O prolongamento da pandemia de Covid-19 vem trazendo inúmeros prejuízos à sociedade brasileira, entre eles, desemprego e empobrecimento da população. A crise sanitária, aliada à suspensão do auxílio emergencial por um grande intervalo de tempo, tem feito com que cada vez mais pessoas em condições de vulnerabilidade recorram às filas de distribuição de alimentos das ONGs. No entanto, muitas dessas entidades temem uma queda contínua nas arrecadações, enquanto as demandas de famílias de baixa renda só crescem.
O cenário é bastante claro: se nada for feito, e logo, essa condição, que já é ruim, vai se deteriorar em pouco tempo. Um levantamento realizado por pesquisadores do grupo “Alimento para Justiça” da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB), entrevistou 2 mil pessoas entre novembro e dezembro de 2020 e revelou que 15% delas estavam em insegurança alimentar grave, 12,7% em insegurança alimentar moderada, o que significa que corriam o risco de deixar de comer por falta de dinheiro, e 31,7% em insegurança leve, quando há preocupação de que a comida acabe antes de se ter dinheiro para comprar mais ou faltam recursos para manter uma alimentação saudável e variada. Isso significa 59,4% da população – ou 125 milhões de pessoas, número maior do que na década passada, quando foi criado o Bolsa Família.
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Em resumo, estamos passando por um momento em que toda ajuda é bem-vinda – incluindo aquela que vem do brasileiro pessoa física. Mas, segundo os especialistas no tema, a resistência das pessoas em ceder algum valor em dinheiro para causas sociais se deve à desconfiança no terceiro setor e à ausência da cultura de doação. Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2020, cerca de 96% dos brasileiros têm o desejo de ser mais solidário e buscam fazer o bem, mas nem sempre sabem como colocar isso em prática. Como solução para essas barreiras, muitas organizações filantrópicas estão usando a tecnologia como aliada na luta para elevar seus recursos e incentivar o altruísmo como hábito.
Como uma alternativa aos eventos beneficentes, campanhas de rua e outros modelos tradicionais de captação de recursos, empresas de diversos ramos e associações beneficentes desenvolveram sites funcionais, apps e outras estratégias digitais que tornaram o ato da doação mais simples e dinâmico, além de conectar as pessoas às ONGs e às suas causas.
Para impulsionar seus projetos, a rede Ação da Cidadania, por exemplo, conta com sua própria plataforma online para recebimento de doações, além de incluir sua campanha de combate à insegurança alimentar, batizada de “Brasil Sem Fome”, em outros ambientes digitais, como na Doare (fintech de doações online) e Benfeitoria (plataforma de crowdfunding), além de apps diversos, como o do serviço de entregas de comida iFood, Nubank e Ame.
De acordo com Rodrigo Kiko Afonso, CEO da Ação da Cidadania, a organização arrecadou mais de R$ 40 milhões em recursos financeiros e cerca de R$ 10 milhões em alimentos em 2020. E ele garante que grande parte deste resultado se deve ao mundo digital. “Foi a maior arrecadação da história da ONG e a nossa inserção nas plataformas tecnológicas aumentou nosso alcance e conexão com pessoas físicas de uma maneira surpreendente, porque a doação se torna mais rápida, fácil e funcional”, explica.
A adoção da tecnologia também vem trazendo grandes resultados para a campanha “Corona no Paredão, Fome Não”, da rede Gerando Falcões, que dispõe de seu próprio app e website para captar recursos, além de parcerias com grandes empresas, como o Google. Segundo Nina Rentel, diretora de operações da organização, o investimento em mecanismos digitais contribuiu não apenas para impulsionar doações para o combate à pandemia, mas também para a notoriedade da Gerando Falcões e o aumento de doadores recorrentes. “Percebemos que tem havido um crescimento significativo das doações feitas por pessoas físicas, que conhecem a organização e vão até o site ou app para doar. Com essa estratégia, aumentamos nossa repercussão”, afirma.
Afonso diz que a Ação da Cidadania vem experimentando um movimento parecido. Para ele, atrelar suas campanhas de apoio humanitário às plataformas de captação online e a grandes apps ajudou a ampliar a rede de doadores, que atualmente está em 150 mil pessoas, sendo 4.000 delas responsáveis por doações recorrentes. O CEO também afirma que, além do ganho de visibilidade e consequente aumento das doações, outro ganho permitido pela tecnologia foi o fortalecimento da relação de confiança entre a ONG e seus doadores.
