Os games e e-sports deixaram de ser somente entretenimento há algum tempo. A Pesquisa Game Brasil (PGB), um dos principais mapeamentos da indústria no país, apontou que 58,3% dos gamers brasileiros acreditam que o setor de jogos eletrônicos apresenta boas oportunidades de carreira.
Das áreas que os jogadores são mais otimistas com oportunidades de emprego, destacam-se criação de conteúdo (68,3%); publicação ou marketing (68%); programação (66%); efeitos visuais (65,7%); e arte, ilustração ou animação de jogos (65%). Um outro levantamento, feito pela Descomplica, em 2022, mostrava que segmentos ligados a games estavam cada vez mais aquecidos do ponto de vista de oportunidades.
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“O desejo de trabalhar no mercado de games não é algo novo, especialmente para quem está iniciando a jornada profissional. A evolução da cadeia produtiva ao longo dos anos trouxe mais possibilidades para quem quer ingressar. Trabalhar com jogos vai além da área de desenvolvimento, marketing ou vendas. Existem espaços para e-atletas, competências que foram aprimoradas como game designers/UX e especialistas em gamificação cada vez mais valorizados no mercado nacional”, comenta Guilherme Camargo, sócio do SX Group e professor na pós-graduação da ESPM e responsável pela pesquisa.
O estudo, que completa 10 anos em 2023, aponta que 82,1% consideram que jogar é uma das suas principais formas de diversão. Além disso, 70,1% da população no Brasil afirma jogar algum tipo de jogo. Essa alta demanda foi crucial para o desenvolvimento da indústria. “Posso dizer que as oportunidades dentro do mercados são vastas. É interessante observar como cada peça tem impacto no desempenho competitivo. No nosso escritório, por exemplo, temos diversas pessoas trabalhando para que os times tenham o melhor rendimento possível, desde o TI até quem planeja a logística, tudo é voltado para preparar os atletas”, diz Bruno “Buzz” Rodrigues, head de e-sports da Los Grandes.
Formação e competitividade
Julia “Jelly” Iris, jogadora de Valorant da Loud, tecnicamente chamada de ProPlayer, destaca o desafio da formação. “Não existem cursos para ser um proplayer ainda, pois é um processo muito difícil e longo, há muitos pontos que precisam ser trabalhados, como psicológico, físico, tático e individual. Não temos curso para isso, mas uma cartilha a ser seguida, um dia a dia e uma estrutura por trás para que a pessoa consiga dedicar horas do dia jogando e se aprimorando.”
“O desejo de trabalhar no mercado de games não é algo novo, especialmente para quem está iniciando a jornada profissional. A evolução da cadeia produtiva ao longo dos anos trouxe mais possibilidades para quem quer ingressar. Trabalhar com jogos vai além da área de desenvolvimento, marketing ou vendas”
Guilherme Camargo
Ainda de acordo com a atleta, sua relação com os games vem mudando na medida em que ela se profissionaliza. “Antes era um hobby e agora muda para uma carreira e um trabalho profissional. Comecei jogando vários jogos por diversão, no CS:GO e depois migrando para o Valorant, onde tive oportunidades de me profissionalizar e crescer até chegar numa organização que me dá todo o suporte para ser realmente uma profissional do e-sport.”
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“Infelizmente, não existe uma formação específica para a área dos esportes eletrônicos, temos cursos preparatórios, mas ainda não é como funciona nos mercados tradicionais. Nosso setor é novo e está se desenvolvendo com o tempo, tanto os profissionais quanto a formação acadêmica estão em processo de adaptação. Hoje, as pessoas que se destacam no cenário são aquelas que conseguiram adaptar seu conhecimento de outras áreas para a nossa realidade”, acrescenta Bruno, da Los Grandes.
“É interessante observar como cada peça tem impacto no desempenho competitivo. No nosso escritório, por exemplo, temos diversas pessoas trabalhando para que os times tenham o melhor rendimento possível, desde o TI até quem planeja a logística do dia, tudo é voltado para preparar os atletas”
Bruno “Buzz” Rodrigues
Remuneração, receitas e negócios
Mesmo com todos os desafios econômicos pela qual vivem as grandes empresas de tecnologia, dentre elas as de games, o mercado deve movimentar, até o final de 2023, mais de US$ 200 bilhões. Somente nos e-sports, que concentram as modalidades esportivas dos jogos, a receita pode ser de US$ 2 bilhões, com uma audiência global de 640 milhões de pessoas assistindo às competições oficiais. O crescimento consecutivo nos últimos anos vem motivando não só a profissionalização dos atletas, mas também o surgimento de novas funções e profissões dentro do cenário.
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A remuneração de um profissional depende de jogo e modalidade. Os ProPlayers, como são chamados os jogadores e jogadoras profissionais, recebem de R$ 2,5 mil a R$ 30 mil mensais para atletas de elite. Já para profissionais em ascensão, de R$ 1 mil a R$ 12 mil. Das modalidades que melhor pagam estão Counter Strike, League of Legends e Valorant. O levantamento foi feito por Felipe Funari, CEO da W7M Esports, com referências de outros levantamentos da indústria.
Amanda Toledo, streamer da organização B4, representa um perfil cada vez mais significativo neste ecossistema: de mulheres em ascensão nos games e e-sports. De acordo com a PGB, a presença feminina nos games já é maior que masculina quando considerado o mobile. Amanda começou cedo a produzir conteúdo e juntar paixão com uma estrutura profissional de produção de conteúdo. Hoje, ela atua não só se relacionando com suas comunidades, mas com um número cada vez maior de empresas. “Não foi fácil chegar até aqui sendo mulher em um universo predominantemente masculino, mas o cenário mudou e podemos dizer que os games hoje estão muito bem representados por nós”, diz Amanda.
Cerol, por sua vez, se enquadra no perfil de fundador, já que é responsável, junto com Nobru, pela criação e gestão do time Fluxo. “Nossa organização surgiu como uma forma de contribuir para que outros jovens, como eu e o Nobru, também tivessem oportunidade de ascender na carreira. Ao fundar a organização, vivemos sim o desafio da cobrança, até então, pelo número de pessoas que atingíamos e pela confiança da nossa comunidade, sem dúvida existia uma pressão quanto aos resultados. Mas em pouco mais de um ano, estamos colhendo muitos resultados importantes”, destaca Cerol.
Veja abaixo alguns dos perfis e profissionais que compõem a indústria dos games e e-sports no Brasil:
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Cerol, atleta fundador do Fluxo
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Amanda “Mands” Toledo, influenciadora da B4
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Julia “Jelly” Iris, jogadora de Valorant da Loud
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Bruno “Buzz” Rodrigues, head de e-e-sports da Los Grandes
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Sher “Transcuerecer” Machado, streamer da INTZ
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Nicolle “Cherrygumms” Merhy, CEO da BlackDragons e Forbes Under 30
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Bruno “PlayHard” Bittencourt, fundador da Loud e Forbes Under 30
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Rodrigo “El Gato”, fundador da Los Grandes
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Divulgação/Pamela Anastácio Nobru, fundador do Fluxo e Forbes Under 30
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Flakes Power, streamer e Forbes Under 30
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Gorila, além de streamer também é consultor
Cerol, atleta fundador do Fluxo
Assista à entrevista de Nobru à série especial Forbes Under 30: