Uma encomenda histórica agitou o mundo da mobilidade elétrica nesta semana. Na segunda-feira, 25, um pedido de cem mil carros da Tesla pela empresa de locação Hertz, fez com que as ações da empresa de carros elétricos de Elon Musk subissem mais de 9% e impulsionou o valor de mercado da marca para mais de US$ 1 trilhão. O que respingou, inclusive, na fortuna de Elon Musk, que saltou para R$ 1,39 trilhão. A notícia reforçou, mais uma vez, a pujança de um mercado que deve movimentar mais de US$ 7 trilhões até 2030. Mas e no Brasil, como esse segmento vem se desenvolvendo?
Por aqui, existem vários movimentos que estão deixando os players relacionados à mobilidade elétrica otimistas. Entre eles, medidas do Estado de São Paulo como, por exemplo, redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os veículos elétricos de 18% para 14,5%, a partir de janeiro de 2022 o que, segundo especialistas, causarão um impacto positivo importante neste mercado. A frota de elétricos e híbridos nas ruas do Brasil já chega a 67 mil e a previsão é que, até 2030, ultrapasse 2 milhões.
“O setor automotivo opera com planejamento de longuíssimo prazo. A valorização recente da Tesla é fruto da avaliação positiva do mercado em relação à eletrificação da frota mundial. Já foi o tempo em que se discutia mobilidade elétrica como disrupção tecnológica ou exercício para o futuro. Hoje, pelo contrário, se trata de uma realidade mundo afora”, explica Davi Bertoncello, CEO e fundador da Tupinambá Energia & Mobilidade. De acordo com Bertoncello, os números do mercado brasileiro ainda são baixos, porém, o recorde de vendas de elétricos e híbridos do ultimo mês de setembro, 2.749 unidades, aumentou a projeção de vendas dos elétricos e híbridos para 30 mil unidades até o fim deste ano.
Além disso, pontua Bertoncello, as montadoras prometem a popularização do portfolio de carros elétricos com modelos cada vez mais acessíveis e valores próximos de R$ 100 mil. “Tal qual nos EUA, Europa e principalmente na China, o carregamento público de conveniência – aquele realizado em locais como shoppings e redes de supermercado – tem crescido a passos largos no Brasil. No início de 2021, eram 350 pontos de recarga do tipo por aqui, hoje, são mais de 840 e, até o final de 2022, serão ao menos 3 mil”, explica, mencionando investimentos do Grupo Carrefour para oferecer pontos de recarga em suas lojas e iniciativas como do Grupo Stellantis e o investimento em mobilidade elétrica.
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O segmento de mobilidade elétrica também tem impulsionando o ecossistema das autotechs, startups especializadas em tecnologia para mobilidade. De acordo com o Mapa das Auto Techs, da Liga Ventures, existem mais de 300 startups no Brasil com soluções para mobilidade. Guilherme Massa, cofundador da Liga Ventures, explica que a digitalização e demandas urgentes no uso de dados vêm contribuindo para o crescimento dessa nova indústria. “É importante, no entanto, pensar que autotech diz respeito muito além da mobilidade elétrica, mas também tem relação com demandas urgentes de redefinição da própria indústria automotiva”, explica.