“Quando as pessoas consomem produtos e serviços de empresas com credibilidade, elas passam a confiar também na ONG associada a esses negócios. Principalmente porque as empresas fazem curadoria das entidades que elas apoiam. Então, essa relação traz segurança aos clientes para fazer doações, e eles passam a saber mais sobre o destino das arrecadações e seus impactos sociais.”
Já Nina Rentel afirma que a credibilidade de uma ONG inserida em ambientes digitatis já estabelecidos se sustenta muito pela transparência de suas ações. “As organizações trabalham para um bem comum, mas para convencer as pessoas e empresas disso é fundamental mostrar os valores angariados em cada campanha, como são distribuídos, quem são os contemplados e as melhorias em suas condições de vida. Por isso, a Gerando Falcões conta com uma página de transparência dos projetos, nos quais são exibidas todas as informações sobre as movimentações financeiras. E a tecnologia vem ajudando a deixar tudo isso às claras.”
Conforme o ato de doar fica mais simples e rápido, mais comum ele se torna na rotina das pessoas. Seguindo esse propósito, a startup de impacto social Ribon destaca-se por oferecer métodos de doação baseados em gamificação. Os usuários de seu app podem fazer doações para organizações filantrópicas das mais variadas causas usando moedas virtuais. Além disso, a ferramenta permite aos usuários saber o quanto suas doações transformaram a realidade de outras pessoas. Rafael Rodeiro, cofundador e CEO da startup, garante que a tática de unir as ferramentas digitais ao lazer deixou a doação mais atraente e habitual, especialmente para pessoas que nunca prestaram ajuda humanitária. “Segundo um levantamento que nós fizemos, mais da metade dos usuários da Ribon nunca tinha doado antes. Não era algo cotidiano e, muito menos, uma experiência conhecida entre eles”, diz.
O empreendedor defende que o investimento do terceiro setor em tecnologia não apenas reforça os montantes arrecadados em campanhas filantrópicas, mas torna a doação uma tendência, capaz de provocar verdadeiras transformações na sociedade. “Doar é uma prática que beneficia tanto as pessoas que dispõem de recursos quanto aquelas que os recebem. Conforme as pessoas se tornam mais altruístas, elas conseguem entender melhor realidades diferentes das suas e aprendem a respeitar outros indivíduos como seres humanos.”
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Veja, na galeria de fotos a seguir, 7 formas simples de fazer a sua parte:
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Divulgação Ação da Cidadania
Desde 1993, a rede Ação da Cidadania se dedica a dar apoio às famílias brasileiras abaixo da linha da pobreza. Por causa da crise sanitária, a ONG lançou a campanha “Brasil Sem Fome”, que no ano passado arrecadou mais de 10.000 toneladas de alimentos para mais de 4 milhões de brasileiros.
Para potencializar suas arrecadações, a Ação da Cidadania está inserida na plataforma Doare, onde usuários podem doar dinheiro de modo prático por PicPay, PayPal ou cartão de crédito. Ela também está no app do iFood, que, por sua vez, permite aos usuários fazer doações que serão convertidas em cestas básicas direcionados às famílias carentes em diversos locais do país. Também é possível doar para a entidade por meio da plataforma de crowdfunding Benfeitoria e do app de cashback Ame.
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Divulgação Ribon
Apontada pela Fundação Bill & Melinda Gates como uma das dez soluções mais criativas e inovadoras do mundo em ações de caridade, a Ribon é uma plataforma que eleva as doações institucionais para causas solidárias.
Ao todo, mais de 180 mil pessoas já foram impactadas pelas doações feitas na plataforma. Por meio da estrutura de gamificação em seu app, os usuários adquirem moedas virtuais, os chamados Ribons, para fazer doações a diversas causas sociais. Os Ribons, por sua vez, são bancados por doadores como empresas, instituições filantrópicas e pessoas físicas. E com as moedas digitais, os usuários podem apoiar entidades com as quais se identifique e ter conhecimento do impacto de suas contribuições na vida de muitas pessoas. Diversas organizações voltadas para alimentação, saúde, educação e meio ambiente estão presentes no app.
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Divulgação Gerando Falcões
Com o propósito de combater a disseminação de Covid-19 nas favelas, além de garantir alimentação, educação e desenvolvimento aos moradores, a rede Gerando Falcões conta com diversas frentes tecnológicas para arrecadar recursos.
