A maternidade é ponto de partida para a criação de negócios de sucesso. Quase 80% das mulheres empreendedoras decidiram fundar suas empresas depois de terem filhos, segundo pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora. “Dizem que nasce uma mãe, nasce uma empreendedora”, afirma Dani Junco, fundadora da rede de mães B2Mamy, que rejeita esse tipo de romantização. “O fato é que, de acordo com a FGV, 50% das mulheres perdem seus empregos após a maternidade, e existem muitos desafios para retornar ao mercado corporativo.”
No Brasil, a maioria empreende por necessidade e muitas delas, especialmente as que são mães, em nome da flexibilidade, ou seja, a possibilidade de conciliar trabalho e maternidade. “Penso que nasce uma mãe, nasce uma ativista, e não foi diferente comigo”, diz ela, que criou uma comunidade voltada para mães.
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Como Dani Junco, muitas mulheres se inspiraram na maternidade e criaram negócios para solucionar dores que enxergaram ao longo do caminho – desde antes da gestação até o retorno ao trabalho. “Empreender não é fácil e, por isso, viver na pele as dificuldades não só ajuda a construir soluções que de fato endereçam o problema, como também traz o gás e motivação diários de saber que você está dedicando a sua vida para resolver algo que realmente importa”, afirma Flávia Deutsch, cofundadora da Theia, startup de saúde voltada para toda a jornada da maternidade.
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Conheça empreendedoras com negócios inspirados pela maternidade:
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Dani Junco
B2Mamy, maior comunidade de mães do Brasil
Dani Junco se sentiu sozinha e culpada por querer continuar tendo sucesso na carreira depois de ser mãe. “Se não fazia sentido para mim, acreditei que não faria para outras”, diz ela, que fez um post despretensioso no Facebook, compartilhando esses sentimentos e convidando para um café quem mais estivesse vivendo esse momento. “Esperava 3, vieram 80.”
Desde então, em 2016, começou a construir a B2Mamy, maior comunidade de mães do Brasil, que já alcançou mais de 100 mil mulheres em seus eventos e projetos. Esse ambiente – que também é físico, em São Paulo e agora no Rio de Janeiro – acolhe mães e seus filhos funcionando como um coworking, um espaço para fazer negócios, networking e (por que não?) beber um vinho.
Cerca de 400 startups foram aceleradas na B2Mamy, que movimentou cerca de R$ 30 milhões e já captou R$ 600 mil em rodadas de investimento. No modelo B2B2C, entrega pesquisa, educação corporativa e ferramentas de employee experience para grandes empresas. No B2C, um plano de assinatura para mães e mulheres se conectarem e fazerem parte da comunidade. “A maternidade não inspira a B2Mamy, é o que ela é.”
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Flávia Deutsch e Paula Crespi
Theia, startup de saúde focada em preconcepção, pré-natal, parto e pós-parto
Flávia Deutsch e Paula Crespi decidiram fundar uma plataforma de apoio às gestantes e puérperas quando perceberam que o sistema tradicional de saúde não acolheu suas questões quando passaram pela primeira gravidez. “Quando você lê sobre as estatísticas você entende a magnitude do problema, mas é muito diferente de quando você é a estatística e aquela realidade é a sua”, diz Flávia sobre o que levou a dupla a criar a Theia.
Em 2023, a Theia realizou mais de 12 mil atendimentos às gestantes e mulheres que desejam engravidar. O número de partos no ano passado cresceu 270% em relação a 2022. Com isso, a empresa, que tem clínica física em São Paulo, agora também está expandindo a área de pediatria.
As fundadoras se conheceram durante o MBA em Stanford e fundaram a Theia em 2021. No ano seguinte, a startup recebeu um aporte de R$ 30 milhões, um dos maiores investimentos já recebidos por uma femtech, e um momento simbólico, já que ambas as fundadoras estavam grávidas. Hoje, Paula é mãe de dois e Flávia, de três. “Gestar e maternar me transformaram enquanto pessoa”, diz ela. Se não fosse mãe, talvez não conseguisse enxergar a necessidade do outro como meus filhos me fazem ver. E esse é um baita superpoder que a maternidade me trouxe e que faz muita diferença no meu dia a dia na Theia.”
