário econômico. Em entrevista coletiva, ele afirmou que a incerteza é tão grande neste momento que o banco central dos EUA não pode fazer mudanças nos juros para lidar com o rumo que a economia possa estar tomando. “Não é uma situação em que possamos ser preventivos porque, na verdade, não sabemos qual será a resposta correta aos dados até que vejamos mais deles”, disse.
Powell avaliou ainda que, caso os aumentos de tarifas de importação, anunciados pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sejam mantidos, será possível ver uma inflação mais alta e um nível de emprego mais baixo. O controle da inflação e a geração de empregos são justamente os dois mandatos perseguidos pelo FED. Após a decisão e os comentários de Powell, o índice do dólar se afastou da estabilidade e se firmou em alta.
Na visão do economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, o comunicado da decisão e a fala de Powell mostraram claramente que o FED reconhece o aumento das incertezas causado pelos anúncios das medidas relativas às políticas comerciais e os respectivos riscos de deterioração do contexto macroeconômico.
Um olho no peixe e outro no gato
Enquanto digeria a decisão do Fed, o mercado brasileiro aguardava pela decisão do Copom sobre a taxa básica Selic, atualmente em 14,25% ao ano. O anúncio será após as 18h30 (horário de Brasília). No mercado de renda fixa, a expectativa majoritária é de elevação da taxa em 50 pontos-base, mas as apostas em um alta de apenas 25 pontos-base não são desprezíveis.
À tarde, o BC informou que o Brasil fechou o mês de abril com fluxo cambial total positivo de US$ 7,220 bilhões (R$ 41,43 bilhões), resultado de saídas de US$ 965 milhões (R$ 5,54 bilhões) pela via financeira e entradas de US$ 8,185 bilhões (R$ 46,99 bilhões) pela via comercial.
Já a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 8,153 bilhões (R$ 46,80 bilhões) em abril, um recuo de 3,3% sobre o saldo apurado no mesmo mês do ano passado, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Destaques
– RD SAÚDE ON desabou 14,76%, para R$16,58, menor cotação de fechamento desde 9 setembro de 2019, em meio à frustração de investidores com o balanço do primeiro trimestre da rede de farmácias, dona das bandeiras Raia e Drogasil. Em termos ajustados, o lucro líquido caiu 17%. A margem Ebitda passou de 7% para 6%. De acordo com o BTG Pactual, não há necessidade de pressa para comprar as ações, dado o espaço limitado para alavancagem operacional da RD Saúde no curto prazo.
– VAMOS ON afundou 7,05%, após a empresa de aluguel e gestão de frotas de veículos pesados divulgar queda de 45,6% no lucro do primeiro trimestre sobre um ano antes, um resultado abaixo das previsões no mercado. Analistas do Safra afirmaram que, apesar do desempenho aceitável da unidade de Locação, a empresa continua sofrendo com um alto nível de retomadas de ativos, enquanto o lucro foi pressionado por maiores depreciações e despesas financeiras. A Vamos também divulgou previsões para 2025.
– VIBRA ON recuou 3,9%, tendo no radar queda de 23,8% no lucro líquido do primeiro trimestre. O presidente da maior distribuidora de combustíveis do Brasil, Ernesto Pousada, disse que espera uma recuperação gradual de mercado no Brasil após perder market share nos últimos dois anos por foco em aumento de margens. ULTRA ON, conglomerado ao qual pertence a rede de postos Ipiranga, fechou em baixa de 4% antes da divulgação do balanço do primeiro trimestre após o fechamento do mercado nesta quarta.
– ENEVA ON subiu 4,15%, tendo no radar o rebalanceamento de índices MSCI que será conhecido no próximo dia 13 e entrará em vigor no dia 2 de junho. De acordo com analistas do BofA, em relatório no final de abril, o papel da empresa tem chance de ser incluído no MSCI para a América Latina. A Eneva também divulga no próximo dia 14 seu resultado do primeiro trimestre do ano.
– KLABIN UNIT avançou 2,68%, após a fabricante de papel para embalagens e celulose divulgar avanço de 13% no Ebitda de janeiro ao final de março, com a margem passando de 37% para 38%. Analistas do Santander consideraram os números da Klabin sólidos, superando projeções devido a menores despesas operacionais. Os especialistas também destacaram que a distribuição de dividendos de quase R$0,23 por unit indica avanço na geração de valor ao acionista. No setor, SUZANO ON, que divulga resultado no fechamento da bolsa na quinta-feira (8), subiu 1,59%.
– BRADESCO PN caiu 1,51% antes da divulgação do balanço do primeiro trimestre, após o fechamento do mercado. ITAÚ UNIBANCO PN, que reporta os números no final da quinta-feira, fechou em alta de 1,1%. SANTANDER BRASIL ON, que já publicou seu resultado, encerrou com acréscimo de 0,35% e BANCO DO BRASIL ON, que apresenta suas demonstrações financeiras na próxima semana, terminou o pregão com elevação de 1,42%.