Quando a Walgreens, a segunda rede de farmácia nos Estados Unidos, anunciou que Rosalind “Roz” Brewer se tornaria sua nova CEO, a nomeação quebrou um longo período sem a representação de mulheres negras entre os executivos corporativos do país. Foi um marco e tanto, mas ainda falta muito em termos de diversidade nos escalões mais elevados.
No entanto, como a CEO disse à vice-presidente executiva da Forbes, Moira Forbes, durante o evento Power Women Summit deste ano, nesse tipo de situação “às vezes fico um pouco envergonhada”. Não é por causa dos holofotes, disse Brewer, que ocupa a 17ª posição em nossa lista das 100 mulheres mais poderosas do mundo. “Eu também penso: Tenho trazido gente suficiente comigo? Você pode ajudar um colega a se tornar um CEO. Esta não é uma competição ou uma corrida. A gente faz melhor quando age em rebanho.”
Brewer, que começou no emprego novo em março, há tempos era vista como candidata a CEO, já tendo ocupado cargos importantes na Starbucks, Walmart e Kimberly-Clark, além de ter integrado conselhos de administração de empresas como Lockheed Martin e Amazon. Sua intenção em trazer gente junto consigo – e o impacto que ela pode ter sobre os outros – também foi um foco importante de sua carreira, disse a executiva.
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“Ao longo de toda a minha carreira, provavelmente fiz tanto pelas comunidades em que trabalhei quanto pelas empresas em que trabalhei”, diz. “Eu sempre tentei juntar essas duas coisas, sabe? Talvez não parecesse para quem visse de fora, mas não entrei para o Walmart depois de ser presidente de grupo e se tornar vice-presidente. Se eu estivesse tentando ser uma CEO, acho que teria permanecido nesse caminho. ”
Em vez disso, aceitou um trabalho que estava três níveis abaixo porque sentiu que aprenderia algo diferente e que teria mais impacto, particularmente entre os muitos funcionários negros do gigante do varejo. “O Walmart tinha 1,2 milhão de funcionários nos Estados Unidos. É o maior empregador de afro-americanos no país e provavelmente no mundo. Pensei ‘cara, se eu pudesse entrar lá e tomar uma decisão sobre os salários, isso afetaria uma tonelada de pessoas ’”.
Brewer acredita que há muito mais que os CEOs de hoje poderiam fazer para ajudar os funcionários da linha de frente, que são desproporcionalmente negros. “Este é um momento para os líderes se perguntarem: ‘eu realmente fui o líder servil que pensei ser?’”, afirmou, apontando para quantos foram pegos de surpresa com os problemas raciais que irromperam no ano passado .
“A agitação social que vimos acontecer com o assassinato de George Floyd dizia que não estávamos prestando atenção. Provavelmente estávamos olhando para os números e deixando pessoas para trás.”
No início de sua carreira, Brewer se lembra de ser “aquela pessoa quieta e tímida no fundo da sala” que raramente falava em reuniões. “Quando eu comecei no ambiente corporativo, abrir minha boca era algo bem difícil”, conta. Por isso hoje entende que é fundamental que os principais líderes envolvam os gerentes mais jovens. “Escolha alguém na sala, crie uma conversa saudável, misture. Crie equipes ágeis que normalmente não estariam se reunindo para que todos se sintam um pouco estranhos. Não apenas aquele jovem novo contratado. ”
Brewer está preocupada com o número de mulheres que deixaram o mercado de trabalho durante a pandemia e espera que muitas empresas estejam aprendendo com o que não deu certo. “O que eu gostei nesta nomeação é que muitas mulheres me procuram com questões muito explícitas que estão enfrentando e que sou capaz de resolver”. Para ela, é uma questão pessoal. “Precisamos de mulheres na força de trabalho, esse é o nosso futuro. Não vou conseguir chegar lá e dizer: ‘Não sou mais a primeira’ se eu não conseguir colocar essas mulheres de volta no mercado”.