CEO da Favela Holding e fundador da Central Única das Favelas (CUFA), Celso Athayde anuncia hoje (8), o lançamento de um novo aporte do Favelas Fundos, fundo de R$ 50 milhões destinado a startups de favelas em segmentos como logística, gastronomia, saúde, marketing e tecnologia. Celso, que foi reconhecido recentemente pelo Prêmio de Empreendedor de Impacto Social e Inovação pelo Fórum Econômico Mundial, destaca que a seleção dos projetos será realizada pelos CEOs das empresas do Grupo Favela Holding, que conta com mais de 20 companhias voltadas ao desenvolvimento empreendedor de favelas e seus moradores. O projeto conta com a gestão e investimento de Evanildo Barros Júnior, empreendedor que atua no setor de marketing, tecnologia e negócios sociais. O Favelas Fundos possui R$20 milhões já disponíveis para projetos e outros R$30 milhões empenhados a serem aportados imediatamente na segunda fase.
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O Favelas Fundos ainda conta com investimento de várias empresas do grupo Favela Holding e seus respectivos sócios, como: Digital Favela, com Gui Pierri; Data Favela, com Renato Meirelles; Favela Filmes, com John Oliveira; Comunidade Door, com Leo Ribeiro; InFavela, com Thales Athayde; Cab Motors, com Antônio Souza, Favela Vai Voando – Marilza Pereira, Alô Social – Evandro Bei entre outras. À Forbes Brasil, Celso detalha a iniciativa e fala sobre o potencial da favela, bem como a necessidade de ampliar o escopo de parcerias para negócios de impacto.
Forbes Brasil: Você foi reconhecido globalmente como empreendedor de impacto do ano, o que representa e como essa visibilidade pode inspirar outras pessoas com a sua origem?
Celso Athayde: O Fórum Econômico Mundial, ao reconhecer um empreendedor que é focado na favela, dá um sinal importante de mudanças e também mostra o avanço na agenda social. Tenho orgulho de ter criado a primeira holding de favela em 2015, o primeiro fundo de favela em 2017 e esses feitos eu acredito sim que inspiram as pessoas que vêm de onde eu venho. Quando criei a frase ‘favela não é carência, favela é potência’, que hoje é repetida por muitos que se inspiram em nosso trabalho, eu fiz como reconhecimento na força de produção e capacidade de realização de muitos favelados que fazem acontecer, são com essas pessoas que divido esse reconhecimento.
F: Qual a importância desse investimento que vocês estão anunciando?
CA: O exemplo é o melhor exemplo, quero dar continuidade a um trabalho que começou a ser realizado em 2017. É importante por que o desenvolvimento da favela depende de investimento externo e os investidores precisam se conectar com quem entrega para que eles possam investir cada vez mais. O primeiro passo é abandonar esse discurso de carência e mostrar o quanto produzimos.
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F: O que existe de oportunidades e inovação na favela e de que maneira é necessário potencializar essas oportunidades?
CA: A favela é um mundo de oportunidades e quanto mais as cortinas forem abertas, mais oportunidades irão surgir. Tenho certeza de que muitos fundos vão nos procurar para produzir parcerias exatamente porque sabem que ali é um celeiro de inovação, mas que, por outro lado, é preciso dialogar com a linguagem certa, pois a favela não quer ser catequizada, ela quer a melhor versão de si mesma.
F: O que você diria aos investidores que podem aportar no ecossistema como chegar e de que maneira contribuir para o fortalecimento dele?
CA: A Favela Fundos existe desde 2017 e já acelerou empresas como Comunidade Door quer fatura R$ 26 milhões por ano. Além da Alô Social, que tem números expressivos. Esses exemplos foram um grande treinamento. Agora, estamos focando em estrutura e gestão e trouxemos para essa missão o Evanildo Junior. Fica nítido que temos experiência em favelas por mais de 25 anos. É uma grande oportunidade de negócios participar deste fundo, tem muita startup boa e com potencial de tornar-se o próximo unicórnio do Brasil.