Um relatório de 2023 do MIT (Massachussets Institute of Technology) mostra que as mulheres ocupam apenas 28% dos empregos em cargos de STEM (sigla em inglês para denominar os campos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática). E, como se isso não bastasse, muitas dessas profissionais foram desistindo de suas carreiras nos últimos anos. Apesar do recente boom tecnológico, as mulheres ainda recebem 9% a menos nessa indústria no Brasil em relação aos seus colegas homens, segundo pesquisa da consultoria Mercer deste ano.
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Essas estatísticas inspiraram April Hicke e Marissa McNeelands a fundarem a Toast, uma consultoria canadense de contratação focada em mulheres. Com o objetivo de aumentar a porcentagem de mulheres em empresas de tecnologia, a Toast é apoiada pelo governo do Canadá para que organizações incluam a diversidade de gênero em suas agendas ESG em 2024. Embora seja uma empresa jovem – foi criada em 2022 –, a Toast já ajudou mais de 6 mil mulheres e tem 70 organizações parceiras. E vai começar a atuar nos Estados Unidos no ano que vem.
Eliminando vieses inconscientes com IA
A Toast faz parceria com companhias interessadas em diversificar suas equipes de tecnologia e fornece uma ferramenta de recrutamento com IA desenvolvida para eliminar vieses socioeconômicos e de gênero. Quando oferece candidatas para as companhias, os nomes das pessoas, das empresas onde elas trabalharam no passado e das instituições de ensino onde se formaram são omitidos, reduzindo preconceitos de gênero e raça, contra estrangeiras e contra aquelas que não tiveram formações socialmente privilegiadas.
“Nossos algoritmos são meticulosamente treinados com conjuntos de dados diversos, desafiando o status quo das indústrias de tecnologia dominadas por homens e promovendo uma força de trabalho mais inclusiva”, disse McNeelands, cofundadora e CEO da Toast, em entrevista à Forbes. Ela tem mestrado em IA e foi quem criou os algoritmos usados pela Toast.
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Além disso, a Toast administra um grupo de mentoria e orientação para mulheres do setor de tecnologia, para que elas possam ter apoio e oportunidades de crescimento profissional. “A empresa nasceu de uma necessidade de diversificar as equipes. Estamos tentando tornar mais igualitário o campo de atuação para as mulheres e mudar a forma como as pessoas encaram a contratação delas”, diz Hicke. “Não estamos apenas ajudando mulheres a conseguir empregos na área. Estamos trabalhando para que eles cresçam e prosperem.”
Conselhos para mulheres em STEM
Os maiores desafios hoje, segundo McNeelands, é incentivar mais mulheres a se graduarem nas áreas de STEM e criar um ambiente de trabalho onde as suas competências sejam valorizadas igualmente às dos seus colegas homens. “Às vezes, o ritmo lento do progresso profissional pode ser frustrante para uma mulher”, afirma.
Para mulheres que desejam ter sucesso nesses campos, McNeelands oferece um conselho. “Se você não consegue encontrar a oportunidade certa, crie. Se você não está se sentindo realizada, descubra o porquê e procure pessoas que podem te ajudar a encontrar um propósito. Ao expressar como você está se sentindo, você provavelmente descobrirá que há outras na mesma situação. Não podemos sentar e esperar que os sistemas mudem para nós. Temos que mudá-los.”