O ano de 2021 foi fechado com um recorde para o ecossistema brasileiro de startups. No total, foram investidos US$ 9,4 bilhões, o que representa 2,5 vezes o volume aportado em 2020. Somente no mês de dezembro, foram mapeados US$ 555 milhões. Os dados consolidados fazem parte do Inside Venture Capital, relatório produzido pelo Distrito, com apoio do Bexs. De acordo com o levantamento, foram 779 transações realizadas durante o ano passado.
O último ano também foi o com o maior número de novos unicórnios: no total, dez empresas brasileiras passaram a valer mais de US$ 1 bilhão: MadeiraMadeira, Hotmart, C6, Mercado Bitcoin, Unico, Frete.com, CloudWalk, Merama, Facily e Olist. Com isso, o Brasil já soma 21 empresas com o status.
O setor que recebeu maior volume de investimentos foi o de fintechs, que captou US$ 3,7 bilhões em 2021 em 176 rodadas, seguido pelas retailtechs (com US$ 1,3 bilhão aportados em 87 transações) e pelas real estate (US$ 1, 07 bilhão em 32 rodadas). Também se destacaram as startups de saúde, que levantaram US$ 530 milhões ao longo de 69 negociações, e as de mobilidade, que receberam US$ 411 milhões em 20 transações.
As startups em estágio inicial concentraram a maior quantidade de aportes. Foram 279 transações em fase Seed, somando US$ 320 milhões, e 200 transações em Pré-Seed, que arrecadaram US$ 47 milhões. As rodadas mais avançadas foram responsáveis pelos maiores volumes de investimentos. As 27 transações de série C do ano captaram US$ 2,04 bilhões, e as 51 rodadas de série B levantaram US$ 1,92 bilhão.
O que justifica o crescimento histórico do investimento em startups?
Desde o começo do levantamento, em 2011, o volume de investimentos cresceu mais de 60 vezes, demonstrando o amadurecimento do ecossistema brasileiro – tanto das empresas de tecnologia quanto dos investidores, que se sentem mais confortáveis a realizar aportes maiores. Em 2011, foram aportados US$ 147 milhões, contra US$ 9,4 bilhões em 2021.
Para Gustavo Gierun, cofundador e CEO do Distrito, as empresas entenderam a importância de transformações rápidas, sobretudo no ambiente digital, o que acelerou toda a cadeia: “A pandemia fez despertar nas empresas uma tendência que parecia estar no futuro, a digitalização do negócio e a integração com o ambiente físico. Essa oportunidade de mercado, somada ainda à maturidade das startups brasileiras, atraiu também investidores nacionais e estrangeiros, que estão destinando fundos cada vez maiores para essa aceleração. A consolidação de unicórnios atesta como essa tese tem dado certo”, conclui.
O ano também foi positivo para fusões e aquisições
O número de M&As, de acordo com o mesmo levantamento, também foi o maior da história: 247 startups foram compradas ou fundidas por outras empresas. A maior parte das transações foi realizada por outras startups, que pela terceira vez consecutiva superaram empresas incumbentes em aquisições. As mais procuradas foram as fintechs (44), martechs (27), retailtechs (26), edtechs (19) e healthtechs (19).
“As empresas já entenderam que o crescimento orgânico pode não ser o suficiente para acompanhar a velocidade do mercado. Investir em aquisições é um meio muito mais eficiente de garantir mudanças como aumentar o número de serviços fornecidos ou implantar um novo modelo de negócio, além da própria cultura empresarial de inovação que as startups trazem”, afirma Gustavo Araujo, cofundador e CRO do Distrito.