Qualquer pessoa pode doar dinheiro por PayPal, cartão de crédito ou boleto na plataforma online ou no app da entidade. Os valores arrecadados são convertidos em cestas básicas digitais que as famílias recebem por meio de um cartão de débito para compras de alimentos e itens de necessidade básica. Segundo dados fornecidos pela organização, foram mobilizados cerca de R$ 26 milhões em 2020 para a campanha “Corona no Paredão, Fome Não”, que possibilitou a entrega de inúmeras cestas básicas durante a pandemia.
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Divulgação Mercado Pago
A fintech Mercado Pago mobiliza doações para projetos de impacto social por meio da ferramenta “Botão Doar” em seu app. Com essa funcionalidade permanente, os usuários cadastrados podem conhecer todas as ONGs apoiadas pelo Mercado Pago e escolher fazer uma doação para a causa que mais lhe chame a atenção. A operação pode ser realizada por meio do saldo da conta no Mercado Pago ou com o cartão de crédito vinculado à carteira digital.
De acordo com dados fornecidos pela fintech, em 2020 foram mobilizados cerca de R$ 1 milhão para causas de saúde, moradia, segurança alimentar e empoderamento feminino. AACD, Teto Brasil e Instituto Maria da Penha estão entre as ONGs contempladas.
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Divulgação Vakinha
No tradicional site de doações online Vakinha, qualquer organização filantrópica ou usuário comum pode criar campanhas de arrecadação coletiva para diferentes causas. Na plataforma, é possível se deparar com campanhas para variadas necessidades, desde ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade até iniciativas de combate à pandemia promovidas por entidades como a CUFA (Central Única de Favelas).
Ao acessar as campanhas cadastradas, os doadores têm acesso a informações sobre os projetos ou receptores dos recursos, impactos das contribuições, valor arrecadado e meios de conhecer apoiadores individuais e corporativos. Na própria plataforma, os doadores podem prestar ajuda financeira por meio de cartão de crédito, paypal, boleto ou cupom. Recentemente, a plataforma passou a oferecer opção de doação via Pix, como forma rápida e eficiente de prestar ajuda. Entre as campanhas no ar, está, por exemplo, a p”araisópolils Tem Fome”, promovida pela escola de samba da comunidade paulistana.
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Oshcherban/Getty Images TrocoCap
O recém-lançado app TrocoCap é uma iniciativa da Associação Troco Solidário para potencializar a arrecadação de recursos para instituições parceiras ou pessoas em condições de vulnerabilidade na pandemia.
Por meio da compra de crédito ou moedas virtuais, os usuários adquirem bilhetes para sorteios de prêmios exclusivos. Essa operação pode ser feita por métodos de pagamento como PicPay, cartão de crédito e QRCode. E os valores arrecadados com os concursos são direcionados para organizações sociais. Tanto pessoas físicas quanto empresas podem colaborar.
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Brazzo/Getty Images Tem Gente com Fome
Criada pela Coalizão Negra, a campanha “Tem Gente com Fome” dedica-se ao financiamento coletivo para ações emergenciais de enfrentamento da miséria e dos impactos da pandemia de Covid-19. Sua meta é prestar apoio a mais de 200 mil famílias de periferias, favelas e comunidades quilombolas e ribeirinhas em todo o país.
Na plataforma, os doadores podem enviar recursos por meio de Pix, PayPal, cartão de crédito ou depósito em conta bancária. De acordo com os dados publicados, até o momento foram angariados mais de R$ 6 milhões. E os valores serão distribuídos de maneira a priorizar regiões e comunidades em situação de maior vulnerabilidade social e com picos de crise do coronavírus.
Ação da Cidadania
Desde 1993, a rede Ação da Cidadania se dedica a dar apoio às famílias brasileiras abaixo da linha da pobreza. Por causa da crise sanitária, a ONG lançou a campanha “Brasil Sem Fome”, que no ano passado arrecadou mais de 10.000 toneladas de alimentos para mais de 4 milhões de brasileiros.
Para potencializar suas arrecadações, a Ação da Cidadania está inserida na plataforma Doare, onde usuários podem doar dinheiro de modo prático por PicPay, PayPal ou cartão de crédito. Ela também está no app do iFood, que, por sua vez, permite aos usuários fazer doações que serão convertidas em cestas básicas direcionados às famílias carentes em diversos locais do país. Também é possível doar para a entidade por meio da plataforma de crowdfunding Benfeitoria e do app de cashback Ame.
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