Aos 29 anos, Suzyanne de Oliveira, director of portfolio, program management & agility da Creditas, observa que o ambiente de startups tem se tornado, ao longo dos anos, um espaço mais aberto, inovador e disposto a abraçar diferentes temas e formas de trabalho. No entanto, a executiva considera que a diversidade ainda é um problema para essas empresas. “Vejo um grande desafio na busca pela diversidade LGBTQIA+. A representatividade em números ainda é baixa e fica pior quando falamos de papéis de liderança”, diz.
A especialista enxerga a contratação como uma via de mão dupla, na qual ambas as partes – a empresa e o profissional – devem estar envolvidas. “Se uma companhia não está pronta para acolher alguém LGBTQIA+ talvez aquele não seja mesmo o lugar para alguém da comunidade”, reflete. No que diz respeito à retenção de talentos, ela observa que ainda faltam iniciativas que apoiem o crescimento e desenvolvimento de carreira dessas pessoas e que contribuam para a construção de um espaço seguro.
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“Gostaria que as empresas tivessem mais consciência sobre os seus papéis, e buscassem informações sobre o universo LGBTQIA+ antes de publicar uma vaga”, diz. Nesse sentido, se pudesse realizar um desejo em relação às oportunidades para pessoas LGBTQIA+ no ecossistema, sua escolha seria criar programas com ações de incentivo ao desenvolvimento e ascensão destes profissionais. Segundo a executiva, mais do que a simples contratação e a criação de ambientes inclusivos, os colaboradores também precisam de incentivos para desenvolverem seus potenciais e ter oportunidades igualitárias de se tornarem protagonistas na organização.
Formada em análise e desenvolvimento de sistemas pelo IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte), Suzyanne iniciou sua carreira como engenheira de software em Natal (RN), onde nasceu. Passou pelas empresas Active Software, Codeminer42 e Idra e, em 2017, mudou-se para São Paulo, onde assumiu como tech program manager na ThoughtWorks e, posteriormente, como head of agile transformation no Banco BV. “Resolvi apostar em empresas com desafios complexos e de maior escala, com o objetivo de amadurecer ainda mais a carreira que estava construindo.”
No entanto, chegar ao topo não foi um caminho fácil. O primeiro grande desafio veio na época da graduação. “Minha família não tinha condições financeiras para viabilizar um curso preparatório ou uma faculdade particular como segunda opção”, conta. Ela, então, estudou por conta própria, de olho nas universidades públicas, e, além do curso de análise e desenvolvimento de sistemas na IFRN, também fez mestrado em gestão & inovação pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
Suzyanne também considera a disparidade de gênero no ecossistema como um dos principais obstáculos durante sua trajetória profissional. “Passei por situações semelhantes às que muitas outras mulheres relatam: preconceito, assédio, isolamento e piadas”, conta.
Nesse sentido, a especialista considera que, além da questão LGBTQIA+ no mercado de trabalho, as empresas também devem lidar com a diversidade em todos os seus âmbitos e abrangências. “Atualmente, vejo o esforço das empresas por atrair não só mulheres, mas também diversidade em geral. Porém, ainda existem critérios que dificultam a entrada dessas minorias nas companhias como, por exemplo, a exigência da fluência em um segundo idioma, como o inglês”, argumenta.
Hoje, como diretora na Creditas, unicórnio brasileiro de serviços financeiros e crédito com garantia, ela atua em três principais frentes: portfólio, program management e agility. “Meu trabalho é levar a empresa para um caminho de inovação. Pensamos formas de entregar algo de valor o mais rápido possível para os clientes, resolvendo suas reais necessidades”, explica.
Determinada a ajudar a startup a se tornar uma referência no mercado, Suzyanne analisa que os modelos antigos de gerenciamento estão perdendo espaço em um panorama de maior inovação e respostas mais rápidas frente à concorrência. Por isso, ela enxerga a agilidade como a receita para que as empresas entendam, desenvolvam e trilhem um caminho rumo à transformação digital dos negócios.
“A missão do meu time em uma fintech em crescimento exponencial é manter e evoluir – na área de produto e tecnologia – a cultura de engajamento, transparência, foco e com ciclos curtos de entregas de valor e que seja escalável, pois o crescimento continua acelerado”, conclui.
Este perfil faz parte de um especial que aborda as vivências de pessoas da comunidade LGBTQIA+ no ecossistema de inovação brasileiro, que a Forbes Tech veiculará nas próximas semanas. Para saber mais sobre os desafios e oportunidades relacionados a este público nas empresas de tecnologia, leia a reportagem que deu início à série.
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