As exportações brasileiras de café solúvel atingiram 2,21 milhões de sacas de 60 kg no acumulado do ano até julho, queda de 7,4% ante o mesmo período de 2020, e a indústria do setor passou a projetar queda nos embarques em 2021, disse hoje a Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel).
O recuo ocorre em meio a altas nos preços internos do produto, diante de problemas gerados pelas geadas para a próxima safra, e persistentes entraves logísticos que dificultam os embarques, acrescentou a Abics.
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O desempenho negativo nas exportações dos sete primeiros meses do ano quebra uma sequência de elevações observada neste intervalo desde 2017, mostraram os dados.
“Esse recuo se deu em função, principalmente, da elevação dos preços do café no mercado interno e problemas logísticos de escassez de contêineres e navios se tornando rotineiros, com picos de agravamento pontuais e que perduram até hoje”, disse em nota o diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo Lima.
Segundo o levantamento da entidade, o país chegou a registrar um primeiro quadrimestre com exportações crescentes em 2021, mas o desempenho começou a declinar a partir de maio, no comparativo anual.
Para Lima, formou-se um novo panorama no mercado com adversidades que incluíram clima, logística, elevação de custos e câmbio.
“Com essa mudança de tendência (a partir de maio), o setor de solúvel reviu seus números para uma possível queda considerável no volume embarcado em 2021 frente a 2020, interrompendo três anos de evolução contínua”, disse Lima.
Anteriormente, disse ele, o setor chegou a projetar a possibilidade de até 3% de aumento nos embarques, avanço que passou a ser descartado.
O cenário é oposto ao verificado em 2020, quando a chegada da pandemia do novo coronavírus contribuiu para o avanço na demanda internacional pela bebida e o país se tornou mais competitivo.
No ano passado, as exportações superaram 4 milhões de sacas de 60 kg, e o produto industrializado foi enviado a mais de 100 países. A receita cambial obtida no ano atingiu aproximadamente 600 milhões de dólares.
Quanto aos problemas climáticos –primeiro uma seca e, na sequência, geadas– Lima afirmou que eles afetaram a produção brasileira de café, desencadearam uma disparada nos preços nacionais e internacionais, e deixaram um clima de incerteza para as negociações.
Em junho, o Brasil começou a ser afetado por geadas e no mês seguinte foi atingido pela pior onda de frio desde 1994, que elevou o preço dos grãos de café verde ao nível mais alto em quase sete anos, gerando custos que poderiam ser repassados ao longo da cadeia.
“(Isso) dificulta a comercialização e causa arrefecimento da demanda em determinados mercados”, pontuou.
Com o encerramento da colheita brasileira de café ocorrendo normalmente no segundo semestre de cada ano, as indústrias nacionais de café solúvel iniciam o período de comercialização mais intensa com os clientes mundiais, visando o ano seguinte.
“Geralmente a comercialização de café solúvel é realizada com antecedências que variam de quatro a 18 meses, o que determina que as indústrias precisam, para não correr riscos, travar seus preços, em boa parte, com a aquisição física de matéria-prima”, explicou o executivo.
“E é a partir da leitura mais lenta e desaquecida dessas comercializações que passamos a rever nossas projeções, inclusive para 2022, acendendo o sinal de alerta para o setor.”
Além disso, Lima afirmou que há cenários apontados por especialistas de um provável “caos logístico”, com falta de navios que deverá se estender até 2022, o qual já afeta, inclusive, as exportações de café em grãos. (Com Reuters)
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