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Dra. Lucia von Mengden
Ostera
Bióloga, cientista e mãe, Lucia von Mengden desenvolveu grande parte da sua startup, a Ostera, com seu filho na barriga ou nos braços. Fundada por um grupo de cientistas, a empresa criou uma tecnologia própria que consegue identificar o potencial de cada óvulo para gerar um embrião no futuro, antes mesmo que seja feita a fertilização in vitro. “Usamos uma tecnologia complexa de biologia molecular e inteligência artificial que consegue dizer para o embriologista e para a paciente qual óvulo tem maior chance de virar um embrião”, diz ela.
A ferramenta, chamada de OsteraTest, ajuda casais a ter sucesso no processo de fertilização in vitro em menos ciclos ao indicar o embrião mais promissor, de forma não invasiva. O teste também pode auxiliar mulheres no congelamento de óvulos. “Hoje, o dado é a quantidade de óvulos congelados e não a qualidade.”
A Ostera foi uma das cinco vencedoras na categoria de mais escalável na competição de startups do South Summit Brazil, grande evento de inovação, deste ano. “Temos um modelo que permite uma expansão rápida. Nosso plano é desenvolver kits que levem a nossa tecnologia para laboratórios parceiros em todo o mundo.”
A empresa começou dentro da UFRG, onde a cientista concluiu sua pós-graduação, com a ajuda de editais de financiamento públicos que fomentam a inovação. E, agora, busca investimento para criar um centro em Porto Alegre e desenvolver outros produtos.
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Lettycia Vidal
Gestar, femtech que conecta profissionais de saúde a gestantes
Fundadora da startup Gestar, plataforma que conecta profissionais de saúde a gestantes e famílias em busca de uma relação mais harmoniosa com o pré-natal, o parto e os primeiros anos de vida do bebê.
A carioca começou a estudar o assunto depois de ver a própria mãe sofrer violência obstétrica – realidade de um em cada quatro mulheres no Brasil. A Gestar nasceu no projeto de conclusão do curso de publicidade, para unir a formação universitária com a de Doula.
Em 2021, trouxe uma sócia com background em finanças e que havia sido demitida de um grande banco depois de voltar de licença maternidade, após 14 anos de empresa. No mesmo ano, a empresa foi selecionada para o Black Founders Fund, iniciativa do Google for Startups que investe em startups fundadas e lideradas por pessoas negras no Brasil.
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Camila Antunes e Michelle Terni
Filhos no Currículo, consultoria especializada na criação de programas de parentalidade corporativos
Michelle e Camila fundaram, em 2018, uma consultoria especializada na criação de programas de parentalidade corporativos. Já ajudaram gigantes como Gerdau, Coca-Cola, Nubank, Vivo e Ambev a rever suas políticas internas e implementar ações em busca de um ambiente equitativo para os colaboradores que são pais.
Camila, advogada, trabalhava em uma empresa onde era reconhecida profissionalmente, mas decidiu pedir demissão aos 5 meses de gravidez. “Na época, me sentia sozinha e preocupada em cumprir o ‘check list’ da mãe perfeita”, diz. “Sentia como se não pudesse ter as duas coisas”.
Deixou a empresa e, depois de refletir e viver a maternidade de fato, resolveu se unir à amiga Michelle Terni, especialista em equidade de gênero com carreira na área de comunicação e marketing. Juntas, criaram a Filhos no Currículo com intenção de provar que ser mãe não é incompatível com uma carreira. O diferencial é que a ação parte do ponto de vista dos empregadores, e não só das mulheres.
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Aline Pedrazzi e Thais Vieira
Mãe-Estar, startup que oferece suporte dedicado à saúde mental e bem-estar para mães, pais e cuidadores
Ao entender o cenário da saúde mental materna no Brasil – e sendo parte das estatísticas – a executiva Aline Pedrazzi pediu demissão de um cargo executivo em um importante hospital em São Paulo para focar na Mãe-Estar.
Começou em 2018 como um canal de YouTube para passar informações e acolher as mães. Até que Aline trouxe uma sócia, Thais Vieira, e fundaram a healthtech, que atua principalmente no B2B, com clientes como Nissan, Pearson e Danone. Recentemente, lançaram o aplicativo também para o público B2C, com planos gratuitos e por assinatura.
