No ano passado, o relatório Mulheres no Mercado de Trabalho, da consultoria McKinsey, descobriu que as profissionais mulheres estavam lidando com níveis historicamente altos de burnout e que havia uma crescente diferença de gênero nas taxas de esgotamento dos funcionários.
Muitas mulheres já haviam deixado o mercado de trabalho durante a pandemia, o que ameaçava décadas de progresso. Mesmo com algumas delas retornando ao trabalho, a situação instável com creches fechadas deixou as profissionais e mães sobrecarregadas e estressadas.
Para piorar a situação, as que optaram pelo trabalho remoto corriam o risco de se tornarem “funcionárias de segunda classe” e perderem promoções ou tarefas importantes. Não é à toa que uma em cada quatro mulheres esteja pensando em diminuir suas aspirações profissionais ou até mesmo largar a carreira.
Uma nova pesquisa da McKinsey sugere que o apoio de empresas à licença-paternidade pode ajudar a resolver esse problema. Além disso, a normalização da licença-paternidade é vantajosa para todos os envolvidos: melhora a vida dos funcionários em casa, a satisfação no trabalho e o bem-estar geral.
Licença-paternidade e bem-estar das mães
Dar maior apoio à licença-paternidade não é apenas uma questão de equidade. É um investimento substancial no bem-estar dos funcionários – tanto para homens quanto para mulheres.
Praticamente 100% dos homens entrevistados na pesquisa considerou a experiência de tirar a licença-paternidade positiva, estava feliz por ter feito isso e faria novamente. E 90% disseram que melhorou o relacionamento com sua parceira.
Uma das lições da pandemia é que o que acontece em casa está intimamente ligado ao que acontece no trabalho. Funcionários mais felizes são funcionários mais produtivos.
A pesquisa e estudos recentes também indicam que a licença-paternidade traz benefícios de longo prazo para os casais, traduzindo em maior igualdade no compartilhamento das responsabilidades domésticas. Esse tipo de equidade significa menos desgaste para as mães que trabalham. A licença-paternidade resultou em maior satisfação com a vida e bem-estar para homens e mulheres, mas o efeito positivo foi ainda mais forte para elas.
Maior equidade e envolvimento paterno nos cuidados infantis também podem melhorar o bem-estar das mães de outras maneiras. Estudos mostram que a falta de envolvimento paterno é um fator significativo para a probabilidade de depressão pós-parto. Uma lei sueca que permite que os pais tirem até 30 dias de licença levou a uma redução de 26% nas prescrições contra a ansiedade para mães e uma redução de 14% nas hospitalizações ou visitas a um especialista.
Igualdade no trabalho
Apoiar a licença-paternidade também ajuda as mulheres no ambiente de trabalho. Com maior envolvimento paterno, as mães podem retornar a suas funções mais cedo, compensando um pouco a chamada “penalidade da maternidade”.
Alguns dos benefícios da licença-paternidade para as mulheres são bastante mensuráveis. A McKinsey cita pesquisas que acompanharam cerca de 9 mil famílias em relação ao pagamento dos pais ao longo de cinco anos, começando um ano antes do parto até os quatro anos de idade. Os resultados foram mais do que convincentes: para cada mês que o pai tirou de licença, a renda da mãe aumentou 7%.
Embora a pesquisa ainda seja inconclusiva, outros estudos também parecem indicar que a licença-paternidade remunerada tem o potencial de contribuir significativamente para diminuir as disparidades salariais entre homens e mulheres. Não deve ser por acaso que os países com as menores diferenças salariais também têm algumas das políticas de licença parental mais generosas.
Atração e retenção de talentos
Políticas de licença-paternidade mais progressivas e melhor suporte geral para cuidados infantis também podem desempenhar um papel importante para ajudar as empresas a vencer uma batalha cada vez mais acirrada por talentos.
A Grande Demissão, onda de resignações nos Estados Unidos e em outros países, foi em parte motivada por problemas com os filhos. E 45% das profissionais que são mães deixaram o mercado de trabalho dizendo que cuidar dos filhos foi um motivo significativo.
O inverso também vale: as empresas que avançam e assumem a liderança na oferta de uma variedade de opções de cuidados infantis e no apoio à licença-paternidade se destacarão cada vez mais do resto do grupo como locais atraentes para se trabalhar.
De acordo com a McKinsey, 83% das mulheres e 81% dos homens dizem que os benefícios de creche são um fator significativo na decisão de permanecer com seu empregador atual ou explorar outras opções.
E os homens que tiraram a licença disseram que a experiência os deixou mais energizados como funcionários. Muitos falaram que estavam voltando ao trabalho se sentindo mais motivados e mais propensos a permanecer mais tempo na organização atual. Em suma, a licença-paternidade deu um “impulso de longevidade” às suas carreiras.
A evidência é clara: quando os homens tiram licença-paternidade, as mulheres se beneficiam. Que melhor maneira de comemorar o Dia dos Pais do que se comprometer com uma política ganha-ganha que melhora o bem-estar e a satisfação no trabalho de todos os funcionários e nos ajuda a progredir em direção a um local de trabalho mais justo?
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