A China comprou soja dos Estados Unidos ao invés do Brasil ontem (1º), em pleno pico das exportações brasileiras, pois os carregamentos norte-americanos estavam mais competitivos.
O maior importador de soja do mundo encomendou pelo menos cinco carregamentos dos EUA, ou cerca de 300 mil toneladas, para embarque em abril-maio.
O Departamento de Agricultura do país confirmou hoje (2) que exportadores privados relataram a venda de 198 mil toneladas de soja para a China e 198 mil toneladas para destinos desconhecidos, para entrega até 31 de agosto. As novas encomendas estarão disponíveis a partir de setembro.
A pasta também informou vendas de 68 mil toneladas de soja para a China e 66 mil toneladas de soja para destinos desconhecidos para 2022/23. O acordo foi feito porque os grãos dos EUA eram mais baratos que os brasileiros, e as margens físicas de esmagamento eram interessantes.
As margens físicas de esmagamento para grãos do Golfo dos EUA, para entrega em abril-maio, eram de cerca de 500 iuanes (US$ 79,19 ou R$ 405,80) por tonelada, segundo dados da Mysteel, uma consultoria com sede na China.
“[As margens] estão bem altas. Quem tiver soja fará uma fortuna”, disse um trader do norte da China, que não quis ser identificado.
“A China está se voltando para os EUA desde o feriado do Ano Novo Lunar. Embora os preços dos grãos dos EUA e do Brasil tenham sido quase os mesmos, a logística para os carregamentos dos EUA foi mais rápida”, continuou.
Os preços do farelo de soja da China subiram para recordes no mês passado em meio ao aperto na oferta e à medida que o mau tempo reduziu as estimativas de safras e atrasou as exportações do Brasil, o maior exportador mundial.
Os preços do farelo e do óleo de soja na China ganharam outro impulso após a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dois grandes exportadores de grãos e óleo comestível, que interrompeu as cadeias de suprimentos agrícolas mundiais e elevou os preços globais.