Aline começou o negócio depois de passar por uma depressão pós-parto no puerpério da primeira filha e por um burnout no pós-licença-maternidade da segunda. “Se eu, no alto dos meus privilégios, estava vivendo aquelas dores todas, imaginei as mulheres em situação de vulnerabilidade no país e tendo que conciliar maternidade, carreira, casa. Uma equação que não fecha.”
Além do foco psicológico e emocional, o programa conta com educação perinatal, programa de atividades físicas, mindfulness e nutrição e monitoramento de gestantes. “Cerca de 40% das mulheres que acessam nosso programa estão com alto risco de depressão perinatal. Dessas, 84% saem da zona de risco com nosso protocolo.”
No mês de maio, o app está aberto para quem quiser acessar e conhecer, com o voucher MESDASMAES.
Dani Junco
B2Mamy, maior comunidade de mães do Brasil
Dani Junco se sentiu sozinha e culpada por querer continuar tendo sucesso na carreira depois de ser mãe. “Se não fazia sentido para mim, acreditei que não faria para outras”, diz ela, que fez um post despretensioso no Facebook, compartilhando esses sentimentos e convidando para um café quem mais estivesse vivendo esse momento. “Esperava 3, vieram 80.”
Desde então, em 2016, começou a construir a B2Mamy, maior comunidade de mães do Brasil, que já alcançou mais de 100 mil mulheres em seus eventos e projetos. Esse ambiente – que também é físico, em São Paulo e agora no Rio de Janeiro – acolhe mães e seus filhos funcionando como um coworking, um espaço para fazer negócios, networking e (por que não?) beber um vinho.
Cerca de 400 startups foram aceleradas na B2Mamy, que movimentou cerca de R$ 30 milhões e já captou R$ 600 mil em rodadas de investimento. No modelo B2B2C, entrega pesquisa, educação corporativa e ferramentas de employee experience para grandes empresas. No B2C, um plano de assinatura para mães e mulheres se conectarem e fazerem parte da comunidade. “A maternidade não inspira a B2Mamy, é o que ela é.”
Empreendedorismo, maternidade e saúde mental
Enquanto muitas mulheres empreendem mirando na flexibilidade, a maioria (52%) acaba enfrentando dificuldades em conciliar a dupla ou tripla jornada – trabalho doméstico, cuidado com os filhos e os negócios –, segundo uma pesquisa da startup Olhi.
A sobrecarga de trabalho doméstico e as jornadas profissionais excessivas estão entre as razões que explicam por que 45% das mulheres receberam um diagnóstico de ansiedade, depressão ou algum tipo de transtorno mental, segundo levantamento da Think Olga, ONG voltada a questões de gênero.
Um outro estudo, feito pela Motherly, uma plataforma norte-americana de conteúdo para mães, mostra que a saúde mental é a maior preocupação delas no mercado de trabalho. O alto custo dos cuidados com os filhos afeta a forma como essas mulheres conduzem suas carreiras: 70% dizem que tiveram que fazer sacrifícios para atender às necessidades de suas famílias, e 50% citaram o cuidado dos filhos como o principal motivo.
Novas habilidades
Sem romantizar os desafios já abordados, a maternidade também traz novas habilidades. “Ela costuma parir novas líderes”, diz Dani Junco, citando competências como gestão de conflitos, logística, criatividade e gestão do tempo. “Descobri que as mães não se tornam menos produtivas após a chegada dos filhos, pelo contrário”, afirma Aline Pedrazzi, fundadora e CEO da Mãe-Estar.
Frequentemente, executivas e empresárias contam como a chegada de um filho ajudou a estabelecer prioridades e ter empatia, por exemplo. A ciência provou que a maternidade também afeta a criatividade e o pensamento engenhoso, permitindo que as mulheres abracem atividades mais desafiadoras.
O cérebro de uma mulher que se torna mãe passa a ter flexibilidade cognitiva, emocional e comportamental. Essas mudanças as ajudam a se adaptar a novos ambientes e pensar fora da caixa. Ou seja, permitem que elas se tornem ainda melhores em qualquer atividade profissional que tiverem pela frente. “Gestar e maternar me transformaram enquanto pessoa”, diz Flávia Deutsch, da Theia. “Se não fosse mãe, talvez não conseguisse enxergar a necessidade do outro como meus filhos me fazem ver. É um baita superpoder que a maternidade me trouxe e que faz muita diferença no meu dia a dia na Theia.”