O centro-sul do Brasil, principal região produtora de milho segunda safra, deve receber maiores fluxos de chuvas na próxima semana, capazes de ajudar as lavouras plantadas mais tarde, embora as áreas onde o cereal está em estágios mais avançados de desenvolvimento já contem com perdas consolidadas.
Segundo o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio Santos, a tendência para a última semana de maio é de retorno das precipitações em áreas agrícolas de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná as mais afetadas pela seca desde abril.“Após várias e várias semanas consecutivas de tempo aberto, sem nada de chuvas, a última semana de maio será marcada por chuvas generalizadas”, afirmou o especialista em boletim hoje (17).
Caso a previsão se confirme, o analista da consultoria IHS Markit Gabriel Diniz Faleiros acredita que as lavouras mais beneficiadas serão as que estão nas etapas iniciais, até o desenvolvimento vegetativo.“As lavouras que estão mais novas, se chover bem, pode ser que elas sofram menos”, afirmou.
Porém ele alertou que estas áreas semeadas mais tarde também terão o ciclo mais extenso e se faltar chuva “lá na frente”, em junho, podem vir novos riscos para a produtividade.
Já o cereal mais adiantado da “safrinha”, disse o analista, que está na fase de enchimento de grãos e pendoamento, por exemplo, passou por vários estágios de desenvolvimento em que faltou a chuva.“Ele já tem menor quantidade de grãos por espiga e por aí vai, as lavouras passaram por mais etapas na seca”, acrescentou Faleiros, citando que estas lavouras contam com algumas perdas irreversíveis.
No Paraná, após uma quebra em torno de 2 milhões de toneladas, em relação ao potencial produtivo desta segunda safra, as condições das lavouras estabilizaram com parte da produtividade comprometida, disse o analista do Deral (Departamento de Economia Rural) Edmar Gervásio. “As chuvas da semana passada foram positivas, mas de modo geral, insuficientes para recompor o déficit hídrico.”
Questionado sobre o efeito das precipitações previstas para a próxima semana, Gervásio afirmou que ainda é difícil conjecturar sobre possibilidades. “Precisamos da chuva pra ver qual será o impacto nas lavouras”, disse ele.
O presidente da Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), André Dobashi, afirmou que o Estado acumula, em média, 40 dias de estiagem e as chuvas precisam vir em grande volume para melhores resultados.
“A chuva pode melhorar as condições desde que seja em volumes significativos (acima de 20 mm) e essas regiões necessitam da volta da regularidade das chuvas, devido à grande maioria das plantas estar no início do pendoamento (começo do período reprodutivo). Nesse período, a demanda hídrica aumenta”, disse ele sobre o centro e sul do Estado, que representam 87% do milho safrinha sul-mato-grossense.
Segundo a associação, somente 8% das lavouras estão em boas condições, 85% são consideradas regulares e 7% ruins.
Dados da Refinitiv mostram que diversas áreas do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo receberão mais de 50 mm de precipitações acumuladas até o final do mês. Há chuva prevista para o Triângulo Mineiro e sul de Goiás, mas em menor intensidade. No sul de Minas, as precipitações podem chegar perto de 60 mm.
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Safra menor
Atualmente, a IHS estima a produção da segunda safra de milho 2020/21 do Brasil em 70,45 milhões de toneladas, em uma área de 15,5 milhões de hectares. O volume representa queda ante os 76,8 milhões colhidos no ciclo anterior, de acordo com a consultoria, quando 14,3 milhões de hectares foram plantados.
No início desta temporada, baseada no avanço da área de plantio, a IHS chegou a prever produção de 83,4 milhões de toneladas para a safrinha, mas foi cortando a projeção à medida que a seca afetava as lavouras, “e nessa semana deve ter uma revisão para baixo na produção”, antecipou Faleiros.
Frio intenso
Santos, da Rural Clima, disse que a chegada de chuvas mais intensas abrirá espaço para uma massa de ar frio sobre o país que, a partir de então, merecerá atenção.
“Não há previsão de geadas nas áreas produtoras de milho, café ou cana, no entanto, após a passagem (das chuvas) essa deve ser uma das massas de ar polar mais intensas da temporada… Vamos observar para ver se há possibilidade de riscos (de geada), mas por enquanto nada de anormal.” (Com Reuters)
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